Não há quem desconheça – pelo menos no Nordeste – o que representa uma quadrilha junina: uma cerimônia e festa de casamento caricatas regada à música e coreografia próprias. A noiva, o noivo, o padre, o pai e a mãe da noiva, o delegado, os fatos que a tradição cuidou de trazer à circunstância, como em outro instante: a ‘queima do Judas’.
A Folha de São Paulo reagiu, em editorial, à postura do inquilino do Alvorada de boicotá-la explicitamente.
Nenhum
exagero estabelecer um paradigma entre a quadrilha junina e a representação
governamental do inquilino. Ambas apresentam singular hilariedade.
A diferença
reside no fato de que o festejo joanino ocorre de ano em ano, e o outro no
cotidiano.
Mas, ficamos
com nosso elucubrar: em ambos, necessário a preparação.
Para o
inquilino quem preparou a festa caricata o foi o que hoje estrila. Que – assim parece – passou a sentir-se desconvidado.
Aviso aos
navegantes
De parte
deste escriba um aviso: que não seja convidado por amigos a frequentar sítios
ou casas de praia. Tal fato – se consumado (o frequentar) – passou a ser tipificado
como vantagem ilícita e pode levar o desventurado a penas de até duas décadas
de reclusão.
Não imagine
o leitor que estamos enlouquecendo. Apenas atualizando a realidade a partir do
fundamento para a manutenção de uma sentença ‘copia e cola’ e aumento da pena,
da lavra do ilustre e ilustrado relator Gebran, do TRF-4: “relevante” é o “uso
do imóvel” – disse sua excelência (com letra minúscula, revisor!) por qualquer
indigitado sob o novo regime de avaliação processual – não tendo prova
material, presumo – ser convidado para tais espaços pode custar caro.
Como diz
Lênio Streck: há muita gente (de)formada em Direito.
Mas, quem avisa, amigo é!
Por que não
creio nos homens destes tempos bizarros
Não porque
não creia nos homens descreio dos homens nestes tempos. Bizarros tais tempos
porque os homens não mais pensam. Apenas vivem o que lhe determinam viver os
que comandam seu pensar.
As
necessidades, as lutas por se verem melhor, eles os destinatários da
Felicidade, são o fermento das mudanças que a história registra como avanços
conquistados.
Fizeram-se
os homens ‘multidões’, unidade de protestos contra o sistema que os asfixia. O
sistema que enxergam e que em torno dele se dizem livres e libertos.
Os homens
lutam contra o visível. Por desconhecerem o invisível suas vitórias são
efêmeras, bandeiras agitadas que não sobrevivem ao tufão dominado pelo sistema.
Nestes
tempos bizarros, destituídos de capacidade crítica, atendem aos reclamos das
elites em plenitude de desprezo ao Homem Humanidade. Interessa-lhes – o que
plantaram – o Homem como unidade estatística – como consumidor ou como mão de
obra que alimente o aprofundamento da mais-valia.
O discurso
do oprimido cansou. Ou melhor, foi apropriado pelo opressor que hoje comanda e
controla os meios de convencimento não pela força do argumento mas pela
repetição ad infinitum de um mantra
elaborado.
Vivem os
homens o aprendizado que não ensina a pensar. E pensam eles que pensam.
Afinal, caro leitor, para quem teve paciência de ler até aqui há de compreender a razão por que este escriba de província não tem como crer nos homens destes tempos bizarros.
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