Por mais que
otimista sejamos – ainda Cândido em fase de ouvir Leibniz através de
Pangloss – os fatos nesta terra brasilis
– quando observados a partir de parcela de sua sociedade – nos levam a um
pessimismo mais e mais se aprofundando.
Temos lembrado o quão nefanda a atuação (histórica) da classe dominante brasileira. Hoje – para não dizer que
pior não fica – convivemos com uma espécie de ‘pequena burguesia’ que se
espelha na classe dominante e que alcança foros de mediocridade
inimagináveis quando se expressa.
A classe
dominante tradicional “pensava”, ainda que a seu favor; esta outra nem cérebro
possui, e o demonstra à saciedade atropeladamente, assim que lançada no
pedestal. A primeira sempre se fez presente no poder e derrubou quem quer que
enfrentasse os seus interesses; esta outra também chegou ao poder. Intolerável ao
bom senso sua burrice, no entanto, ocupa espaços e aliena muitos que estão em
busca da consciência e são de logo atropelados por tão sábia categoria, que vai
se tornando ‘exemplo’. Afinal, burrice também passou a ser cultura.
A classe
dominante clássica admite até o suicídio para não se curvar à realidade. Hoje
encontra apoio aritmético (nunca intelectual) da nova classe ‘pensante’. A
classe dominante tradicional ocupou o espaço. Esta outra chegou porque deixaram
chegar, pela conveniência, e passou a se achar o supra sumo da inteligência
humana.
Essa gente
chegou ao extremo a ponto de nos envergonharmos das cores verde-amarelo como
símbolo nacional porque delas se apropriou para legitimar as aberrações que
comete. Ver alguém vestido de verde e amarelo nos deixa com a pulga atrás da
orelha.
O caminhar
dessa gente mostra a quantas anda o compromisso com o país e as futuras
gerações. Suicídio é preferido a reconhecer, como salvação, os erros cometidos e os que está a cometer.
E a
hipocrisia permanece: o ministro Gilmar Mendes, do STF, declara que a Lava Jato
(o judicialismo) elegeu o inquilino do Alvorada. Esconde a participação efetiva
do próprio STF e dele em particular alimentando as aberrações por ela promovidas.
Um outro
ministro, o Barroso, diz que impeachment do inquilino é a última solução para o
caso atual. Ele que legitimou o de Dilma com base apenas na formalidade e não
na materialidade; estando o procedimento legislativo correto a existência ou
não de crime ficava para segundo plano – lecionou Sua Excelência.
Hipócritas e
criminosos todos. Integrantes e porta-vozes do sistema implantado por esta
classe dominante predadora.
Valendo-se
da ‘pequeno-burguesia’ acima declinada nunca tiveram representação que pudesse
assim ser denominada, em nível de predação. Agora o tem. E o tem caro e
paciente leitor diante de um fato concreto e estarrecedor: ao poder era alçado
a partir do século XX aquele que dispusesse do controle dos meios de
comunicação (jornais, revistas e, especialmente, o rádio; posteriormente a
prevalência da imagem em detrimento do discurso, porque passou aquela não mais
a ser o meio, mas a mensagem); nesta
contemporaneidade as redes sociais chegaram a rincões nunca imagináveis há 20
anos.
Cada um que a elas tenha acesso através de um simples celular se tornou
um potente instrumento de propaganda e – mais grave – através delas montadas verdadeiras
máquinas de divulgação de ideias mentirosas como se fossem verdade.
Na esteira
desta realidade o inquilino do Alvorada se fez soberano. Daquela gente que
sempre pensou como ele e não tinha uma liderança identificada. O obscurantismo
latente se fez presente. Anunciado como salvação através das redes sociais.
As redes
sociais deram e identificaram a identidade. E a manada seguiu o boi nadador.
E os que
deixaram isso acontecer – e mesmo para com isso contribuíram – imaginando a
defesa de seus interesses não têm como evitar o suicídio. Uns porque são assim
mesmo; outros, porque seria a confissão de que algumas instituições do Estado trabalharam
para destruir este mesmo Estado.
Caso sejam
dados nomes aos bois não faltarão na lista muitos ministros do STF, Procuradores
da República, Desembargadores, Juízes, Poder Legislativo e, naturalmente, a
imprensa tradicional, agora sufocada e atropelada pelas redes sociais.
Porque tudo
tende a piorar os anos que nos chegam vêm acompanhados daquele pessimismo que
legou Voltaire a Cândido e fazer inveja a Schopenhauer e Nietzsche, sem
possibilidade “de cultivar nosso jardim”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário