Há três anos registrávamos neste espaço (Às favas / Nulidade I e Nulidade II) em torno do risco de desmoralização da operação Lava Jato, inda que sua proposta correspondesse a anseios da sociedade. Não fora a primeira vez em que alertávamos para os abusos e violações aos estatutos normativo-processuais ali praticados, o que – afirmávamos – levaria em instante próximo à declaração da impropriedade de seus usos que mais estavam a se voltar para um projeto de natureza político-partidário-eleitoral.
Nossas
deduções se baseavam nas notícias veiculadas que nos chegavam. Nunca vimos a
grande imprensa (escrita ou televisada) tocar na ferida. Ao contrário, aproveitavam-se
para consumar os efeitos do projeto do golpe de 2016 e que se
aperfeiçoava para consumação plena de seus objetivos, todos contrários aos
interesses nacionais.
Pipocam
– inclusive dos meios que a alimentaram, imprensa e judiciário – as denúncias
por causa de tais abusos e muitos já reconhecem a possibilidade concreta da declaração
das nulidades deles decorrentes e mesmo a anulação de processos e condenações
neles amparados.
Mas,
caro e paciente leitor, não custa repetir o Cristo do Calvário: Consummatum est
(Está consumado). Declare o STF conivente que abusos houve e nada fará mudar o
que está feito.
Cabe-nos
hoje enfrentar, apenas, e lutar, no limite do possível contra a lava de
maldades que o vulcão tupiniquim lança sobre nós.
E
neste viés vamos percebendo – com o coração constrangido – que a batalha até
agora perdida lega para os presentes e gerações que advirão sequelas as mais
terríveis.
Valemo-nos
do que nos chega noticiado para alimentar a conclusão: um menino de 8 anos (com
necessidades especiais) preso e algemado nos Estados Unidos (GGN); um réu primário
condenado a 14 anos, pelo agravante – ao que deixa transparecer o texto da
sentença – de ser “seguramente integrante do grupo criminosos, em razão de sua
raça” (Migalhas); e o sucesso que vem alcançando o inquilino do Alvorada em meio ao povo,
ainda que com parcela considerável de responsabilidade pelas mortes por
Covid-19, que se aproximam de 110 mil.
Difícil
entender como uma criança de 8 anos, ainda que em plena normalidade mental,
possa compreender a atuação estatal pela sanção que a acomete em razão de algo
que cometeu. E não entramos na barbaridade do ilícito cometido (analise-o o leitor).
No
mesmo viés de entendimento, como uma magistrada – que se presume haver lido
pelo menos alfarrábios de Sociologia e de Antropologia – exercite o ‘ato falho’
que a expõe racista ao lavrar uma sentença condenatório-criminal.
Quanto
ao inquilino do Alvorada nada de mais neste ‘ao Sul do Equador’. Mesmo porque o
Covid-19 – pode ter percebido – torna-se um aliado que não o questiona.
O
que a denominada esquerda não parece entender neste instante – tanto que (para
citar o uruguaio Mujica) mais se preocupou em criar consumidores em vez de
cidadãos – é que os consumidores
permanecem ávidos por consumir. Sob tal detalhe – não há como negar – o Auxílio
Emergencial agrada e convence bem mais que o Bolsa Família. E, ainda que seja
proposta da oposição, o inquilino surfará como seu timoneiro e os dados
estatísticos demonstram estar capitalizando o que não propusera.
Ou
seja, a oposição tende a perder a batalha para que seja reconhecida como autora
do que já atribuem redutor ímpar de desigualdade (Globo através do 247) não pelo discurso mas para a
realidade. Resta saber se os discursos em tribunas e os jargões de décadas trarão
os convertidos ao ‘messias’ para aceitar serem pares de caminhadas de protesto
quando envolvidos estão com as compras nos supermercados.
Por
outro lado, mais preocupada com o imediato, certamente nem mesmo tem refletido
no que dizia Dom Hélder Câmara, apoiado em Santo Agostinho: “Um homem de
barriga vazia não tem como acreditar em Deus”.
Ainda
que distante 2022 – não se iluda o caríssimo leitor – se outros fatos (visíveis
e plausíveis) não se materializarem, no quesito ‘programas sociais’ Lula
perderá para o inquilino.
As
lições da história ainda persistem. Houve o tempo de obras contra as secas
engordando o latifúndio às custas da miséria nordestina. O Covid-19,
alimentando o inquilino, deixa a esquerda a ver navios e os hodiernos coronéis aplaudem.
No
mais, aqui, ali e alhures “Em razão da sua raça”, com a interpretação que lhe
seja dada, ultrapassamos em definitivo a Era da Razão.
Cada
um de seu jeito e maneira.
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