Mais um final de ano; simplesmente mais um dezembro. Até 753 a.C.
constituía o decimo mês do antigo calendário lunar romano de 354 dias até a
intervenção de Numa Pompilio (753 a.C.-673 a.C.), segundo rei de Roma, que o submeteu ao calendário astronômico de 365 dias, definido de uma vez por
todas pelo Calendário Gregoriano, editado pelo Papa Gregório XIII (1502-1585),
autor da canetada pontifícia em fevereiro de 1582, e que aí está desde então.
Nele (dezembro) a Igreja
Católica celebra o Advento, a devoção especial ao Coração da Imaculada
Conceição e ao Menino Jesus.
Mais um dezembro chegando.
E quase nada lembrado em razão de suas origens na Roma Antiga, e muito pouco pelas
efemérides que abarca.
Em nível de religiosidade
a figura do Menino Jesus, definido como nascido no 25, resume-se às celebrações
religiosas, mais e mais escassas de gente porque a cada ano vão passando ao
largo a caminho do horizonte marinho.
Todo registro acima, em
que pese milenar, foi atropelado por um senhor originado na Lapônia, hoje mais
buscado que Jesus recém-nascido. Que trilha o planeta em seu trenó puxado por
renas para corresponder aos ‘pedidos’ que lhe são feitos durante o ano.
No plano histórico a
“bondade” que marca o velhinho tem origem no monge turco que viveu no século
IV, de quem Noel herdou o “saco” (do qual, conta a lenda, São Nicolau lançou as
moedas de ouro aos pés do pai para garantir a liberdade de uma filha prestes a
ser vendida).
Mas, eis mais um dezembro!
Que de novo traz além da mercantilidade que acomete o Natal de Papai Noel e faz
mais a alegria de quem vende do que de quem recebe presentes?
O espírito natalino não
mais é propagado como mensagem cristã, de reflexão em torno das mensagens do
Messias, pautadas no amor ao próximo. Mas como mais um evento comercial através
do qual ‘dar presente’ realiza a Felicidade.
Neste nada augusto ano de 2023
o coroamento se vê não só em aumento de miseráveis planeta a fora; também em mais morte de crianças de forma estúpida, determinada pelos
novos Herodes. Qualquer que seja a idade basta que estejam no outro lado dos
interesses em jogo. Hoje como ontem, anteontem... até com napalm e agentes
químicos desfolhantes.
Lucram os mesmos senhores
da guerra ou das fábricas “de ilusão”.
E Papai Noel ‘distribuindo
presentes’
E você, Papai Noel, agente
de enganação, vendendo o Diabo como se fora Deus, dando(?) presentes como se
Felicidade o fora. Que desconhece o que realmente uma criança precisa.
Você, “bom velhinho”, não
dimensiona o papel que representa “de vender ilusão pra burguesia”* e causar
desesperança e tristeza para os que não dispõem de pouso para o seu trenó: sim,
aqueles “meninos pobres da cidade” que não sabem “do desprezo que vancê tem pelos humildes”*. Nem mesmo
percebe que alimenta até doenças e males outros, como observou uma criança no
caso (verídico) registrado abaixo:
Tratou-se de Yan, num destes shoppings
da vida: no alto da sabedoria dos seus seis aninhos, diante de uma bala doce (bombom)
oferecida pelo ‘bom velhinho’, dispensou-a, justificando:
– Obrigado, Papai Noel!
Doces estragam os dentes!
Sim, Papai Noel, ‘doces
estragam os dentes’, como você ‘estraga’ vidas em lares destituídos de pouso
para o seu trenó, faz esquecer que certo dia uma criança nasceu na manjedoura
para anunciar ao mundo que nos amássemos uns aos outros como a nós mesmos.
Mas não deixa ao
desamparo as corporações que mercam ilusões e faturam com as catástrofes que
produzem à revelia do Homem/Humanidade.
__________________
*”Brinquedo de Papai Noel”,
de Aldemar Paiva.
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