domingo, 3 de dezembro de 2023

Eis mais um dezembro!

 

Mais um final de ano; simplesmente mais um dezembro. Até 753 a.C. constituía o decimo mês do antigo calendário lunar romano de 354 dias até a intervenção de Numa Pompilio (753 a.C.-673 a.C.), segundo rei de Roma, que o submeteu ao calendário astronômico de 365 dias, definido de uma vez por todas pelo Calendário Gregoriano, editado pelo Papa Gregório XIII (1502-1585), autor da canetada pontifícia em fevereiro de 1582, e que aí está desde então.

Nele (dezembro) a Igreja Católica celebra o Advento, a devoção especial ao Coração da Imaculada Conceição e ao Menino Jesus.

Mais um dezembro chegando. E quase nada lembrado em razão de suas origens na Roma Antiga, e muito pouco pelas efemérides que abarca.

Em nível de religiosidade a figura do Menino Jesus, definido como nascido no 25, resume-se às celebrações religiosas, mais e mais escassas de gente porque a cada ano vão passando ao largo a caminho do horizonte marinho.

Todo registro acima, em que pese milenar, foi atropelado por um senhor originado na Lapônia, hoje mais buscado que Jesus recém-nascido. Que trilha o planeta em seu trenó puxado por renas para corresponder aos ‘pedidos’ que lhe são feitos durante o ano.

No plano histórico a “bondade” que marca o velhinho tem origem no monge turco que viveu no século IV, de quem Noel herdou o “saco” (do qual, conta a lenda, São Nicolau lançou as moedas de ouro aos pés do pai para garantir a liberdade de uma filha prestes a ser vendida).

Mas, eis mais um dezembro! Que de novo traz além da mercantilidade que acomete o Natal de Papai Noel e faz mais a alegria de quem vende do que de quem recebe presentes?

O espírito natalino não mais é propagado como mensagem cristã, de reflexão em torno das mensagens do Messias, pautadas no amor ao próximo. Mas como mais um evento comercial através do qual ‘dar presente’ realiza a Felicidade.

Neste nada augusto ano de 2023 o coroamento se vê não só em aumento de miseráveis planeta a fora; também em mais morte de crianças de forma estúpida, determinada pelos novos Herodes. Qualquer que seja a idade basta que estejam no outro lado dos interesses em jogo. Hoje como ontem, anteontem... até com napalm e agentes químicos desfolhantes.

Lucram os mesmos senhores da guerra ou das fábricas “de ilusão”.

E Papai Noel ‘distribuindo presentes’

E você, Papai Noel, agente de enganação, vendendo o Diabo como se fora Deus, dando(?) presentes como se Felicidade o fora. Que desconhece o que realmente uma criança precisa.

Você, “bom velhinho”, não dimensiona o papel que representa “de vender ilusão pra burguesia”* e causar desesperança e tristeza para os que não dispõem de pouso para o seu trenó: sim, aqueles “meninos pobres da cidade” que não sabem “do desprezo que vancê tem pelos humildes”*. Nem mesmo percebe que alimenta até doenças e males outros, como observou uma criança no caso (verídico) registrado abaixo:

Tratou-se de Yan, num destes shoppings da vida: no alto da sabedoria dos seus seis aninhos, diante de uma bala doce (bombom) oferecida pelo ‘bom velhinho’, dispensou-a, justificando:

– Obrigado, Papai Noel! Doces estragam os dentes!

Sim, Papai Noel, ‘doces estragam os dentes’, como você ‘estraga’ vidas em lares destituídos de pouso para o seu trenó, faz esquecer que certo dia uma criança nasceu na manjedoura para anunciar ao mundo que nos amássemos uns aos outros como a nós mesmos.

Mas não deixa ao desamparo as corporações que mercam ilusões e faturam com as catástrofes que produzem à revelia do Homem/Humanidade.

__________________

*”Brinquedo de Papai Noel”, de Aldemar Paiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário