Da verdade histórica à usurpação
O restante do Brasil recusa reconhecer ter ocorrido na Bahia a efetivação da Independência do Brasil. Pelo menos o valor que o 2 de Julho encerra não encontra a correspondência histórica a que faz jus em nível nacional.
No Recôncavo se instalaram as forças de resistência portuguesa e seu sucesso implicaria em criar um bolsão revolucionário contra a libertação instaurada a partir do Ipiranga. Quando pouco, a ausência da integridade territorial.
A reação baiana, sustentada na população - dela afastada a elite, como observa Labatut em carta a José Bonifácio, de que "Nenhum filho de dono de engenho se alistou para lutar" - é a afirmação da vontade popular que em outras oportunidades já se rebelara contra o domínio português.
Nos vários meses entre setembro de 1822 e julho de 1823 o enfrentamento às forças de resistência portuguesas espalharam-se pelo Recôncavo gerando heróis como João das Botas, Lima e Silva, Maria Quitéria ou o corneteiro Lopes, em Pirajá, que superou o revés prestes a acontecer por uma vitória retumbante e simbólica quando contrariou a ordem de tocar recuar e o fez com "avançar".
Soa-nos sofrível a apresentação do 2 de Julho mais como festa folclórica e não de afirmação histórica.
E nesse viés, mais sofrível ainda, ver o aeroporto internacional de Salvador da Bahia com outro nome que não o histórico 2 de Julho, dia em que a Independência do Brasil se consolidou com sangue baiano.
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