domingo, 8 de julho de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS dia 8 de julho

AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

Tortura de Estado

Iniciativa do vereador Jamil Murad, do PCdoB, propõe fixação de placa no Cemitério Dom Bosco – o famoso “cemitério de Perus” onde muitas vítimas dos porões da ditadura foram sepultadas em São Paulo – para que nele conste: “Colina dos Mártires – neste cemitério o regime militar ocultou cadáveres de perseguidos políticos”.
Ali, dentre muitos, foram localizados e identificados os corpos de Pedro Pomar, Ângelo Arroyo, Alexandre Vanuchi Leme, Flávio Molina e Carlos Danielli. (Mais detalhes em http://www.advivo.com.br/ de 1º de julho).
Sem reduzir a importância da iniciativa, entendemos existir exagero na expressão “mártires”, vinculada em muito à fé e não à ideologia política.

Revisão imperiosa

A nominação de espaços e equipamentos públicos sempre esteve ligada à importância do homenageado no campo da história, da política, da literatura, das artes, da ciência etc. Em síntese, ao efetivo serviço prestado à sociedade que faz presente o homenageado no imaginário da sociedade.
A busca da verdade fará com que futuramente nomes que sustentaram a tortura de Estado sejam retirados de homenagens em logradouros (praças, avenidas e ruas) e equipamentos públicos (escolas, rodovias etc.) porque nada nobre foi a razão que os levou à homenagem.

Mobilização

privatariaUns querem; outros, não. Enquanto instaladas as baterias para assegurar tiroteio sobre o PT no julgamento do denominado mensalão, à margem do noticiário os fatos oriundos da CPMI do Cachoeira (a não ser que atinjam o mesmo PT).
E mesmo não mais se fala na CPI da Privataria. Como contraofensiva, o alvo natural desta apuração – José Serra e PSDB – pretende a apuração em torno de Protógenes Queiroz.
Mas, enquanto uns não querem, outros não pensam nisso. É o caso registrado abaixo, de um jornal já distribuído a mais de 400 mil leitores, gratuitamente, para que não seja esquecido o caso.
Esperamos que a opinião pública faça o Presidente da Câmara instalar a CPI da Privataria Tucana.

Bola da vez

Marta Suplicy, alvo de chacotas em muitos momentos (o “relaxa e goza” tornou-se uma das marcas) tende a tornar-se a musa para a imprensa quatrocentona nas eleições paulistanas de 2012. O não comparecimento ao evento de lançamento da candidatura de Haddad, assim como não fazê-lo em relação ao início da campanha, já começa a produzir farpas (contra o PT e Lula).
Já escrevera, recentemente, artigo na Folha de São Paulo criticando Lula. Não tarda tornar-se a Heloísa Helena de 2006 e a Marina Silva de 2010.

Se a filial não chega...

mequiA diferença para a original é que a comida daqui não causa câncer a partir da obesidade mórbida. Mas diga isso para o GACC!

Confusões

Muitos interpretam a decisão do TSE liberando os que não tiveram contas de campanha aprovadas como um retrocesso. Os que trabalham com o universo dos tribunais, seja-o de Contas, seja-o Eleitoral, sabe como pesa para um burocrata encastelado atrás de uma escrivaninha uma vírgula. Transformam-na em planeta desconhecido, escândalo, caso de polícia.
Uma prestação de contas de campanha sustenta-se num elementar conta-corrente. A confusão reside em o intérprete confundir aspectos de ordem meramente contábil com improbidade.
Não sabem que os fatos que produzem lesão ao patrimônio público não são alcançados pela decisão do TSE.

A cara com que ficou a solução

O texto abaixo, extraído de um e-mail recebido, retrata o artificialismo presente na solução encontrada pelo Governo Jacques Wagner para “preparar” os alunos do terceiro ano para o vestibular, remunerando a empresa do professor Jorge Portugal.
barbara“Fui hoje com a minha cara de idiota amedrontada pela minha frágil condição de estágio probatório, tomar posse nesta patifaria inventada pelo governador e o seu super secretário de educação. Ao chegar à escola, funcionárias da SEC me informaram que era para eu ir para a sala 06 e manter os estudantes na sala.
“Para sustentar este ‘faz de conta’ eu pensei em chegar na sala e dançar o tchá, tchá, tchá. Quem me conhece sabe que danço bem e também dou aula bem; entretanto, para adolescentes o tchá, tchá, tchá os manteria mais em sala do que a Química.
“Infelizmente tive que abortar o meu plano, pois havia 2 policiais (que deveriam estar correndo atrás de bandidos) andando pelos corredores da escola; bem como funcionários da SEC fazendo constantes “visitinhas” às nossas salas. “Neste momento, percebi que seja lá o que eu fosse fazer em sala deveria ser algo parecido com uma aula e que não falasse mal do governo.
“Mediante a todo este constrangimento moral, senti ânsia de vômito e solicitei o meu desligamento desta importante missão de deixar Jaques Wagner e Jorge Portugal bem na fita com a parcela alienada da sociedade. Diga-se de passagem, que este professor baiano nem precisou ir para o Big Brother (à exemplo de Jean William) para ganhar um milhão e meio de reais.
“Este é o relato da minha posse de 100 minutos. Preferi ficar sem salário a ficar sem respeito próprio. Afinal de contas, alguém precisa respeitar o professor; nem que seja ele mesmo!!!”
Ainda que não fosse verdade, como cheira mal essa terceirização da educação, para um punhado de localidades privilegiadas, a cargo da empresa terceirizada do professor Jorge Portugal!

Especulando

Há interpretações de que a intervenção de Jacques Wagner em favor da aliança do PSD itabunense ao PTdoG estaria vinculada a fatos como o enfrentamento ao DEM-PMDB e mesmo a crescimento das intenções de voto de Juçara.
Para nós uma coisa simples: freio de arrumação sobre Otto Alencar, o anunciado artífice da aliança PSD-PRB em Itabuna, até quinta-feira 5, com direito a pose e foto.
Na lente a eleição de 2014 e a possível ruptura do projeto do governador.

Ajuda

Caso o governador pretenda o que até este instante não demonstrou (apoio efetivo ao PTdoG) basta entrar de cabeça na campanha de Juçara.
Ou não entrar. 

Balada em duo

Futurâmico João Bosco compôs pensando no duo PRB-PT entoando para o PSD, quando em vez de passos de um bolero pensassem no passe de um tempo: “Sentindo frio em minh’ alma te convidei pra dançar / a tua voz me acalmava, são dois pra lá, dois pra cá / Meu coração traiçoeiro / batia mais que o bongô”
A prudência recomenda nestes instantes muita cautela. Para evitar um crime passional.
“São dois pra lá, dois pra cá”.

Coisas de Sodré

O candidato a prefeito de Itapé Carlos Sodré reuniu a imprensa no Tarik para falar de seus projetos. No Tarik, em Itabuna! Chegamos até a imaginar que Sodré estivesse a fazer campanha para itabunenses eleitores em Itapé. Só isso explicaria descurar de sua própria terra para falar em outro solo sobre projetos àquela destinados.
Mas, certamente falta a Itapé um espaço soteropolitano para a pompa e a circunstância que a liturgia sodreana exige.
Coisas de Sodré.

Começo

começoAzevedo começou a campanha de 2008 assim: com um punhado de gatos pingados. Terminou se elegendo.

O alçapão

Alguns analistas entendem que a candidatura de Juçara correria livre e solta como pluma em brisa suave no plano da rejeição porque a candidata não teria nenhum senão contra si.
O problema de Juçara não está em si mesma, mas em ser apêndice da vontade/imposição de Geraldo Simões. Imaginar que Juçara alçou e promoveu voo próprio é negar uma realidade que afeta a sua imagem; a do marido impondo seu nome. Não fora isso seria unanimidade dentro do PT. E não é.

Batata assando

Já chegou à cúpula da Fundação Cultural/SECULT a utilização para fins político-partidários do Centro de Cultura Adonias Filho, preterindo espetáculos em favor de convenção partidária no dia 30 de junho. A matéria publicada em DE RODAPÉS E DE ACHADOS e no nosso blogue (“Moralidade I” e “II”) repercutiu na Fundação.
A situação de Aldo Bastos cada dia mais agravada. Dizem por lá que se não fosse a defesa que dele faz Geraldo Simões Aldo já teria saído. Há muito. Por lá, internamente, não bastasse o que consideram descaso para com o equipamento, não o engolem desde a comprovação de irregularidades cometidas.
Com um detalhe: os fatos atingem o Governo do Estado.

Bumerangue

Uma denúncia levada à autoridade policial respingou granizo grosso em Aldo Bastos. Os fatos fizeram lembrar da denúncia de corrupção no Centro de Cultura e favorecimento de Aldo à campanha de Juçara em 2008, que a ela oferecia o espaço do equipamento público para café da manhã.

Como todos

Azevedo será criticado pelo anúncio de realização ou de início de obras em período eleitoral. Uma das ações mais profícuas da última gestão de Geraldo Simões foi o asfaltamento de dezenas de quilômetros de ruas em vários bairros e centro da cidade (com material de excelente qualidade) realizado nos últimos meses de sua administração.
Nesse particular, com Azevedo ou Geraldo, antes tarde do que nunca.

Mãos à obra

Postos os nomes na disputa, as estratégias no curso da campanha definirão o vencedor. O que ora se apresenta pode não se manter para uns, pode surpreender para outros.
Visível que a disputa está centrada em três nomes, todos hoje lutando por espaço (leia-se, tempo) na propaganda de rádio e televisão: Azevedo, Juçara e Vane.
O espelho atual reflete uma posição de crescimento cômodo para Vane, uma indefinida situação para Juçara e o aparente tranquilo caminhar para Azevedo.
De concreto o alvo comum para Juçara e Vane: ataque à administração de Azevedo.

Azevedo

Registre-se que Azevedo conta, no momento, tão somente com uma imagem pessoal junto a uma parcela do eleitorado que lhe parece fiel. Algumas realizações, ainda que tardias, podem repercutir no curso da campanha, ainda que configurem oportunismo, como a anunciada inauguração de parte da obra do Lava-Pés, uma ponte ali, pavimentações acolá.
Contra terá a carga adversária sobre os desmandos praticados por pessoas a ele vinculadas, uma administração sofrível, sem falar no desgaste de uma luta jurídica para afirmar a candidatura.

Vane

Apresenta-se como renovação política e crescimento contínuo em pesquisas de intenção de voto. Cremos, pela análise a partir de entrevistas televisivas, que dispõe de boa imagem na tela, que se bem explorada pelos marqueteiros, efetivará a ideia de credibilidade ao que diga. Estabilizar seu crescimento será o grande obstáculo.

Juçara

Carrega o peso do apoio do marido, hoje mais dividindo o PT do que somando. Atribuem-lhe uma imagem de pernosticismo, estigma que lhe foi impingido em 2008. Tem a seu favor a atuação como Secretária de Desenvolvimento Social na última administração de Geraldo Simões. Certamente se utilizará do jargão de ser do mesmo partido do Governador da Bahia e da Presidente da República e um forte apelo ao eleitorado feminino propondo-se a ser a primeira mulher prefeita de Itabuna.
Tem contra, no momento, a desgastada imagem de Jacques Wagner como companhia. O discurso de parceria com Dilma tende a ser neutralizado porque os mesmos programas que afirmará dispor em seu governo já são alcançados por Azevedo, adversário da Presidente.

A dor profunda

Um registro em música da crueldade da escravidão. De servir de tema para Amistad (Spielberg) depois de declamação de Navio Negreiro (Castro Alves). Aqui “Sinhá”, de Chico Buarque e João Bosco, do Chico (Biscoito Fino), de 2011, em descontraída gravação na própria casa de Chico com acompanhamento de Bosco.
Uma letra que acentua o enlouquecer de corpo e mente que apanha e melodia que chora com o lamento. Versos de uma catarse histórica na visão de mundo em jogo de duas pessoas (escravo e cantor/compositor) digna de figurar em estudo sobre Bakhtin e sua tensão dialógica da linguagem.

DE RODAPÉS E DE ACHADOS está também disponível em www.adylsonmachado.blogspot.com
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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