Encerrando-se
o período de convenções/definições partidárias voltadas para as eleições
majoritárias (governador, senador e presidente da república) e proporcionais
(deputados federais e estaduais) o cenário sinaliza muito mais de ‘meu pirão
primeiro’ que de unidade político-ideológica em torno de projetos para a nação.
Singularidades
permeiam – como nunca dantes – o que está por vir. Começando por (in)definições
em torno da candidatura do PT posta: Lula preso (prisão política, para muitos, e os
fatos não conseguem desmentir) faz da única definição à vista (a de que o Judiciário
não permitirá que seja candidato) uma indefinição de alta indagação: quem se
beneficiará dos votos que transferirá e se configura acerto em correr na
raia à esquerda como único capaz de vencer a avalanche conservadora que
pretende atropelar o preferido para manter projetos que em nada beneficiam o
povo.
Outra
singularidade: a concentração em torno do tucano Geraldo Alckmin não anda tão
concentrada assim: acende uma vela para o presidenciável mas lhe negará votos
em muitos Estados, porque as alianças locais fazem por prevalecer o ‘meu pirão’. Fato, por sinal, que também norteou o PT. A diferença entre eles reside na circunstância de que o praticado por Alckmin não alenta resultados positivos.
Mais outra:
o último militar com participação ativa em eleição direta para presidente foi o General Henrique Teixeira Lott, em 1960. Nunca mais fora lembrado qualquer deles para o processo eleitoral depois dos malfadados anos de dominação
através de ascensão ao poder por meio do golpe de 1964. No entanto, como se os tempos estivessem mudados, desperta como partido político,
representado em chapa puro sangue e – para surpresa – disputando espaço para o
segundo turno.
Eleições que
esperam a abertura das urnas, tão somente.
Porque o processo eleitoral
permanecerá com um só foco para as atenções:
o candidato encarcerado, que o povo insiste em eleger.
E que tem em suas
mãos o destino do país pelos próximos anos.
Confissão
Raquel Dodge
confessa: Lula está punido por ter sido Presidente da República “Que demonstrou
desprezo aos ideais republicanos que prometeu cumprir como chefe de Estado”, "frustrou as expectativas de milhões de brasileiros” e usou o cargo “para obter
vantagem financeira”.
Não bastasse
a temerária afirmação de ‘uso’ do cargo para obtenção de vantagem (o que sua
turma não conseguiu demonstrar, tanto que a condenação que recai sobre o
ex-presidente decorre exclusivamente de delação premiada não confirmada, a
ponto de fazer surgir uma figura inédita na ciência jurídica: a da corrupção
passiva de quem não exercia cargo público por “fato de ofício indeterminado”) não
deixa de ser triste ver uma dignatária no ápice da carreira enveredar pelo
lugar comum – que agrada a mídia da elite – dizer que um presidente reconhecido
internamente pelos milhões de beneficiados por políticas públicas efetivadas em seu governo e
internacionalmente por aquilo que representa na história contemporânea cometeu
crime que não conseguiu provar.
Sabido e
consabido – e voltamos à Procuradora-Geral da República para reafirma a sua confissão – que todo o
processo e a condenação são arranjo político. Tanto que a declaração proferida
em manifestação perante o Supremo Tribunal Federal (em matéria do UOL), trilhou por caminhos impróprios, amparados na
opinião que domina o instante (“eu acho”) em que a augusta Procuradora cuida de
reafirmar.
Afinal, os
argumentos acima expressos não são jurídicos, tão só políticos.
Agosto
Agosto, mês
do desgosto – diziam os mais antigos. Mês do cachorro doido – havia o lugar comum de que todo cão, em agosto, adoecia - como muitos apelidavam
o cão hidrófobo, que passava por ataque maciço do populacho, a base de paus e
pedras, mesmo que não estivesse doente. Bastava estar vivo e solto, rosnar
diante de uma ameaça para assinar a sentença de morte.
Mês de
estranhas movimentações na história da política brasileira, tendo agosto de
1954 como parâmetro maior, quando Getúlio Vargas se suicidou para não sucumbir
a um golpe armado pelas elites de então (as mesmas de hoje, ora travestidas em
outras roupas); ou o de Jânio Quadros, em 1961, por não ter como enfrentar as
forças poderosas – como dizia.
Em agosto morreu Juscelino Kubitschek, vítima de um acidente automobilístico até hoje carente de uma análise que não a "oficial".
Não, as
referências a agosto não são nada salutares.
Mas nenhuma tão
trágica, como o que permeia o início do processo eleitoral neste 2018.
Quem foi
Naninha!
A expressão,
da tradição baiano-nordestina, diz respeito a quem foi grande e/ou alguma coisa
em evidência e nada ou pouco hoje representa.
Aqui está aplicada ao carlismo.
Ninguém
imaginaria um fim tão melancólico para a direita, ou o conservadorismo, na
Bahia, considerando a era que ora finda.
Comandada com mão de ferro por ACM durante décadas hoje padece de pulso
e, ao que parece, nada representa eleitoralmente.
De 1970 até meados da
primeira década do século XXI foram 36 anos de domínio absoluto, apenas rompido por Waldir Pires nas eleições de 1986, no instante histórico imediato à redemocratização.
Quem pensar
o contrário analise a partir do périplo do candidato do ARENA/PDS/PFL/DEM José
Ronaldo a governador para encontrar um vice.
Ninguém aceitou sê-lo em sua
chapa, até que alguém se ofereceu joanadarquicamente ao sacrifício. Fadada à derrota, o que espanta a todos.
O desgaste iminente começou quando o
herdeiro natural de ACM correu da raia, para evitar o que sinaliza uma derrota
histórica para o velho clã.
Nos tempos
do velho “Toninho Malvadeza” ninguém seria louco de recusar ser indicado. Ao
contrário, todos babavam por sê-lo.
Triste
destino de quem ouve hoje – e ainda por um bom tempo ouvirá – apenas ‘quem foi Naninha!’
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