domingo, 8 de março de 2020

Não bastasse, o palhaçódromo


Representante do Governo Federal aplaude policiais grevistas do Ceará e os chama de heróis (detalhes aqui). O Ministro da Justiça do mesmo governo diz que a greve dos policiais cearenses é ilegal mas os grevistas merecem tratamento diferenciado.

Certamente por serem ‘os’ grevistas aqueles que descem o cassetete em grevistas desarmados. Como os antes encapuzados ao abordarem estudantes dentro de uma escola de Fortaleza, sob a alegação de que teriam sido ‘xingados’... (aqui)

O chefe da nação (com letra minúscula, revisor!) xinga e achincalha jornalista, se reúne como garoto propaganda junto a grandes empresários pedindo que façam publicidade nas empresas amigas (dele) etc. etc.

Mas, eis a terra brasilis de todos nós acovardados. E não somos nós da ralé histórica os agredidos. Tão acostumados estamos porque sempre o fomos em todas as dimensões: econômica, social etc.

Eis o pais que perdeu o respeito. E não mais se dá ao respeito. Suas instituições formais, insculpidas constitucionalmente sob a égide de um Estado Democrático de Direito arrastam-se pela rés-do-chão e mergulham neste grande penico, bispote, vaso, bacio, capitão, cabungo, urinol etc. etc. ou como o queira chamar quem não se envergonhe de fazê-lo. 

Para não perder o embalo da histórica conveniência e subserviência às classes dominantes a imprensa aceita humilhações a cada novo dia.

Chafurdar na merda não mais pode ser atribuído a uma das vertentes do prazer mórbido atribuído ao Marquês de Sade, retratado politicamente na visão (profética) de Pier Paolo Pasolini em “Saló, ou os 120 dias de Sodoma”. É que a nossa escatologia nem encontra alhures nem olhares para ser traduzida através da Arte do cinema.

Chafurdados estão Ministros das Cortes Superiores, Juízes, Desembargadores, Deputados e Senadores, Militares das Forças Armadas. Estes, em particular deveriam vir a público explicar o porquê de tanto encantamento e apoio a quem foi reformado por decisão homologada por Tribunal Militar para não ser expulso de seus quadros, depois de apuradas suas responsabilidades de natureza terrorista, que incluía a ameaça de explodir a adutora do Guandu, no Rio de Janeiro, em 1986.

Acha pouco o leitor? Certamente. 

Mas não se constranja, porque na falta de gladiadores e de um Coliseu para o panis et circenses tupiniquim criamos o palhaçódromo no Palácio do Alvorada.

De similitude àquele (o romano) apenas que os nossos pobres (como os cristãos primitivos que faziam a alegria de imperadores de então) continuam sendo vítimas dos Neros de hoje.

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