Eis que continuamos (com a devida ironia e latinismo)
Muita coisa aconteceu no curso desta semana, a
começar pelo inquilino do Alvorada estar assinalado como (muito) provável
escondedor de foragido e garantindo a fuga de quem pode tornar-se um,
porque investigado. Diríamos, em decorrência, que no curso da semana que passou
muito foi precipitado, tamanha a velocidade dos fatos e os limites exigíveis para quem trafega em estrada repleta
de curvas sinuosas.
Mudança de água para vinho. Incluindo a utilização do aforismo "Cão que ladra não morde".
Bom instante – a considerar as especulações postas
no texto anterior – para testar se os comandantes militares estão dispostos a
sustentar um golpe para implantar uma ditadura que tenha Queiroz e outros quejandos
como ‘salvadores da pátria’.
Em meio à balbúrdia – tônica deste governo surreal – o primeiro sinal do que representa o sentimento palaciano logo visto no desdobramento envolvendo uma peça singular dentro desta singularidade onde ministério para ser ministério exige, como condição sine qua non para o preenchimento do cargo, que a chefia seja exacerbação do surrealismo. E assim – como o exige o clima – sucede a exoneração de boca de um ministro de estado e a sua fuga para o exterior quando sob investigação, ingressando em país que fechou fronteira para brasileiros, o que permite a especulação de que para lá viajou amparado em passaporte diplomático (por ser ministro) quando já não mais o era e, muito provável, viajando em voo não comercial. Exoneração ‘de boca’ (ó língua!) porque a publicação do ato somente se deu no sábado (20) quando o indigitado já se encontrava em solo estadunidense.
Essa novidade, pautada na visão bonapartista do
inquilino do Alvorada, nos remete a especular em torno do quão tamanha a autoconsciência de sua força e poder, a ponto de já ensaiar avanço sobre o planeta
e expandir pelo mundo o caos que conseguiu implantar no Brasil.
Isso mesmo. Levado a exonerar o indigitado de logo indicou-o
– certamente pelo nível e grau de sua ‘indukassão’ revolucionária – para o
Banco Mundial, pilar da representação do Capital Internacional – assegurando
sua fuga da terra brasilis.
Por este inusitado avanço não custa ironizar e ver
em tal fato, e circunstâncias policialescas a envolve-lo, manifestação do
inquilino do Alvorada (diante das reconhecidas limitações da figura indicada) –
como primeiro teste de uma forma sui generis de iniciar o processo de
reformulação planetária começando por transformar aquela renomada instituição
em ‘tamborete de três pernas’.
Caso deixem esse rapaz vai longe! – diria vó Tormeza. Até porque ninguém imaginaria que no seio da extrema direita houvesse quem pudesse desmoralizar teorias que qualquer leninista-trotskista imaginaria para a sua luta contra o capitalismo: que o fosse comandada a partir do terceiro mundo.
Certo, caro
leitor, voltando à realidade que nos afeta que, de segunda-feira passada para
cá, nos vemos diante de um governo prestes a acabar – implorando para a cassação
da chapa pelo TSE como saída honrosa – não porque as instituições
funcionam(ram), mas porque o câncer que o carcomia entrou em metástase
acelerada. Não porque o “fora” motivou o Congresso a pautar qualquer uma das
dezenas de pedidos de impeachment, tampouco Judiciário exerceu a tempo suas
funções (retardadas em meses) mas porque o câncer mostrou as caras e no ringue
brasileiro o vencedor em apostas pede e implora para ser nocauteado.
Petronius (27-66 d.C.), contemporâneo de Nero, em Satiricon, testemunhou a sociedade contemporânea, onde ridiculariza a ‘alta sociedade’, e nem mesmo dispensou em torno dos militares de sua época. Precisa reviver no Brasil o seu Satiricon, até porque muito do que ironizou em relação àquela Roma, pelo palavreado e a freudiana fixação anal do inquilino do Alvorada em muitas declarações, pode estar a ocorrer nestas plagas. Certamente encontrará outros personagens desprovidos de pudor, uma outra antevisão da exploração social ao lado da hipocrisia e de anomia decorrente do caos, mas o encontrará, sim.
E trilhando pela ironia – naquela de pagando para
ver – ficamos diante da efetivação ou não daquela ‘profecia’ de um
cabo ocupando o STF, outro o STJ, outro o TSE, mais outro... e nos estados
Tribunais de Justiça e Comarcas comandadas por cabos e sargentos das
respectivas polícias militares.
Ou seja, o triunfo da república de Queiróz, aplaudida pelos mais de 50 mil mortos decorrentes da pandemia na 'sexta-feira 13' em que se tornou o país.
Miserere nobis!
Ora pro nobis et pro omnibus!
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