quinta-feira, 4 de junho de 2020

Superando


Esta terra brasilis não dispensa oportunidade – em defesa da liberdade e da pluralidade – de confundir alhos com bugalhos. E como liberdade de expressão o avançar sobre a intimidade alheia ou mesmo impor conceitos em vez de educar para que possam ser aceitos com naturalidade.

Defendemos – acima de tudo como instrumento de competição com os canais comerciais privados – a TV pública como o meio de oferecer programação plural centrada em valores que façam levar a todos aquilo que, muitas vezes, não é considerado como papel pelas redes privadas no país (que visam o imediatismo do lucro), qual seja programas educacionais (em todos os níveis e vertentes), como forma de valorização e reconhecimento da cultura brasileira.

Na esteira de tal pensar, as televisões ditas Educativas tornam-se, em nível de estado ou região, um meio para que o telespectador acesse informação não ofertada por canais comerciais.

A produção cultural (cinema, literatura, artes, dança, teatro, música etc.) há de encontrar apoio estratégico através de ditas redes, valorizando a produção de conteúdos regionais o que implica não só no reconhecimento dos valores existentes naquela região como da expressão cultural em suas mais diversas vertentes e a geração e o reconhecimento de atores, atores, produtores, escritores etc. da região, o que implica na geração de emprego e renda a integrar a economia local.

Assim, com particular alegria vi hoje no noticiário local da TVE Bahia o anúncio da instalação de sinal digital da estatal em mais três localidades do interior baiano.

Em seguida acompanhei o Giro Nordeste. E mantive o aparelho sintonizado na emissora enquanto realizava uma atividade que me fez afastar o olhar da telinha.

Quando voltamos à telinha, surpreso e estupefato – a partir das 20h (mais exatamente às 20:05h) – vimos parte da programação para aquele horário (não lembro o programa, mas as cenas) em que uma relação homossexual/lésbica em plenitude se fazia e, em seguida, uma outra, heterossexual, exibindo em nudez como não o fazem muitos filmes que buscam atingir um público com idade superior a 16 anos.

Cumpre ressaltar que nada temos contra opções sexuais. Estranhamos – até porque a formação de nossa gente longe está de perceber o fato em si, mas sob sua dimensão sociocultural (onde em muito ainda permeia a influência/formação religiosa – o horário em que tais cenas foram exibidas.

Trilhamos por respeitar a produção cultural que promova o reconhecimento de lutas em defesa de dita liberdade. Mas não podemos descurar em torno do respeito às populações, em si distintas quanto à formação e à compreensão, em seus valores, inclusive morais.

No entanto – repetimos – estranha-nos o horário em que o programa foi exibido (20:00h desta quinta-feira, 4 de junho de 2020). Isso porque horário em que muitos ainda estão encerrando o jantar, ou mesmo iniciando-o. Simplificando: horário em que crianças não dormiram, a não ser os bebês.

Eis aí o busílis: crianças. Porque não pretendemos aqui inserir os adultos que não estão voltados para assistir tais cenas em horário de jantar.

Ficamos a imaginar nosso neto, que ao nosso lado assiste programas na televisão (documentários e programas infantis, preferencialmente) estivesse ali, do alto de seus 9 anos incompletos. Que indagaria ao avô ou à avó?

A reação posta neste texto não está voltada para a defesa de purismos ou puritanismos, Tampouco para elaboração de estudos acadêmicos. Até por que não faltará quem observe que a TV aberta (capitaneada pela Globo) há muito já o faz.

Mas por haver em nós gerado uma preocupação: a TV Educativa da Bahia, como televisão custeada pelo poder público – sob gestão louvável de interiorizar a recepção de seu sinal digital – levar em dito horário programações de fazer inveja a cenas íntimas dos malfadados BBBs.

Até porque não temos conhecimento de que tal conteúdo tenha sido objeto de proposta e programa de governo do atual governador quando candidato.

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