Esta terra brasilis não
dispensa oportunidade – em defesa da liberdade e da pluralidade – de confundir
alhos com bugalhos. E como liberdade de expressão o avançar sobre a intimidade
alheia ou mesmo impor conceitos em vez de educar para que possam ser aceitos
com naturalidade.
Defendemos – acima de tudo como instrumento de competição com os canais
comerciais privados – a TV pública como o meio de oferecer programação plural
centrada em valores que façam levar a todos aquilo que, muitas vezes, não é
considerado como papel pelas redes privadas no país (que visam o imediatismo do
lucro), qual seja programas educacionais (em todos os níveis e vertentes), como forma de valorização e reconhecimento da cultura brasileira.
Na esteira de tal pensar, as televisões ditas Educativas tornam-se, em
nível de estado ou região, um meio para que o telespectador acesse informação
não ofertada por canais comerciais.
A produção cultural (cinema, literatura, artes, dança, teatro, música
etc.) há de encontrar apoio estratégico através de ditas redes, valorizando a
produção de conteúdos regionais o que implica não só no reconhecimento dos
valores existentes naquela região como da expressão cultural em suas mais
diversas vertentes e a geração e o reconhecimento de atores, atores,
produtores, escritores etc. da região, o que implica na geração de emprego e
renda a integrar a economia local.
Assim, com particular alegria vi hoje no noticiário local da TVE Bahia
o anúncio da instalação de sinal digital da estatal em mais três localidades do
interior baiano.
Em seguida acompanhei o Giro Nordeste. E mantive o aparelho sintonizado
na emissora enquanto realizava uma atividade que me fez afastar o olhar da
telinha.
Quando voltamos à telinha, surpreso e estupefato – a partir das 20h
(mais exatamente às 20:05h) – vimos parte da programação para aquele horário
(não lembro o programa, mas as cenas) em que uma relação homossexual/lésbica em
plenitude se fazia e, em seguida, uma outra, heterossexual, exibindo em nudez
como não o fazem muitos filmes que buscam atingir um público com idade superior a
16 anos.
Cumpre ressaltar que nada temos contra opções sexuais. Estranhamos –
até porque a formação de nossa gente longe está de perceber o fato em si, mas
sob sua dimensão sociocultural (onde em muito ainda permeia a influência/formação
religiosa – o horário em que tais cenas foram exibidas.
Trilhamos por respeitar a produção cultural que promova o
reconhecimento de lutas em defesa de dita liberdade. Mas não podemos descurar
em torno do respeito às populações, em si distintas quanto à formação e à
compreensão, em seus valores, inclusive morais.
No entanto – repetimos – estranha-nos o horário em que o programa foi
exibido (20:00h desta quinta-feira, 4 de junho de 2020). Isso porque horário em
que muitos ainda estão encerrando o jantar, ou mesmo iniciando-o.
Simplificando: horário em que crianças não dormiram, a não ser os bebês.
Eis aí o busílis: crianças. Porque não pretendemos aqui inserir os
adultos que não estão voltados para assistir tais cenas em horário de jantar.
Ficamos a imaginar nosso neto, que ao nosso lado assiste programas na
televisão (documentários e programas infantis, preferencialmente) estivesse
ali, do alto de seus 9 anos incompletos. Que indagaria ao avô ou à avó?
A reação posta neste texto não está voltada para a defesa de purismos
ou puritanismos, Tampouco para elaboração de estudos acadêmicos. Até por que não faltará quem observe que a TV aberta (capitaneada pela Globo) há muito já o faz.
Mas por haver em nós gerado uma preocupação: a TV Educativa da Bahia, como televisão custeada pelo poder público –
sob gestão louvável de interiorizar a recepção de seu sinal digital – levar em
dito horário programações de fazer inveja a cenas íntimas dos malfadados BBBs.
Até porque não temos conhecimento de que tal conteúdo tenha sido objeto
de proposta e programa de governo do atual governador quando candidato.
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