Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Cravo neles!
Cientistas do Inpa desenvolvem inseticida feito com cravos-da-índia (do G1). 60 cravos misturados em uma xícara grande água, tudo batido no liquidificador, resultam num produto que matou, em laboratório, larvas do Aedis em 24 horas.
Alimentando a polêmica
Afirmações da existência de uma Terra oca existem desde tempos imemoriais. Coisa de loucos e visionários para muitos. O assunto é mantido a sete chaves, como segredo de Estado. O que inclui as famosas viagens do comandante BIRD, da Marinha dos EUA, através dos pólos Norte e Sul, em 1947 e 1956, respectivamente, relatadas em “A terra oca”, de Raymond Bernard.
A primeira foto que publicamos foi tirada por um satélite americano sobre o Polo Norte, o ESSA-7, a serviço do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em 23 de novembro de 1968. A outra pode ser montagem – dirão muitos.
Só restará a iniciativa
A Comissão da Verdade, que teve prazo fixado em dois anos para concluir seus trabalhos, se encontra sob fogo cerrado. Antes, o acesso a documentos se tornava o entrave maior; hoje, nem tanto. Algo já veio à tona. Mas, muito tímida a sua atuação até agora.
Pelo andar da carruagem o legado deixado estará no âmbito de ter sido criada. E pouco realizado.
Neste caminhar pouco saberemos do muito que ocorreu. Razão por que ter existido se tornará algo “do outro mundo”.
Laico, mas nem tanto
O argumento de o Estado Brasileiro ser laico, ou seja, desvinculado da intervenção das religiões, ou de uma em particular, como ocorreu durante o Império, tem levado a situações como a de alguns questionarem até o uso do crucifixo em ambientes públicos.
Uma guinada pode estar em andamento: o reconhecimento das entidades religiosas, entendidas como esta ou aquela igreja organizada em nível de representação.
Tal correrá se aprovada pelo plenário – como já o foi na Comissão de Justiça e Justiça e Cidadania, da Câmara dos Deputados – a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição nº 99/11, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), incluindo as entidades religiosas no universo daquelas que podem propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal. (Do sítio da Câmara).
Hoje a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil e a Convenção Batista Nacional estariam entre as entidades com legitimidade para questionar uma lei junto ao STF.
Falta avançar em outra vertente: cobrar tributo dos templos, como ocorre em alguns países civilizados.
Difícil de explicar
Muito difícil de explicar, já que justificativa não há sob a ótica da redução de custos. Na Paraíba, o Ministério da Integração Regional, através do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), decidiu utilizar cisternas de plástico em lugar das tradicionais de placas de cimento. O detalhe fica no custo de uma e outra, com equipamento e instalação: a de polietileno 5,9 mil reais; a de cimento, 2,2 mil. Detalhe: as de polietileno já instaladas já deram problema técnico, como rachaduras etc.
A denúncia vem de famílias e organizações de agricultores da região do Polo da Borborema, do sítio Aspta.org.br.
Resolvemos transformar em números o absurdo cometido: como o universo de beneficiados nos municípios a ser atendido consumirá 300 mil cisternas temos uma diferença entre 1,5 bilhão de reais (polietileno) e 660 milhões (de cimento). Praticamente um gasto desnecessário de 840 milhões de reais, o que possibilitaria a construção de outras 420 mil cisternas.
Registre-se que a instalação de cisternas de placas de cimento concentra na região, beneficiando diretamente a população local, os recursos financeiros que ora passam a se destinar à indústria de plástico.
O expressado por José Camelo, coordenador da Aspta-Agricultura Familiar e Agroecologia, “Até 2011, 7.146 famílias foram beneficiadas nos 14 municípios da região do Polo da Borborema, isso significa 14 milhões de reais injetados na economia local; se essas cisternas fossem de polietileno, este recurso iria, na sua maior parte, para uma única multinacional com sede em São Paulo”.
A moderna indústria
A denominada “indústria da seca” se notabilizou por utilizar a tragédia em fonte de enriquecimento para a casa-grande, nordestina em particular. Pequenos açudes a aguadas que davam trabalho e mísera remuneração ao sacrificado retirante que perambulava em busca de comida naturalmente eram construídos em terras que não lhe pertencia.
Na modernidade do plástico as cisternas de polietileno passam a se constituir a contemporânea “indústria da seca”.
Cisma
O desgaste é grande e pode levar Serra a deixar a sigla (por não ser o candidato a presidente pelo PSDB). É o que afirmam analistas. Pode sê-lo a Governador de São Paulo. Não pelos tucanos, que tentarão reeleger Alckmin.
Para quem já foi absoluto não deixa de ser um desgaste.
Que mais fragiliza os tucanos, às vésperas do pleito de 2014.
E como o pentecostal José Serra é dado a segurar imagens de Nossa senhora Aparecida, ou mesmo proferir orações de fazer inveja a Malafaia em templos evangélicos, sua saída não se constituirá em divisão, mas cisma.
Tratamento diferenciado
A pronta ação de Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, diante da ordem judicial que determinava a reintegração de posse em área que reunia cerca de 700 famílias foi uma resposta a altura de um governo que se preocupa com o ser e não com o ter. Não bastasse anunciar a edição de decreto declarando a área de utilidade pública para fins de desapropriação interveio junto ao Governo Estadual e ao próprio Tribunal de Justiça para sustar a ordem de retirada dos moradores.
Muito diferente do que ocorreu com o Pinheirinho, em São José dos Campos, onde quase 7 mil moradores foram retiradas sob a égide da força.
O detalhe fica no noticiário da Globo no Bom Dia Brasil na quarta 27: omitiu o nome do prefeito, limitando-se a citar a “Prefeitura de São Paulo”.
A campanha começou!
Falta grandeza
Caso não seja temer o que de errado esteja contido no conteúdo dos acórdãos da AP 470 (reproduzimos denúncia de que alguns ministros, a exemplo de Luiz FUX, que estão determinando sejam apagados registros de seus pronunciamentos proferidos no curso do julgamento) falta grandeza ao atual presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, ao negar ampliação de prazo para que os advogados dos réus conheçam melhor sobre o que terão de replicar. É que o Presidente do STF negou pedidos de acesso a votos e a ampliação de prazo para oposição de embargos (do Notícias STF).
Mais uma vez o ministro enfrenta princípios constitucionais, dentre aqueles o da razoabilidade, da proporcionalidade, do contraditório, da ampla defesa e mesmo do devido processo (no caso de José Dirceu nem mesmo deveria ter sido julgado pelo STF, tendo sido ferido o princípio do juiz natural), dificultando acesso de advogados àquilo que terão dominar no curto espaço de tempo entre a publicação dos acórdãos e a apresentação dos embargos, cinco dias.
Não queira Joaquim Barbosa imaginar que a Ação Penal 470 se constitui num processo de poucas páginas e que os senhores advogados tenham a dispor apenas de uma decisão concentrada de um só magistrado ou mesmo de um colegiado. E, nos parece, quando da apresentação das alegações finais o prazo fora dilatado. Há precedente, na própria AP 470.
Há sentenças do STF, cerca de 2.500, aguardando publicação de acórdãos, há mais de três anos. Pressa, portanto, não é o centro da questão.
Atente-se para a capacidade humana para a leitura: cerca de 5.000 páginas dia. E o acórdão pode ter 20 mil.
Parece-nos que Barbosa teme por alguma coisa que pode estar escondida em algum porão da AP 470. Caso contrário, está a lhe faltar a grandeza, natural a quem detém o poder.
Outros tempos
Ronaldo Nazário, o Ronaldinho, comentará, para a rede Globo, a Copa de 2014. Caso João Saldanha estivesse vivo certamente perderia espaço para o artilheiro da Copa de 2002, quando prevalecesse a lógica da mídia de resultados (financeiros).
A distância entre ambos, no entanto, é de anos-luz. Mais a registrar a descredibilidade que vai ocupando o jornalismo esportivo.
Família, a nova empresa
A antipática declaração da então senadora Benedita da Silva (PT), de que quem não pudesse não contratasse domésticas, vai adquirindo realidade. A unidade familiar, como tal, torna-se similar à empresa no que toca aos direitos oriundos da relação de emprego, incluindo FGTS e horas extras.
O detalhe fica na circunstância de que, diferentemente da empresa, a família não tem como repassar o custo para o consumidor.
Editor no horizonte
Mal dormita Eduardo Anunciação nas planícies da Eternidade e já anunciada a publicação de livro sobre ele, a ser lançado no próximo dia 28 de julho. É o que nos disse Marco Wense. O autor da façanha de descobrir e publicar segredos de “Gaguinho” é o nosso valoroso escriba – escrevendo em regime de escala – Daniel Thame.
Vai precisar de editora. Não tarda a montar.
Ainda há tempo
As críticas à administração municipal, às vésperas dos 100 dias da posse, devem ser encaradas como um alerta, acendida a luz amarela. A admirada construção do primeiro escalão, que não mais repercute como antes, nestes três meses não encontrou correspondência nos segundo e terceiro. E estes são os que realizam a gestão.
A relação com a Câmara de Vereadores pode destruir o projeto, ainda não trazido a público, do prefeito eleito como esperança de melhores dias.
Que neste instante aparece como persona distinta.
Outro Odeon
Lembrados os 150 de Ernesto Nazareth (1863-1934), o prócer do tango brasileiro, que não tardaria ser denominado simplesmente de choro, nascido aos 20 de março no Rio de Janeiro, vem-nos a importância do pianista e compositor que produziu música para a alma brasileira, valorizando instrumentos como o violão, a flauta e o cavaquinho, o conjunto instrumental que marcará o ritmo que soube traduzir a partir do que via mais nas ruas e menos nas salas de concerto.
Odeon (1910), homenagem ao cinema do Rio de Janeiro, onde o compositor tocava piano, uma de suas referências (ao lado de “Apanhei-te, cavaquinho” e “Brejeiro”), que se tornou seu maior sucesso (para muitos “Brejeiro” o seria), sobre a qual Vinicius de Moraes assinou letra (outra há, de Hubaldo Maurício), encontra aqui uma interpretação que soaria estranha à época, embalada em leitura jazística, interpretado por Fernanda Takai.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum