DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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PT e petistasAinda que não seja a perfeição, a atuação do Partido dos Trabalhadores no nível das administrações que assume tem sido motivo de considerações as mais várias, realçadas – nas críticas isentas – como um fenômeno positivo. A tônica de todas elas reside na busca de aplicar políticas progressistas, nacionalistas, de conteúdo social, com destaque para a distribuição de renda e redução das desigualdades sociais.
O PT tem caminhado nessa direção. Repudiado por aqueles que discordam, por convicção, de que concentrar a riqueza produzida por todos é a solução mais apropriada para a construção da Felicidade.
Sob esse prisma é interessante observar que Karl Marx chegou a afirmar que o capitalismo sucumbiria por si mesmo, por sustentar-se na contradição de socializar a produção da riqueza gerada por todos e concentrar a sua distribuição em poucos.
Uma atuação mais à esquerda, portanto, a do PT, se tomamos a clássica dicotomia nascida nos parlamentos europeus tradicionais, onde o da Revolução Francesa melhor registrou: à direita a representação da nobreza, à esquerda a dos sans-culottes, a base da burguesia que buscava superar os valores impostos pela monarquia absolutista e sua defesa de privilégios para a aristocracia e o clero, que a legitimavam.
O barrete vermelho se destacava na indumentária caracterizada da burguesia, onde o algodão grosseiro vestia os corpos dos que calçavam sapatos de madeira. Bem distintos do fausto e colorido da vestimenta aristocrática, pautada nas sedas.
Duas marcas, portanto, datam desta época: a relação com os ideais da Revolução, de políticas sociais do mais amplo alcance, e a cor vermelha associada aos que ficavam à esquerda.
Estas poucas linhas buscam ligeira análise a partir das declarações de Marta Suplicy a Eliane Catanhêde (agora no Estadão), onde aproveita a oportunidade para dizer horrores do PT, do Governo Dilma, da política econômica, da direção do partido e tudo o mais que lhe foi permitido dizer. E já anuncia estar sendo alvo de convite de uma gama de agremiações (excluindo, segundo ela, o PSDB e o DEM).
Pelo que sabemos, nestes pouco mais de 30 anos de existência do PT Marta Suplicy representou um de seus mais expressivos quadros. Sua administração como prefeita de São Paulo deixou marcas das políticas defendidas pelo petismo.
Razão por que – assim vemos – uma contradição parece encerrar a posição de Marta ex-petista Suplicy: o partido vai a 16 anos no Poder justamente porque o povo/eleitorado nele vê algo melhor que o ofertado pelos outros, o que inclui um voto de descrença/desconfiança nas políticas dos governos que o antecederam.
No fundo, no fundo não sabemos se mudou efetivamente o PT ou se mudou Marta Suplicy.
Não precisamos concordar com Bessinha, mas cheira a isso. Ou, que a seda da nobreza lhe assenta melhor que o algodão do sans-culotte.
Inflação
Um dos grandes - e dos mais tradicionais – cavalos-de-batalha da processo eleitoral de 2014, a inflação, ficou abaixo do teto (ainda que pouco), considerando o limite fixado para além do centro da meta; aquele, em 6,5%; este, em 4,5%.
O mundo desabaria. O Brasil já estava com a cuia estirada à caridade pública. Ainda que o Governo afirmasse que tinha a dita cuja sob controle a oposição não perdoava.
Trabalhando com as comparações, colhemos a didática disponibilização de Fernando Brito, no Tijolaço, demonstrando as metas e os correspondentes índices inflacionários desde que instituídas, em 1999, governo FHC. Ei-los:
1999 = (Inflação: 8,94%) (Meta: 8,0%) (Teto da Meta:10,0%) (FHC)
2000 = (Inflação: 5,97%) (Meta: 6,0%) (Teto da Meta: 8,0%) (FHC)
2001 = (Inflação: 7,67%) (Meta: 4,0%) (Teto da Meta: 6,0%) (FHC)
2002 = (Inflação:12,53%) (Meta: 3,5%) (Teto da Meta: 5,5%) (FHC)
2003 = (Inflação: 9,30%) (Meta: 4,0%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2004 = (Inflação: 7,60%) (Meta: 5,5%) (Teto da Meta: 8,0%) (Lula)
2005 = (Inflação: 5,69%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 7,0%) (Lula)
2006 = (Inflação: 3,14%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2007 = (Inflação: 4,46%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2008 = (Inflação: 5,90%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2009 = (Inflação: 4,31%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2010 = (Inflação: 5,91%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2011 = (Inflação: 6,50%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2012 = (Inflação: 5,84%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2013 = (Inflação: 5,91%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2014 = (Inflação: 6,41%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
Quando os números são verificados fica fácil saber quem deixou de cumprir. O gráfico permite melhor visualização. E conferir quem vem mantendo, durante 11 anos seguidos, a inflação dentro das projeções oficiais.
Desmanche
Da entrevista concedida por José Sérgio Gabielli a Mino Carta e Sérgio Lírio, na Carta Capital desta semana, pode-se concluir que muito do que está em jogo a partir do cerco de denúncias envolvendo a Petrobras mais está uma ação política para desmanche da economia que o combate à corrupção em si.
As ponderações de Gabrielli fazem sentido. Basta verificar os destinatários dos vazamentos das delações premiadas.
A conclusão é óbvia: punir corruptos e corruptores não infere em quebrar o país, pela inviabilização da atividade econômica.
Limites I
Causou-nos espécie uma chamada de capa da revista Carta Capital, em torno do atentado ao Charlie Hebdo: "TERROR NA FRANÇA. A chacina na redação do Charlie Hebdo indica talvez uma nova estratégia da ofensiva jihadista em uma guerra que o Ocidente não pode tolerar".
Não temos como feliz a postura editorial da revista de ver nos fatos ocorridos em Paris como um 11 de setembro. Assim entendido, soaria a uma conclamação para reações mais acirradas que as da atualidade contra muçulmanos.
Preferimos enxergar no 'talvez' um sinal de maturidade e de menos hipocrisia diante de tudo que a cultura Ocidental (em todas as dimensões, inclusive a da histórica manutenção de um controle geopolítico) tem efetivado em relação aos povos que se amparam no islamismo.
Por outro lado, a tônica aventada pela chamada enseja uma condição de minimização da atuação das potências ocidentais (onde se insere a França) em relação a suas políticas expansionistas. O que ocorreu no Iraque, na Líbia e o que ocorre na Palestina não é exemplo de quem se diga preocupado com a autodeterminação dos povos, muito menos com a Paz mundial.
Limites II
Longe de nós admitir a violência como aparato de enfrentamento. No entanto, violência o é em qualquer dimensão.
Cabe à sensatez observar com a precisão que se encerram nos fatos antecedentes para encontrar as razões para estupidez de assassinar.
A religião muçulmana vem sendo alvo de intolerância. O desrespeito ao islamismo vem sendo utilizado para fins os mais vários. Inclusive para alimento do neonazismo e o discurso da ultra direta europeia, utilizando muçulmanos como bode expiatório da crise econômica por que vive a Europa.
Alguém dirá que outros são os caminhos para reagir à intolerância – largamente utilizada pelo jornal vitimado –, como a busca do Poder Judiciário para enfrentá-la dentro dos limites do Estado de Direito. De tal postura utilizaram-se diversas associações islâmicas quando se sentiram alvo do desrespeito à sua religião. A Justiça francesa deu ganho de causa à publicação.
O que andam fazendo com o islamismo na Europa lembra a postura daquele pastor evangélico que chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Que o diga a consciência do caro leitor do quanto publicado (charge abaixo) pelo Charlie Hebdo, 'homenageando' Maomé.
Limites III
Nada justifica a violência. Mas não custa a Carta Capital acautelar-se. Não por temor, mas por respeito às diferenças. Afinal, o Ocidente não é lá este santo que se entroniza nos altares por ele construídos, nos quais muito de nossa imprensa bebe a verdade.
Num primeiro instante disponibilizamos texto publicado no jornalGGN através de http://jornalggn.com.br/noticia/a-tortura-praticada-pela-cia
E para coroamento: http://www.washingtonsblog.com/2008/05/congratulations-america-children-are-being-tortured-in-your-name.html
Ainda que o leitor se sinta agredido, cabe-lhe saber que os torturados, assim como as crianças sodomizadas diante das mães, o foram por quem se diz exemplo de liberdade e de defesa dos direitos humanos. Integrante da Civilização Ocidental.
Não se espante por serem, tais crianças e torturados outros, muçulmanas.
Charlie Hebdo é ponta do iceberg.
Inesquecível
Faria hoje 92 anos o insuperável Sérgio Marcos Rangel Porto, o Stanislaw Ponte Preta.
Eleições
Mal começados os ensaios para as candidaturas a prefeito em 2016 e alguém lançou o governador Geraldo Alckmin à presidencial de 2018.
Ainda que o 'picolé de chuchu' tenha radical apoio de todos os meios que sustentam o conservadorismo não sabemos como a Cantareira e o Alto do Tietê tratarão o candidato.
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