domingo, 15 de março de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
___________________

Crise
Prestes a estourar a extração de petróleo à base de xisto, nos Estados Unidos. A viabilidade somente ocorrer com o barril em torno de 60 dólares. Só entre dezembro/2014 e janeiro/2015 a queda representou 3%. Em 2012 eram 215 sondas de perfuração, em fevereiro/2015 foram reduzidas a 133. Os dados são do NDIC Department of Mineral Resources analisados por Rogério Maestri no GGN ("Quem está em crise não é a Petrobras é o Shale Oil nos USA").

Rezam os estadunidenses para que o governo (des)pressione a Arábia Saudita e o petróleo volte ao patamar de 100 dólares o barril. O xis da questão reside na ação política que motiva os EUA a pressionarem Rússia, Venezuela e Irã economicamente, afetando suas balanças de exportação para que correspondam à geopolítica internacional, onde perdem (os EUA) espaço.

Na outra ponta a Chevron  aquela a quem José Serra promete a Petrobras, com pré-sal de lambuja  anuncia a venda de até 70% de ativos.

A Petrobras explora o pré-sal extraindo a custos que variam entre 14 e 40 dólares o barril. Resultado da tecnologia desenvolvida. Que tende ao barateamento, haja vista o aumento da produção, que já supera o 700 mil barris/dia.

Mas há quem fale em quebra da estatal brasileira. 

Começam a surgir
Como não poderia deixar de ser, mais cedo ou mais tarde os nomes brasileiros na lista do SuissLeaks haveriam de surgir. O Globo conseguiu a lista – antes privativa do UOL, escondida pelo jornalista Fernando Rodrigues.

Já apareceu o nome Otávio Frias, da Folha de São Paulo. 

Antes a turma do jornal se fizera famosa por colaborar com a repressão política na ditadura, disponibilizando seus carros para apoio à tortura, transportando vítimas. 

Agora entra no rol dos que escondem dinheiro lá fora.

É que o problema que pode afetar nomes da lista do HSBC não reside no depósito em si, mas em não estar declarado para a Receita Federal.

Outros nomes divulgados: João Saad, Ratinho, Lily Marinho. Etc. etc.



Até Francisco!
Financiamento público. Recomenda o papa Francisco. Ouçamos Sua Santidade:

“En tercer lugar –es una de las cosas que tenemos que lograr, ojalá la podamos lograr- una campaña electoral de tipo gratuito, no financiada. Porque en las financiaciones de las campañas electorales entran muchos intereses que después ‘te pasan factura’. Entonces, hay que ser independientes de cualquiera que me pueda financiar una campaña electoral. Es un ideal, evidentemente, porque siempre hace falta dinero para los afiches, para la televisión. Pero en todo caso que la financiación sea pública. De este modo yo, ciudadano, sé que financio a este candidato con esta determinada cantidad de dinero. Que sea todo transparente y limpio”.

Com todas as letras está a sugestão para ‘campanhas’ não financiadas, porque quando entram muitos interesses a ‘fatura’ é passada depois. Considerando a existência de despesas, que então seja o caso de ‘financiamento seja público’. Mais ‘transparente e limpo’ poder o cidadão saber a quantidade de dinheiro que o ‘candidato’ recebeu.

Só Gilmar Mendes não escuta. Tanto que senta sobre uma decisão já vitoriosa no STF, que condena o financiamento privado.

Circulando
Na rede, de forma irônica, circulando um excelente antídoto para quem anda agindo por impulso. 

Para não falarmos em pulsões da morte (cívica), que é coisa para a Psicanálise.

Nenhum interesse
Afastados esparsos discursos e uma iniciativa concreta liderada pelo PSOL, o Congresso brasileiro não demonstra o menor interesse em apurar as atividades ilícitas do HSBC, como o fez o Senado dos Estados Unidos, acessível através de um simples clicar em http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/psi_report-hsbc_case_history_9.6_0.pdf onde há claras (documentadas) referências à atuação do banco no Brasil (páginas 185 e 186 do relatório, dentro do capítulo “HSBC Afilliates in the Americas”, com início na 183).

Nossos augustos catões poderiam simplesmente buscar as informações relativas ao Brasil, necessárias e materializadas suficientemente para dar início a procedimento investigativo, no próprio relatório do Senado estadunidense.

Ninguém imagina que haja algum parlamentar na lista.

Em risco
Próximos livros de memórias de jornalistas e repórteres do complexo Globo – caso traduzam a verdade dos fatos – não dispensarão de relatar os riscos por que passaram a partir dos anos mais recentes.

O desgaste da TV Globo vai assumindo proporções inimagináveis. Já põe em risco – não fora o caráter pacífico dos manifestantes, que verberam o decorado “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” – seus repórteres.

Tanto que Burnier usava capacete durante o trabalho na caminhada paulista.

Nada casual
Encontro nada casual aquele entre o ministro Gilmar Mendes e o presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha. 

Um interesse comum os une: a defesa do financiamento privado às campanhas políticas.

Além disso, a PEC da Bengala atende aos reclamos do ministro Gilmar Mendes a serviço da oposição, para evitar o ingresso de cinco novos ministros no STF por indicação de Dilma.

Aparelhamento
Não sabemos como reagirão os direta e indiretamente envolvidos. Mas a iniciativa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de criar uma Secretaria de Comunicação Social para a Casa, vinculando as programações da Rádio e TV Câmara ao seu controle através de quem indicará traz preocupante desdobramento.

A autonomia do conteúdo da programação sempre foi lembrada como sinal de qualidade e isenção presentes na comunicação efetivada pela TV Câmara.

Tudo está em risco.

Inicia-se uma luta para derrubada da dita Secretaria, o que pode repetir a outra – vitoriosa – contra o “bolsa-madame” ou o “transpatroa”, como a ironia denominou a pretensão de Cunha de estender para as esposas dos parlamentares passagens aéreas.

No fundo Eduardo Cunha precisa cumprir as promessas quando criou um típico rebanho para chamar de seu.

Apenas para lembrar, integram o currículo de Cunha um número considerável de ações, em número de 22, que podem ser detalhadas no http://jornalggn.com.br/blog/as-acoes-que-correm-contra-eduardo-cunha :

Perseguindo a tortura
Nobilíssima iniciativa começa a ser posta em prática com a nomeação, pela Presidente da República, da comissão de peritos do denominada Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão do Sistema Nacional de Combate à Tortura.

Não se trata – como inicialmente pode parecer – de relação aos escabrosos casos de tortura a presos políticos durante a ditadura civil/militar, mas de efetivo acompanhamento de atuações em presídios, delegacias e mesmo hospitais psiquiátricos.

Os peritos – com mandatos entre dois e quatro anos – terão livre acesso a quaisquer dessas instituições, sem prévia comunicação, cabendo-lhes elaborar relatório com recomendações para o asseguramento dos direitos da pessoa humana.

Alguns estados já instituíram suas comissões (Rio de Janeiro, Paraíba, Alagoas, Espírito Santos, Rondônia e Minas Gerais).

Neste particular quesito a Bahia continua devendo.

Mobilizações
As mobilizações ocorridas na sexta podem ser interpretadas, no plano histórico, como um lembrete de que as coisas não acontecerão como planejado pelas elites e seus áulicos.

Mais imperou a defesa da Petrobras. E da Democracia.



Uma coincidência
No dia 15 de março de 1789 Joaquim Silvério dos Reis delatou os companheiros da Inconfidência Mineira. 

Beneficiou-se com títulos e valores e galhardias para a época.

Para Motta Araujo, no jornalGGN, “Em troca, pois era uma delação premiada, a primeira registrada no território, Silvério dos Reis recebeu a promessa de recompensas, quais seriam, uma certa quantidade de ouro, o perdão das dívidas fiscais, a nomeação para o cargo de Tesoureiro das províncias de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, uma mansão para moradia, pensão vitalícia, título de Fidalgo da Casa Real, fardão e hábito da Ordem de Cristo, um encontro em Lisboa com o Príncipe Regente Dom João. Não se sabe se as promessas foram cumpridas.”

Vestais do 15
Uma tal Fernanda Mano (hoje, de Almeida, nome de casada provavelmente) se arvora de indignação nas redes sociais. Bom exemplo de vestal da moralidade que irá às ruas neste 15.

Está na lista do SuissLeaks. Como observa Marcelo Pereira em comentário no Conversa Afiada:

"Filha de um ex-diretor do Metrô na gestão de José Serra, que mantinha conta no HSBC, Fernanda Mano de Almeida (ela também correntista na Suíça) espalha mensagens como ‘eu tenho vergonha dos políticos brasileiros’ nas redes sociais; seu pai, Paulo Celso Mano Moreira da Silva, é acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público do Estado por suspeita de corrupção com a Alstom; na época da assinatura de um polêmico contrato com a multinacional francesa, ele virou correntista do banco suíço e chegou a ter saldo de US$ 3,032 milhões; Fernanda é uma das beneficiárias da conta".

Já observa Amaury Ribeiro Jr. no "Privataria Tucana" (págs. 93 e 94, reproduzidas por PHA):

"(…)Parceiro de Dantas no processo de privatização, (diretor do Banco do Brasil  no governo FHC) Ricardo Sérgio (conhecido como Mister Big), lançou mão do mesmo estratagema para movimentar recursos no exterior. Com 1.057 páginas, o relatório dos peritos da PF mostra que Mr. Big usava dois doleiros de peso para levar seus recursos até a agencia do Banestado em Nova York: Alberto Youssef – que também prestou o mesmo serviço para o contrabandista João Arcanjo Ribeiro (conhecido como Comendador Arcanjo, o criminoso foi preso em abril de 2003. Também prestou esse serviço para Dario Messer, acusado de levar para a Suíça os R$20 milhões desviados pela “Máfia dos Fiscais” do Rio de Janeiro.

Em quatro anos, entre 1996 e 2000, Mr. Big teria remetido ao exterior uma montanha de dinheiro com altitude de US$ 20 milhões. Para os peritos federais, todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio dormia inicialmente em várias contas abertas por Messer e por Yousseff na agência novaiorquina do Banestado. Novamente, as contas eram abertas em nome de offshores, com apoio de David Spencer e ancorado no escritório de Citco nas Ilhas Virgens Britânicas. Eram incumbências de Spencer – que opera para Mr. Big desde os anos 1980 – também a abertura das contas dessas offshores na agência do Banestado e em outros bancos de Nova York. A documentação expõe, por exemplo, a participação do advogado na abertura da conta da offshore June International Corporation, operada por Yousseff no Banestado nova – iorquino. Do Banestado, a grana do ex-diretor do banco fazia uma escala em outras contas abertas no MTB Bank e outros bancos operados pelos doleiros da Beacon Hill. Era o último porto do dinheiro antes da revoada para as contas de Ricardo Sérgio, João Madeiro da Costa, o homem de Mr. Big na Previ, Ronaldo de Souza, em Miami ou nas Ilhas Virgens Britânicas."

A indignada Fernanda Mano pode estar gastando, em passeatas, o sagrado dinheirinho do povo paulista desviado no escândalo do metrô e trens, através da Alston e Siemens.

Só falta carregar um Terço, como as indignadas de 1964.


Mínimo a exigir
As razões apresentadas pelo médico Ricardo Rosas, afirmando haver maracutaia em iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde no combate ao câncer de mama  pessoalizando-a no secretário Eric Ettinger  exigem um contraponto do secretário de forma convincente.

Afinal, argumenta Rosas, há oferta de prestadores de serviço na região que não está sendo demandada pela Secretaria, que foi buscar apoio distante.

Uma análise de custos dará razão a um ou outro.

O mínimo que se exige é tão somente transparência e menos bate-boca.

Juvenal
De Juvenal Maynart no Facebook: "A única constatação evidente entre as manifestações dos dias 13 e 15\03 é a divisão do BRASIL pela COR DA PELE".

"Vão ter que me engolir" I
A expressão que titula esta postagem é de Zagalo, depois do jogo Brasil x Bolívia, em junho de 1977. Sob anteriores críticas ao seu trabalho à frente da Seleção encarou as câmeras com o desabafo no imediato da conquista daquela Copa América.

O jornalista Joel Filho, em seu programa radiofônico, traduziu o que ouviu do ex-deputado Geraldo Simões, em fim de noite de jantar na Los Pampas.

Dizendo respeitar em 2016 somente Fernando Gomes, e criticando parceiros do PT, o recado de GS é bastante claro. 

E não deixa dúvida: será candidato a prefeito. Para vencer.

"Vão ter que me engolir" II
A leitura deste escriba é simples: no PT ou fora do PT Geraldo será candidato (o que é de óbvia ululância  para lembrar Nelson Rodrigues). Para vencer – por uma questão de honra e lição aos desafetos internos – tudo fará para alcançar o galardão.

Nesse aspecto – para vencer – é que reside o nó górdio, não tão górdio para ele. No PT ou fora dele GS sinaliza – acena com todos os lenços – para uma aliança com o candidato que 'respeita', Fernando Gomes. O aceno não é recente.

Uma aliança que não precisa ser às claras. Apenas que assegure votos. Com o PT ou não.

Geraldo Simões sabe do cacife de que dispõe. Joga com as palavras em recados diretos.

Ora buscando espaço internamente em relação a cargos que mantenham correligionários na máquina administrativa. 

Ou preparando o terreno para distribuir promessas a quem delas careça.

"Vão ter que me engolir" III
A ilação pode parecer absurda aos puristas. Mas secretarias e benesses para Fernando Gomes – caso não tenha condições de candidatar-se – abrem porteiras para um estouro de boiada a favor de GS.

A indicação de um vice por Fernando escancara o caminho. Mas pode ocorrer, caso FG queira inserir no contexto alguém de sua confiança. Familiar de preferência.

Depois de eleito se o PT não se curvar aos seus caprichos pode sair do partido. Vitorioso.

Portanto, não será exagero por na boca de Geraldo o recado direto ao PT: "vão ter que me engolir".

Para concluir
Ouvimos, recentemente, de uma bem informada figura do PT local, em torno da real possibilidade de apoio incondicional do partido à candidatura de Geraldo Simões.

Basta que conversas em andamento não se materializem em resultados concretos e viáveis.

Afinal, em jogo um município do porte de Itabuna. A escassez de quadros do partido em Itabuna para a majoritária chamam à reflexão.

Engolir até sapos justifica o esforço. O que significa não haver exagero em incluir na dieta o companheiro GS.


Nenhum comentário:

Postar um comentário