Própria
Antes de entrarmos em sala de aula, na UESC, nesta terça, um colega perguntou-nos se participaríamos de qualquer destas mobilizações anunciadas. Não nos preocupamos em saber em torno de qual delas se referia. Afinal, conhecemos por demais sua linha de pensamento e evitamos abrir um debate infrutífero para qualquer das partes. Demais disso, pusemos em prática uma observação de Carl Jung em seu livro de memórias (Memórias, Sonhos, Reflexões) onde dito que aprendi a não dizer aos outros aquilo que não podem entender.
Respondi-lhe apenas que via tudo com profunda tristeza o que ora ocorre no país porque imperava muito mais a estupidez e a insensatez que o interesse público. Demos ênfase ao geral, deixando o particular que o interessava. E demos por encerrado o assunto.
Percebe qualquer um medianamente racional que há quem queira transformar o Brasil num caos que não existe, mas interessa a quem o deseja. E tudo sustentado na insensatez de desrespeitando instituições democráticas afirmar defendê-las. Como a palavra 'sangramento' entra na moda percebemos que muito mais há de açougue que de racionalidade. E tudo posto como se debate o fosse.
Há pouco acompanhamos uma votação no Congresso que apreciava o veto presidencial à redução dos valores de contribuição previdenciária para empregados e empregadores domésticos, fixada até então em 12% para empregadores e 8% para empregados.
A pretensão girava em reduzir o percentual de ambos para 6%.
Particularmente comungamos com o raciocínio de que foi dado pela Emenda Constitucional um tratamento empresarial ao empregador doméstico o que, na maioria dos casos, constitui uma penalização pecuniária ao orçamento familiar. Claro que não colocamos no rol de prejudicados as grandes riquezas familiares, mas uma parcela da classe média que entende ser necessário empregar alguém para que possa aumentar a renda buscando laborar fora.
Mas – dizíamos – acompanhamos a votação. Em sede senatorial o veto foi mantido.
Nosso registro versa sobre o discurso falso dos que afirmavam defender os domésticos com a redução de 8% para 6%.
Na realidade a redução beneficiava muito mais o empregador, que teria seu percentual reduzido à metade (de 12% para 6%). Lógico, pois, seria afirmar que sua defesa destinada estava ao empregador e que o empregado entrava na oração como Pilatos no Credo.
Considerando que há no mesmo Congresso um Projeto de Lei Complementar, de inciativa do Poder Executivo, visando regulamentar a Emenda Constitucional (a denominada PEC das domésticas), onde inseridos os questionamentos em torno dos percentuais, e considerando que a redução pretendida e não alcançada diferenciava o benefício em relação a quem mais carecia, concluímos que a luta fazia parte das manifestações contra o Governo.
No molde do panelaço. Posto em prática em instante antecedente ao discurso presidencial. Ou seja: antes que se soubesse o que diria a Presidente já panelada estava.
O que significa que a reação não dizia respeito ao conteúdo da fala, mas a quem falaria.
No fundo, no fundo tudo em defesa própria, da causa que abraça.
Definitivamente não vivemos um instante voltado para aperfeiçoar a construção do país onde todos possam ter acesso mais igualitário à riqueza nacional, mas no insistente e reincidente tema (leitura da História) de que há quem lute para voltar ao que era. Se possível fosse, até à revogação da Lei Áurea.
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