E espetáculo
Cabe
estar no imaginário – ainda que sejamos uma sociedade de memória curta – o indiciamento
de Luiz Gushiken dentre os 40 do denominado ‘mensalão’ petista (ainda que caixa
2), tornado mensalão para convir aos interesses espúrios que levaram à
condenação de muitos com base em ilações e abstrações amparadas mais na pressão
midiática que na prova dos autos, tanto que alguns condenados o foram sob o condão
da teoria do “domínio do fato” diante da ausência de provas.
No
caso de Gushiken, instaurado o procedimento no STF, a própria acusação, em
plenário, pediu a retirada do nome de ‘acusado’, por não haver encontrado
nenhuma prova contra ele. A dignidade da vítima exigiu que fosse julgada e
absolvida. O que ocorreu.
Em
Itabuna há um caso semelhante – por sinal envolvendo petista – lá se vão quase
30 anos. O tesoureiro José Pimentel, da primeira gestão de Geraldo Simões,
foi preso em decorrência de uma bem urdida trama, onde o prefeito (que sucedeu a Geraldo), Fernando
Gomes, se aliou a um delegado e a uma magistrada. A magistrada se deixou
convencer pelos argumentos da turba e decretou prisões preventivas a torto e a
direito, naquele julho de 1997.
Deste
caso registre-se que o jornalista Manuel Leal foi assassinado, em janeiro de 1998, muito
provavelmente em decorrência da denúncia de que o delegado recebia dinheiro da
Prefeitura, demonstrando-o com cópia de um cheque no valor de R$ 4.500,00
emitido pela Prefeitura e que apareceu em processo de pagamento do município
como ajuda de custo da ‘viúva’ ao carente delegado.
Registre-se
que a espetacularização norteou aquele procedimento. O delegado instalado em
sala da prefeitura municipal comandava a cena e agitava o noticiário vazando
para a imprensa o que lhe convinha e ao prefeito. Até que a denúncia de Manuel
Leal estampada na primeira página do A Região começou a mostrar o que estava
realmente em evidência: política contra o gestor e o partido que antecederam a
gestão que fazia da caça às bruxas um palanque eleitoral.
O
JornalGGN divulgou nesta segunda a refutação da defesa de Vaccari Neto em
relação aos motivos que o fazem permanecer preso, custodiado por força de
decreto de prisão preventiva, expedido pelo juiz Sérgio Moro.
Não
nos cabe aqui aprofundar a moralidade das justificativas apresentadas pela
defesa de Vaccari. Uma leitura em torno delas aqui (documentadas) mostram
muito de verossimilhança. Mas – dirão muitos – é a voz da defesa. A elas –
ainda que cauteloso – nos filiamos. A cautela reside no fato de que provas da
acusação refutadas e provadas não foram acatadas por quem comanda o espetáculo.
Razão
por que fica-nos a lembrança de José Pimentel e Luiz Gushiken.
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