terça-feira, 14 de julho de 2015

Verdade

E espetáculo
Cabe estar no imaginário – ainda que sejamos uma sociedade de memória curta – o indiciamento de Luiz Gushiken dentre os 40 do denominado ‘mensalão’ petista (ainda que caixa 2), tornado mensalão para convir aos interesses espúrios que levaram à condenação de muitos com base em ilações e abstrações amparadas mais na pressão midiática que na prova dos autos, tanto que alguns condenados o foram sob o condão da teoria do “domínio do fato” diante da ausência de provas.

No caso de Gushiken, instaurado o procedimento no STF, a própria acusação, em plenário, pediu a retirada do nome de ‘acusado’, por não haver encontrado nenhuma prova contra ele. A dignidade da vítima exigiu que fosse julgada e absolvida. O que ocorreu.

Em Itabuna há um caso semelhante – por sinal envolvendo petista – lá se vão quase 30 anos. O tesoureiro José Pimentel, da primeira gestão de Geraldo Simões, foi preso em decorrência de uma bem urdida trama, onde  o prefeito (que sucedeu a Geraldo), Fernando Gomes, se aliou a um delegado e a uma magistrada. A magistrada se deixou convencer pelos argumentos da turba e decretou prisões preventivas a torto e a direito, naquele julho de 1997.

Deste caso registre-se que o jornalista Manuel Leal foi assassinado, em janeiro de 1998, muito provavelmente em decorrência da denúncia de que o delegado recebia dinheiro da Prefeitura, demonstrando-o com cópia de um cheque no valor de R$ 4.500,00 emitido pela Prefeitura e que apareceu em processo de pagamento do município como ajuda de custo da ‘viúva’ ao carente delegado.

Registre-se que a espetacularização norteou aquele procedimento. O delegado instalado em sala da prefeitura municipal comandava a cena e agitava o noticiário vazando para a imprensa o que lhe convinha e ao prefeito. Até que a denúncia de Manuel Leal estampada na primeira página do A Região começou a mostrar o que estava realmente em evidência: política contra o gestor e o partido que antecederam a gestão que fazia da caça às bruxas um palanque eleitoral.

O JornalGGN divulgou nesta segunda a refutação da defesa de Vaccari Neto em relação aos motivos que o fazem permanecer preso, custodiado por força de decreto de prisão preventiva, expedido pelo juiz Sérgio Moro.

Não nos cabe aqui aprofundar a moralidade das justificativas apresentadas pela defesa de Vaccari. Uma leitura em torno delas aqui (documentadas) mostram muito de verossimilhança. Mas – dirão muitos – é a voz da defesa. A elas – ainda que cauteloso – nos filiamos. A cautela reside no fato de que provas da acusação refutadas e provadas não foram acatadas por quem comanda o espetáculo.

Razão por que fica-nos a lembrança de José Pimentel e Luiz Gushiken.

Inocentados depois de massacrados. Vítimas do espetáculo como verdade.


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