Começa hoje um julgamento no Supremo Tribunal Federal, histórico para muitos, no instante em que tendemos a tornar grandioso nosso cotidiano. Os pares julgarão o denominado “mensalão”, assim chamado o caixa 2 oriundo do PT, elevado a “compra de votos”, modificando, desta forma, para quem o divulga, os elementos do tipo penal. Menos para aumentar a pena e mais para alimentar o discurso político contra o Partido de Trabalhadores, que caiu na besteira de pretender repetir o lugar-comum das campanhas eleitorais no Brasil: gastar mais e declarar menos.
A carga de vários órgãos da imprensa falada e escrita retomou nestes dias a divulgação dos fatos sem atentar para o que ocorreu de 2005 para cá, das provas que não foram apresentadas depois da denúncia que minimamente comprovassem a alegada “compra de votos”.
Para não falarmos da recente decisão do TCU reconhecendo como regulares os contratos celebrados por Marcos Valério, tornando lícitos os recursos financeiros que irrigaram o caixa 2 petista, o que joga por terra o argumento de que teriam origem no poder público.
É que o objetivo é outro. Para uns, de defesa de seu território, como Fernando Henrique Cardoso (afinal, o "mensalão" do PSDB mineiro, que o alcança, está a caminho) ou da virulência ideológica de quem habitou os porões do CCC-Comando de Caça aos Comunistas da Mackenzie paulista, caso de Bóris Casoy.
Como observou Jânio de Freitas, “Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes” (Folha de São Paulo, 31 de julho). Essa circunstância, observa, torna o julgamento pelo Supremo desnecessária.
Sintomático, para este analista, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso expresse um juízo de valor onde seja dispensado uma aplicação pura e simples da lei, subordinando o julgamento às “opiniões da sociedade” (ele quer a opinião pública no julgamento). Ocorre que essa opinião está manipulada, não discutida com racionalidade.
Bóris Casoy (que Deus nos perdoe citá-lo), exorbita na seara de FHC: “Não basta ao STF julgar baseando-se apenas em análises técnicas, isto um computador pode fazer, é preciso ir mais além... é o que o Brasil espera!” (O Brasil dele, naturalmente).
Para nós se FHC recomenda o julgamento que ouça o que pensa dele a sociedade (manipulada) ele tem elementos mais que suficientes para saber que, sob julgamento técnico, não haverá condenação com o pretende uma elite deste país, encastelada no controle da informação, como apresentada/manipulada por ela.
Não à toa conta com arauto como Bóris.
Aliás nenhum deles quer o julgamento técnico que reconheça caixa 2 (que é crime, sim), que não atinge a maioria dos acusados, ou de evasão de divisas. O que desejam é ver reconhecido o mensalão (julgamento político) e formação de quadrilha.
Esta é a festa que aguardam da orquestra que imaginam transformar o STF.
Regida por eles.
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