DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Como sempre
EUA e dono do eBay financiaram oposição ucraniana, afirma texto
divulgado no www.advivo.com.br, o que
nos leva a concluir que os estadunidenses voltaram aos tempos de sempre: intervenção
‘democrática’ aqui e alhures.
“Documentos vazados pelo site de notícias PandoDaily mostram
como o governo dos Estados Unidos e Pierre Omidyar, dono do eBay e do site
jornalístico The Intercept, ajudaram a financiar os oposicionistas ucranianos.
O governo dos EUA doou dinheiro aos ucranianos por meio da USAID (Agência dos
Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional). Já a outra parte do
dinheiro veio do bilionário norte-americano, que já trabalhou com o governo dos
EUA.
Ou seja, numa
reviravolta, Omydiar passa de financiador de projetos para desmascarar governos
a apoiador de iniciativas políticas capazes de causar instabilidade numa região
do globo. De modo algum os documentos vazados pelo PandoDaily atestam um golpe
de Estado apoiado pelos EUA, mas como o financiamento externo impulsionou
muitos dos grupos envolvidos na derrubada do presidente Viktor Yanukovych.”
Caso alguém afirme que tal está ocorrendo também na Venezuela
não o chame de paranóico. Presente a mesma USAID, que por esta “terra de São
Saruê” andou nos anos 60, financiando, com a CIA, o projeto que resultou no golpe
militar de 1964.
E que por aqui e agora – como alhures – pode estar financiando mascarados.
Não faltando próceres políticos, como antes, para ‘legitimar’ a iniciativa.
O médico e o monstro
Definitivamente
estamos caminhando para um estágio de absoluto nonsense quando presente algo
que possa atingir o Programa Mais Médicos. Como o ocorrido a partir do hospital
de Candiota-RS, quando um médico cubano foi convocado para atender um caso de
urgência fora do posto de saúde, encaminhando o paciente para o Pronto Socorro
de Bagé.
O Conselho
Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, através de seu presidente, César Mello,
quer agora o descredenciamento do cubano por desrespeito às normas, visto que “Existe uma
determinação do Conselho Regional de Medicina que fica vedado, fica proibida a
atuação desses profissionais a nível hospitalar”. (Sic).
“A prefeitura de
Candiota diz que o médico cubano recebeu autorização da Secretaria de Saúde do
município para atender o paciente porque se tratava de um caso de vida ou
morte. ‘O nosso município é cumpridor de todas as leis, mas existe uma lei que
está acima de todas as leis, que é a lei da vida, a lei dos direitos humanos’,
afirma o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador”, como registra texto no www.advivo.com.br a partir de informação do
G1 RS.
Imagine o leitor se o
médico cubano atendesse à burocracia – do CRM – e o paciente viesse a morrer
por falta de atendimento! Como salvou a vida do desgraçado corre o risco de ser
punido.
O disparate do
CRM pode ser bem aquilatado a partir do expressado pelo diretor técnico do
hospital, Alexandre Davila, “o médico cubano teria sido chamado porque o profissional
que estava de plantão se atrasou e havia um paciente em estado grave aguardando
atendimento. A decisão teria sido tomada pelo gerente administrativo do
hospital”.
O mais interessante é
o fato que parece mais interessar ao CRM: não a vida humana, mas normas
burocráticas, ainda que em detrimento do Juramento de Hipócrates (muitos hoje
fazem o juramento de Mercúrio, o deus do comércio). Muito menos a solução para
casos como este, quando um médico brasileiro não chega no horário para
corresponder à suas obrigações profissionais.
Por essas e outras há
CRM por aí que anda mais para Dr. Jeckil. Ou, como dizia vó Tormeza: “Tem gente que anda com a maldade no pé do chifre!”
Sina
No instante em
que é desencadeada uma campanha preventiva em favor do “racionamento petista”
de energia – para contrapor ao de FHC em 2001 – sem que haja evidências de que
tal ocorra, lá vem o PSDB conviver com uma possibilidade real de racionamento:
de água, em São Paulo.
Triste sina!
Voltando aos trilhos I
Decisão do
ministro Ricardo Lewandowski reflete o posicionamento de respeito aos ditames
constitucionais que refletem o denominado princípio do juiz natural. O que deve
nortear a decisão envolvendo o ex-deputado Eduardo Azeredo, que deve escapar de
ser julgado pelo STF por haver perdido a prerrogativa de foro especial por não
exercer cargo dentre os elencados no art. 102, I, ‘b’, da CF.
É a dedução a que
chegamos a partir da informação veiculada pelo Estadão, de que “O ministro Ricardo
Lewandowski determinou o desmembramento da ação penal 863 contra o ex-prefeito
de São Paulo e atualmente deputado federal Paulo Salim Maluf (PP-SP). Com a
decisão, apenas o parlamentar, que possui prerrogativa de foro, será julgado
pelo STF, enquanto os outros dez réus da ação, incluindo sua esposa, Sylvia
Luftalla Maluf, e seus filhos Flavio e Ligia Maluf, serão julgados em
outras instâncias.”
O dispositivo
constitucional fora atropelado para atender à sanha de condenação pelo STF de
envolvidos na AP 470, hoje claramente configurada para atingir o núcleo
político petista dentre os 40 denunciados.
A decisão do ministro
Lewandowski, de forma subliminar, é uma acusação contra o próprio STF, abrindo
espaço para os desdobramentos em relação a algumas condenações na AP ao
arbítrio da Constituição.
Ou, em outro
interpretar, trazendo o STF de volta aos trilhos da legalidade constitucional.
Ainda que contra a visão de alguns pares.
Voltando aos trilhos II
Outros trilhos
não deixam o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo dormir: os de trens e de metrô,
depois que Nelson Branco Marcetti, ex-diretor da Siemens, afirmou ao Ministério
Público e à polícia que Serra está diretamente envolvido na falcatrua, como bem
ilustrado em matéria de Pedro Marcondes de Moura na IstoÉ.
A gracinha fez
com que - apenas parte do escândalo - trens com mais de quatro décadas de funcionamento
fossem reformados custando o preço de novos.
Outros trilhos
Diversos são os
trilhos por que tendem a passar alguns ministros do STF depois do julgamento
dos embargos infringentes e da confissão de Joaquim Barbosa de que ‘exagerou’
nas condenações de Dirceu, Delúbio e Genoíno para evitar a prescrição de crimes
que, ao que parece, somente a Procuradoria-Geral da República e parte do STF
viram.
Não fora a defesa
intransigente – começando a fraquejar – que lhe a faz mídia que o deseja como
candidato que permita levar a eleição presidencial a um segundo turno, a
situação de Joaquim Barbosa o dos demais ‘cumpanheiros’
já estaria caindo pelas tabelas.
A gravidade é tal
que já passam a ser considerados como quadrilha, como os denomina Maurício Dias
na Carta Capital:
Confundir aliança partidária para governar com formação de quadrilha para corromper é obra dos procuradores
por Mauricio Dias —
Mais rápido do que se pensava, caiu a toga e ficou nua a maioria conservadora do Supremo Tribunal Federal (STF), articulada em torno do julgamento da Ação Penal 470, o “mensalão”. Os ministros desse grupo formaram uma espécie de quadrilha, de finalidade política, com o objetivo de desmoralizar o Partido dos Trabalhadores e ajudar a tirar dele o poder conquistado pelo voto popular, em 2002 e 2006, com Lula eleito e reeleito e prosseguido, em 2010, por Dilma Rousseff, com chance de fechar, agora em 2014, um novo ciclo de oito anos de controle do governo.
A base de toda essa ação politizadora da Justiça é antiga, criada nas articulações formadas na Procuradoria-Geral da República (PGR). É uma visão peculiar, distorcida, que une, por exemplo, os procuradores-gerais Aristides Junqueira (1989-1995), Antonio Fernando de Souza (2005-2009), Roberto Gurgel (2009-2013) e Rodrigo Janot, empossado em setembro de 2013.
Coincidentemente, são ex-integrantes do Ministério Público os atuais ministros Celso de Mello (SP), Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Um trio que votou unido, sustentando os princípios nas peças de acusação da Procuradoria.
Eles creem que os governos eleitos, sustentados por alianças partidárias, formam quadrilhas para administrar o País. Simples assim. Esse procedimento, no entanto, contaminou com força a mais alta Corte de Justiça do País, como se viu agora.
...
Naturalmente, em todos os governos há corrupção. Só que a punição deve
resultar de julgamentos com provas e não com conjecturas, como fez inicialmente
Antonio Fernando de Souza no começo da Ação Penal 470.
Ele deu asas à imaginação. Utilizou-se do conto Ali Babá e os 40 Ladrões, do livro As Mil e Uma Noites, talvez a leitura dele nas horas insones, para criar aquilo que o ministro Luís Roberto Barroso chamaria de “rótulo infamante”. Abriu a caixa de maldades e tratou o ex-ministro José Dirceu, do primeiro governo Lula, como ‘chefe de quadrilha’. E elencou na denúncia, não por coincidência, 40 nomes”.
Ele deu asas à imaginação. Utilizou-se do conto Ali Babá e os 40 Ladrões, do livro As Mil e Uma Noites, talvez a leitura dele nas horas insones, para criar aquilo que o ministro Luís Roberto Barroso chamaria de “rótulo infamante”. Abriu a caixa de maldades e tratou o ex-ministro José Dirceu, do primeiro governo Lula, como ‘chefe de quadrilha’. E elencou na denúncia, não por coincidência, 40 nomes”.
Não sabemos se
tudo isso ajudará Joaquim Barbosa em sua campanha. Em entrevista à revista
Época Barbosa afirma que não será candidato à presidência por considerar uma exposição ao apedrejamento. Mas não
disse que não o será a senador, por exemplo.
Para presidente
já se sente descartado pelas elites. Depois do que andou dizendo!
Fortuna I
Divulgado pela
revista Forbes a relação de ricos mundo a fora, onde presentes 65 brasileiros,
que acumulam 195 bilhões de dólares (DÓLARES!), mais da metade das reservas
internacionais do país. Há uma década apenas seis integravam a lista,
destacando-se que, em dois anos, saltou de 37 para os atuais 65. Desfilam aqui
os dez primeiros, por ordem de classificação no mundo:
34 - Jorge Paulo Lemann -19,7 bi
- AB/Inbev
55 - Joseph Safra - 16 bi - Banco Safra
119 - Marcelo Hermann Telles - 10,2 bi - AB/Inbev
137 - João Roberto Marinho - 9,1 bi - Globo
137 - José Roberto Marinho - 9,1 bi - Globo
137 - Roberto Irineu Marinho - 9,1 bi - Globo
146 - Carlos Alberto Sicupira - 8,9 bi - AB/Inbev
367 - Francisco Ivens de Sa Dias Branco - 4,1 bi - M Dias Branco
367 - Eduardo Saverin - 4,1 bi - Facebook
396 - Walter Faria - 3,8 bi - Grupo Petrópolis
Fortuna II
Interessante a
observação de um irônico “Banqueiro Bêbado Jornalista”, comentando o texto do
Jornal do Brasil reproduzido no www.advivo.com.br
“Vamos reagrupar este quase meio TRILHÃO
de reais:
Podemos reduzir a lista para 12 famílias
ou grupos e 30 individuais:
Inbev (3), Marinhos (3), Civitas (3),
Safras(2), Aguiares(2), Camargos(3), Moraes (6), M.Salles (4)
e Villelas(2), WEG (3), Bueno (2) e Natura (2).
Por familia/grupo temos Inbev (38,8),
Marinhos (27,3), Moraes (12,5) e Moreira Salles (11,2)
Por setor, considerando que os donos da
Inbev na verdade são investidores, temos que a área financeira (com os bancos)
domina com 81,5 bilhões. Depois a mídia, com 30,5, indústria com 22 e
construção com 13, bancam os maiores bi.
Ou seja, bancos, bebidas e mídias
fabricaram as maiores fortunas, à frente de construção e indústria.
Fortunas bêbadas e virtuais enriquecendo
mais que a economia real...”.
Sonegação
Não desejamos que
o leitor faça alguma ilação com as ‘fortunas’ tupiniquins a partir deste
rodapé. Mas não deixa de ser ilustrativa a informação oriunda de estudo do
Sindicato Nacional de Procuradores da Fazenda de que a sonegação de impostos
alcançou a cifra de 415 bilhões de reais apenas em 2013.
Também a informação de
que os tributos não pagos e inscritos na Dívida Ativa já ultrapassaram 1,3
trilhão de reais.
Para compreensão
do custo para o Brasil perceba-se que o Bolsa Família consome 24 bilhões anuais
para atender a 14 milhões de famílias.
Para os que são
contra a Copa no Brasil – agora que os jogos estão para começar – a sonegação
equivale a 14 copas, se considerarmos como gastos os 30 bilhões a ela
atribuídos (por parte do Governo federal são investimentos em infraestrutura).
Itabuna I
Não enveredamos
por detalhes, apenas nos fixamos nos quadros exibidos. O primeiro deles, da
Saúde. A secretaria municipal ensaia, segundo noticiado, devolver a gestão plena
(a que envolve média e alta complexidade) ao estado da Bahia, cuja recuperação se
tornara cavalo de batalha e ponto de honra para o atual governo.
O detalhe fica no
fato de que nem mesmo tem demonstrado a atual gestão da Saúde em Itabuna competência
para administrar a atenção básica.
Precisa o
prefeito Claudevane Leite demonstrar transparência e mostrar, com clareza, os
recursos de que dispõe e como estão sendo aplicados. Começando por justificar a
ausência de médicos em postos de saúde, de medicamentos e mesmo da razão por
que da precariedade de muitos dos equipamentos.
Itabuna II
Um outro detalhe
denigre a imagem da administração: atraso no pagamento de servidores. Tal
ocorre por absoluta ausência de planejamento financeiro, uma vez que os
recursos existem e estão disponíveis.
A prioridade em relação aos ‘barnabés’ é
que não se insere no planejamento.
João Donato
Naturalmente o
balanço encontra em João Donato um mestre inspirado. Aqui a interpretação de
Gal Costa (no álbum Cantar, de 1974) para “A Rã” (Donato-Caetano Veloso), prenhe
de influência afro-cubana no jazz. João Gilberto também a gravou com o título
original, “O Sapo”, com andamento diverso e solfejando, no álbum “João Gilberto
en México” (1970) / “Ela É Carioca” (1994).
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* Coluna publicada aos domingos no www.otrombone.com.br
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