Por estes rincões grapiúnas poucos terão conhecimento de quem seja Eduardo Cunha, deputado que se elege amparado em bancada evangélica do Rio de Janeiro vinculada a Assembleia de Deus.
Sua atuação no Congresso, no entanto, nada tem de avengélica. Enquanto Cristo - centro da pregação avengélica - defendeu os desafortunados o Cunha mais está para acunhar o povo em defesa dos ricos, não fora a insaciabilidade por cargos, onde alguns de seus apadrinhados se desdobraram em escândalos.
O mais recente levante de Cunha foi contra a MP dos Portos. Não defendia o povo, mas Daniel Dantas e quejandos. É um dos péssimos exemplos que pululam ainda no PMDB. Se é que o PMDB não precisa deles.
Certamente a mídia mostra a atuação de Cunha como uma liderança que 'derrota' o Governo. Não sabemos até quando. Tampouco que o derrotado: o povo ou o erário.
Aguardemos o Diário Oficial e as composições político-eleitorais.
A propósito, reproduzimos texto de Fernando Brito veiculado no Conversa Afiada, preciso e precioso para a oportunidade.
Saiu no Tijolaço de Fernando Brito:
"DILMA NÃO VAI ENTREGAR O OURO. QUANTAS DIVISÕES TEM EDUARDO CUNHA?
Os moralistas da imoralidade.
Este poderia ser o título de um post mais conceitual sobre o que aconteceu na Câmara dos Deputados.
Os será que uma pessoa no Brasil que ache que os deputados do PMDB, do PR, do PTB e do PSC que votaram e aprovaram o requerimento de investigações sobre a Petrobras não querem cargos, posições e favores, a apenas sete meses de uma eleição onde, até que fatos novos possam dizer o contrário, o Governo é favorito.
(Aliás, que investigações sobre a Petrobras? A empresa abriu uma sindicância sobre as notas publicadas nos jornais e o Ministério Público da Holanda, sede da empresa denunciada, diz que , por enquanto, estão analisando os documentos e não existe uma investigação sobre as denúncias. Nem mesmo confirmam que existe menção à Petrobras.)
Isso são escaramuças eleitorais levadas ao mais baixo nível das práticas políticas.
Sérgio Cabral, tentando o que sabe já ser impossível: evitar que o PT tenha candidatura própria no Rio de Janeiro.
Geddel Viera Lima, com sua candidatura de enfrentamento a Jaques Wagner, o governador petista.
Sandro Mabel, exigindo que o PT apóie o empresário Júnior Friboi em Goiás.
O PMDB de Roseana Sarney, tentando salvar seu candidato Luís Fernando Silva.
Tirando o Ceará, onde de fato Eunício Oliveira tem força eleitoral, mas o Governo tem um compromisso com Cid e Ciro Gomes, e Goiás – onde os argumentos da Friboi fizeram até Roberto Carlos voltar a comer carne – , o resto é cavalo matungo, embora com dinheiro e poder.
Geddel, na Bahia, até tem alguma expressão, mas sabe que será esmagado pelo favoritismo de Paulo Souto (do DEM e que será o candidato de Aécio) e um candidato petista apoiado por Wagner e Lula.
Os mais de 40% que Dilma ostenta nas pesquisas lhe dão poder de fogo para colocar pressão sobre estas forças.
Não que vá atirá-los pela janela, mas também não vai entregar a rapadura, que é doce e todos eles querem.
O “Blocão” já cumpriu sua função.
Amanhã começa a romaria.
De um lado, no Governo, oferecendo arrependimento.
De outro, a Eduardo Cunha, cobrando os mundos e fundos que ele diz ser capaz de mobilizar.
E a nossa imprensa, “ética”, que inviabilizou a proposta do plebiscito para a reforma político-eleitoral com a qual nada disso estaria acontecendo, acorrendo a Cunha, o novo Varão de Plutarco, guia moral da vida pública brasileira.
Talvez, porém, o episódio ajude a melhorar a política brasileira.
Algumas ausências na campanha de Dilma são daquelas que preenchem uma lacuna."
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