DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Onde reside o risco I
As agências de risco,
sabe-no até os grãos de areia – aquelas que, entre outras maravilhas,
anunciavam a solidez do mercado do subprime
(crédito de risco, onde o tomador não oferece garantias) nas hipotecas imobiliárias
estadunidenses, que levou ao débâcle de 2008 – estão a serviço da especulação
financeira. Uma ou outra merece crédito além dos limites da mídia que se
aproveita delas para a política cotidiana, mormente quando a serviço da
oposição, como no Brasil. Veja o leitor a situação de parte considerável da
Europa.
Recentemente uma delas
– a Standars&Poor´s – rebaixou a nota do Brasil para AAA-.
Coincidência ou não, o
real valorizou-se em relação ao dólar em 3,5%, entre janeiro e fevereiro
ingressaram 9 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos e o
governo brasileiro levantou outro bilhão (de euros) vendendo títulos da dívida
pública nos mercados estadunidense e europeu, resgatáveis até 2050.
O canhão, até agora,
não passa de traque. No entanto para a oposição a nota da Standars&Poor´s é
uma divisão blindada.
Onde reside o risco I
No contraponto a
chinesa Dagong Global Credit Rating mantém há meses a nota A- ao Brasil,
reiterando-a no último dia 29, o que equivale a três patamares positivos acima
da avaliação da Standars&Poor´s anunciada no dia 24.
Risco mesmo há para
quem se torna dependente de avaliações.
Recordar não custa I
Recordar não custa. Ou
custa para alguns. A classe política brasileira – ressalvados uns poucos e
raros de seus integrantes, que não chegam a 10% no Congresso – não é paradigma
de credibilidade.
O ataque que sofre a Petrobras (o sonho de sua privatização
plena permanece nas mentes entreguistas, na mesma dimensão dos anos 50, 60, 70,
80, 90) pode levantar outras lebres, basta algumas destes anos recentes.
Como o embate político
norteia a atual sangria não precisamos ir muito longe, aos tempos de Sigeaki
Ueki (década de 70). Bastam aqueles de FHC, já que hoje na oposição se
utilizando do momento para tentar retornar o poder.
Recordar não custa II
Mexer com a história
recente da Petrobras, por exemplo, pode levar à lembrança do contrato de leasing da plataforma P-36, que explodiu
e afundou em março na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, quando morreram 11
petroleiros.
O maravilhoso negócio foi
firmado diretamente entre a Petrobras e uma certa Marítima Petróleo e
Engenharia Ltda., de um certo German Efromovich, sem licitação, quando João
Rennó a presidia.
Detalhe singular, e lamentável: a tal Marítima de Efromovich
ganhou de presente um pequeno pacote de US$ 2,5 bilhões (nos anos 90) em
encomendas de equipamentos para estatal durante a presidência de Rennó. A
empresa NUNCA construiu ou operou uma plataforma. Simplesmente não tinha
tradição, apesar de atuar como intermediária na contratação de pelo menos oito,
entre as quais a P-36, que custou US$ 500 milhões e afundou na Bacia de Campos.
Para recordar: tudo aconteceu
durante a presidência de FHC.
Calça justa
FHC dia desses –
quando a mídia começou a sangrar a Petrobras – disse ser contra uma CPI. Depois
se desdisse (natural para quem já mandou esquecer
o que dissera no passado) e sinalizou a importância da instalação da
apuração.
Ocorre que a
reação da base governista entende oportuna a apuração de outros casos como a
Alston e Siemens e trens e metrô de São Paulo, aquela famosa lista de Furnas e
a CEMIG e coisa e tal e, para não perder o embalo, o falado superfaturamento em
obras da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco.
Pois não é que Fernando
Henrique agora acha eleitoreira tal apuração (a pretendida pela base do
governo)?
É o que dá falar
de corda em casa de enforcado. Incomoda.
Certeza
A oposição
anuncia ir ao STF para barrar a possibilidade de a CPI da Petrobras também
apurar desmandos outros. Pode abrir o precedente também para a situação buscar
o STF.
Nesse embate
ganha a oposição. Sabe que pode contar com Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes...
Sugestão de 'leitura'
Recomendamos
texto e transcrição disponibilizada neste blog no sábado 29: “Para contribuir com a verdade”.
“O santo rebelde”
Revimos
recentemente o documentário “Dom Hélder Câmara, o santo rebelde”. Lá está em um
de seus instantes: “A Igreja se enche de gente alegre cantando ‘O Senhor é meu
pastor e nada me faltará’. Quando a gente olha em volta de todos está faltando
tudo”.
Simplesmente
dizia o pastor que o dito somente deve ser defendido se corresponder à
realidade.
Dom Hélder morreu
antes que Lula assumisse ...
A (des)moralização do STF
A revisão da AP
470 vai se tornando imperiosa. Não para suprimir as injustiças cometidas na
esteira dos absurdos que nortearam o julgamento. Mas para trazer aos contornos
do Estado Democrático de Direito a instituição que deveria defendê-lo.
A decisão do STF
remetendo Eduardo Azeredo à primeira instância – em razão de não mais ser
deputado, desde que renunciou ao mandato – nada mais é do que o respeito à
Constituição Federal quando trata do princípio do juiz natural.
Falta o STF trazer
ao controle do Estado Democrático de Direito outros princípios, como o da
presunção da inocência, o de que o ônus da prova em matéria penal cabe ao quem
acusa e não ao acusado, o duplo grau de jurisdição etc.
Para que o STF
deixe de ser o tribunal de inquisição que foi na AP 470 em relação a alguns
acusados.
Manipulação
A pesquisa Ibope que
mostrou a aprovação de Dilma haver despencado 7 pontos em curtíssimo espaço de
tempo já levantou suspeitas de manipulação. É que o período em que ambas foram
realizadas foi o mesmo. O que mudou foi a data do registro no TSE.
É o que descobriu
Fernando Brito no Tijolaço:
“Pesquisa
de intenção de voto, divulgada na sexta-feira, foi registrada no TSE no 14 de
março, sob o protocolo BR-00031/2014 ,
com realização das entrevistas entre os dia 13 e 20/03/14.
Já a de popularidade recebeu o protocolo BR-00053, no dia 21 passado, mas quando já se encontrava concluída, com entrevistas entre os dias 14 e 17.”
Já a de popularidade recebeu o protocolo BR-00053, no dia 21 passado, mas quando já se encontrava concluída, com entrevistas entre os dias 14 e 17.”
Sinais de manipulação
escancarada da opinião pública. Armação flagrante. Especulação ganhando
dinheiro com isso. E fica por isso
mesmo.
Afinal, o TSE
está preocupado com a distribuição de ‘santinhos’.
Economia
A Petrobras bem
que poderia aproveitar as informações de que está tendo ‘prejuízo’ (mesmo tendo
lucro) e suspender a publicidade que sustenta quem a ataca. Sabe ela que a meta
dessa gente é a privatização.
O limite da
possibilidade é a eleição de 2014. A continuidade da atual política – que
defende a Petrobras – em caso de reeleição de Dilma em muito inviabiliza o
projeto de tomada de nossas reservas (a partilha é insuficiente para a gula
estrangeira e da elite nacional).
Dois coelhos com
uma só cajadada: suspende a publicidade até que os ‘prejuízos’ sejam reduzidos.
Uma questão de
competência.
Falando em CPI I
Atribui-se a
Tancredo Neves uma definição sobre CPIs e seus desdobramentos: sabe-se como
começa mas não como termina.
Ótima a
oportunidade. Nessa sanha de ‘sangrar’ o governo, e o PT porque governa,
constituindo uma CPI sobre a Petrobras não seria exagero, em política
oportunista, botar para andar uma CPI proposta por Protógenes Queirós na Câmara
dos deputados sobre as privatizações do período FHC, que Amaury Jr. define em
livro, com documentos, como ‘privataria tucana’. Um ótimo encontro de contas,
pelo menos!
O problema – ou o
que atrapalha – reside na “coragem’ do PT.
Que tem sido –
pela concentração – um poço de covardia.
Falando em CPI II
Para não perder a
oportunidade, passar a limpo parte respeitável da administração pública
contemporânea com uma CPI para cada caso: trens do metrô de São Paulo
(PSDB-SP), CEMIG (PSDB-MG), porto de Suape em Pernambuco (PSB-PE)
Com essa de CPI da Petrobras
Certo é que esqueceram
a falta d´água em São Paulo, que o tucano Azeredo responde a processo criminal
(tanto que renunciou para fugir do julgamento no STF), do escândalo dos trens e
do metrô de São Paulo.
A alma
Caso os senadores que
integrarem a CPI da Petrobras resolvessem ir às reuniões utilizando bonés que
traduzissem suas almas veríamos muitos com bonés da empresa brasileira, outros
– tucanos e demo/pefelistas – com bonés da Chevron, Alston, Siemens etc.
Para inglês ver
A anunciada busca
do governo de São Paulo (leia-se Geraldo Alckmin) desgastado com a secura do
reservatório da Cantareira e o descompromisso com um problema de décadas
(administradas pelos tucanos) é coisa para inglês ver. Como imaginar que o
Cantareira quase seco possa esperar águas do rio Paraíba, que só chegarão com
pelo menos quatro anos.
Não há dúvida: na
defensiva política Alckmin quer dividir o problema.
Confia na
imprensa para ajudá-lo. Que lhe será fiel.
Um dia para esquecer
Alguns sonham com
o passado terrível que nos acometeu a partir de um dia que poucos querem
lembrar e muitos querem esquecer. Sugerimos acessar http://www.youtube.com/watch?v=Y1RQgu31scM
para assistir “O dia que durou 21 anos”, de Camilo Galli Tavares.
Xeque mate
Geddel Vieira
Lima fez o movimento definitivo no tabuleiro anunciando e desmentindo que tenha
rompido com o DEM (leia-se, candidatura de Paulo Souto como cabeça de chapa
para Ondina). O recado, direto e seco, não deixa nenhuma dúvida: o candidato
das oposições sou eu.
O movimento de
Geddel no tabuleiro é um xeque mate sobre o DEM: apoiando Geddel o caduco PFL perde;
deixando-o candidato, também perde.
A vitória de
Geddel é clara: qualquer das soluções – candidato das oposições ou candidato de
si mesmo – deixa-o em confortável situação.
A única derrota
seria admitir Paulo Souto cabeça de chapa. Aí quem perde/morre é Geddel.
Itabuna
A administração
pública reflete a imagem e o pulso do gestor. Afinal, a equipe que monta
presume-se seja a sua cara, repercuta em ações a “sua” cara, a “sua” intenção,
os “seus” projetos. É através das ações governamentais – efetivadas através da
equipe – que o gestor é avaliado.
Rumores há de que
o prefeito Claudevane Leite não demonstra satisfação com parte de sua equipe.
Ainda que não o expresse publicamente. A lógica recomenda uma reforma do secretariado
como primeira etapa e, em eguida, dos segundo e terceiro escalões, que são o
motor da execução administrativa planejada em nível de cúpula (prefeito e cada
secretaria).
O que muitos
duvidam é que a efetive. A justificativa da crítica: deixou o monstro crescer e
paece estar incontrolável com pouco mais de um aninho de existência.
Como fala o ‘santo rebelde’
A “Missa dos
Quilombos” é um dos trabalhos mais completos de Milton Nascimento, com apoio de
Pedro Terra e Dom Pedro Casaldáliga.
A fala final de
Dom Hélder Câmara é um chamamento à consciência do verdadeiro Homem e da
Humanidade que deveria servir/servi-lo.
Às vésperas do cinquentenário
do ‘dia que durou 21 anos’ a mensagem expressa por Dom Hélder na “Missa...” bem
demonstra o porquê de tudo haver acontecido no longínquo dia.
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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
Na verdade, a avaliação do Brasil foi rebaixada para "BBB-".
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