domingo, 30 de março de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS * 
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Onde reside o risco I
As agências de risco, sabe-no até os grãos de areia – aquelas que, entre outras maravilhas, anunciavam a solidez do mercado do subprime (crédito de risco, onde o tomador não oferece garantias) nas hipotecas imobiliárias estadunidenses, que levou ao débâcle de 2008 – estão a serviço da especulação financeira. Uma ou outra merece crédito além dos limites da mídia que se aproveita delas para a política cotidiana, mormente quando a serviço da oposição, como no Brasil. Veja o leitor a situação de parte considerável da Europa.

Recentemente uma delas – a Standars&Poor´s – rebaixou a nota do Brasil para AAA-.

Coincidência ou não, o real valorizou-se em relação ao dólar em 3,5%, entre janeiro e fevereiro ingressaram 9 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos e o governo brasileiro levantou outro bilhão (de euros) vendendo títulos da dívida pública nos mercados estadunidense e europeu, resgatáveis até 2050.

O canhão, até agora, não passa de traque. No entanto para a oposição a nota da Standars&Poor´s é uma divisão blindada.

Onde reside o risco I
No contraponto a chinesa Dagong Global Credit Rating mantém há meses a nota A- ao Brasil, reiterando-a no último dia 29, o que equivale a três patamares positivos acima da avaliação da Standars&Poor´s anunciada no dia 24.

Risco mesmo há para quem se torna dependente de avaliações.

Recordar não custa I
Recordar não custa. Ou custa para alguns. A classe política brasileira – ressalvados uns poucos e raros de seus integrantes, que não chegam a 10% no Congresso – não é paradigma de credibilidade. 

O ataque que sofre a Petrobras (o sonho de sua privatização plena permanece nas mentes entreguistas, na mesma dimensão dos anos 50, 60, 70, 80, 90) pode levantar outras lebres, basta algumas destes anos recentes.

Como o embate político norteia a atual sangria não precisamos ir muito longe, aos tempos de Sigeaki Ueki (década de 70). Bastam aqueles de FHC, já que hoje na oposição se utilizando do momento para tentar retornar o poder.

Recordar não custa II
Mexer com a história recente da Petrobras, por exemplo, pode levar à lembrança do contrato de leasing da plataforma P-36, que explodiu e afundou em março na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, quando morreram 11 petroleiros.

O maravilhoso negócio foi firmado diretamente entre a Petrobras e uma certa Marítima Petróleo e Engenharia Ltda., de um certo German Efromovich, sem licitação, quando João Rennó a presidia. 

Detalhe singular, e lamentável: a tal Marítima de Efromovich ganhou de presente um pequeno pacote de US$ 2,5 bilhões (nos anos 90) em encomendas de equipamentos para estatal durante a presidência de Rennó. A empresa NUNCA construiu ou operou uma plataforma. Simplesmente não tinha tradição, apesar de atuar como intermediária na contratação de pelo menos oito, entre as quais a P-36, que custou US$ 500 milhões e afundou na Bacia de Campos.

Para recordar: tudo aconteceu durante a presidência de FHC.

Calça justa
FHC dia desses – quando a mídia começou a sangrar a Petrobras – disse ser contra uma CPI. Depois se desdisse (natural para quem já mandou esquecer o que dissera no passado) e sinalizou a importância da instalação da apuração.

Ocorre que a reação da base governista entende oportuna a apuração de outros casos como a Alston e Siemens e trens e metrô de São Paulo, aquela famosa lista de Furnas e a CEMIG e coisa e tal e, para não perder o embalo, o falado superfaturamento em obras da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco.

Pois não é que Fernando Henrique agora acha eleitoreira tal apuração (a pretendida pela base do governo)?

É o que dá falar de corda em casa de enforcado. Incomoda.

Certeza
A oposição anuncia ir ao STF para barrar a possibilidade de a CPI da Petrobras também apurar desmandos outros. Pode abrir o precedente também para a situação buscar o STF.

Nesse embate ganha a oposição. Sabe que pode contar com Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes...

Sugestão de 'leitura'
Recomendamos texto e transcrição disponibilizada neste blog no sábado 29: “Para contribuir com a verdade”.

“O santo rebelde”
Revimos recentemente o documentário “Dom Hélder Câmara, o santo rebelde”. Lá está em um de seus instantes: “A Igreja se enche de gente alegre cantando ‘O Senhor é meu pastor e nada me faltará’. Quando a gente olha em volta de todos está faltando tudo”.

Simplesmente dizia o pastor que o dito somente deve ser defendido se corresponder à realidade.

Dom Hélder morreu antes que Lula assumisse ...

A (des)moralização do STF
A revisão da AP 470 vai se tornando imperiosa. Não para suprimir as injustiças cometidas na esteira dos absurdos que nortearam o julgamento. Mas para trazer aos contornos do Estado Democrático de Direito a instituição que deveria defendê-lo.

A decisão do STF remetendo Eduardo Azeredo à primeira instância – em razão de não mais ser deputado, desde que renunciou ao mandato – nada mais é do que o respeito à Constituição Federal quando trata do princípio do juiz natural.

Falta o STF trazer ao controle do Estado Democrático de Direito outros princípios, como o da presunção da inocência, o de que o ônus da prova em matéria penal cabe ao quem acusa e não ao acusado, o duplo grau de jurisdição etc.

Para que o STF deixe de ser o tribunal de inquisição que foi na AP 470 em relação a alguns acusados.

Manipulação
A pesquisa Ibope que mostrou a aprovação de Dilma haver despencado 7 pontos em curtíssimo espaço de tempo já levantou suspeitas de manipulação. É que o período em que ambas foram realizadas foi o mesmo. O que mudou foi a data do registro no TSE.

É o que descobriu Fernando Brito no Tijolaço:

 “Pesquisa de intenção de voto, divulgada na sexta-feira, foi registrada no TSE no 14 de março, sob o protocolo BR-00031/2014 , com realização das entrevistas entre os dia 13 e 20/03/14.

Já a de popularidade recebeu o protocolo BR-00053, no dia 21 passado, mas quando já se encontrava concluída, com entrevistas entre os dias 14 e 17.”

Sinais de manipulação escancarada da opinião pública. Armação flagrante. Especulação ganhando dinheiro com isso. E fica por isso mesmo.

Afinal, o TSE está preocupado com a distribuição de ‘santinhos’.

Economia
A Petrobras bem que poderia aproveitar as informações de que está tendo ‘prejuízo’ (mesmo tendo lucro) e suspender a publicidade que sustenta quem a ataca. Sabe ela que a meta dessa gente é a privatização.

O limite da possibilidade é a eleição de 2014. A continuidade da atual política – que defende a Petrobras – em caso de reeleição de Dilma em muito inviabiliza o projeto de tomada de nossas reservas (a partilha é insuficiente para a gula estrangeira e da elite nacional).

Dois coelhos com uma só cajadada: suspende a publicidade até que os ‘prejuízos’ sejam reduzidos.

Uma questão de competência.

Falando em CPI I
Atribui-se a Tancredo Neves uma definição sobre CPIs e seus desdobramentos: sabe-se como começa mas não como termina.

Ótima a oportunidade. Nessa sanha de ‘sangrar’ o governo, e o PT porque governa, constituindo uma CPI sobre a Petrobras não seria exagero, em política oportunista, botar para andar uma CPI proposta por Protógenes Queirós na Câmara dos deputados sobre as privatizações do período FHC, que Amaury Jr. define em livro, com documentos, como ‘privataria tucana’. Um ótimo encontro de contas, pelo menos!

O problema – ou o que atrapalha – reside na “coragem’ do PT.

Que tem sido – pela concentração – um poço de covardia.

Falando em CPI II
Para não perder a oportunidade, passar a limpo parte respeitável da administração pública contemporânea com uma CPI para cada caso: trens do metrô de São Paulo (PSDB-SP), CEMIG (PSDB-MG), porto de Suape em Pernambuco (PSB-PE)

Com essa de CPI da Petrobras
Certo é que esqueceram a falta d´água em São Paulo, que o tucano Azeredo responde a processo criminal (tanto que renunciou para fugir do julgamento no STF), do escândalo dos trens e do metrô de São Paulo.

A alma
Caso os senadores que integrarem a CPI da Petrobras resolvessem ir às reuniões utilizando bonés que traduzissem suas almas veríamos muitos com bonés da empresa brasileira, outros – tucanos e demo/pefelistas – com bonés da Chevron, Alston, Siemens etc.

Para inglês ver
A anunciada busca do governo de São Paulo (leia-se Geraldo Alckmin) desgastado com a secura do reservatório da Cantareira e o descompromisso com um problema de décadas (administradas pelos tucanos) é coisa para inglês ver. Como imaginar que o Cantareira quase seco possa esperar águas do rio Paraíba, que só chegarão com pelo menos quatro anos.

Não há dúvida: na defensiva política Alckmin quer dividir o problema.

Confia na imprensa para ajudá-lo. Que lhe será fiel.

Um dia para esquecer
Alguns sonham com o passado terrível que nos acometeu a partir de um dia que poucos querem lembrar e muitos querem esquecer. Sugerimos acessar http://www.youtube.com/watch?v=Y1RQgu31scM para assistir “O dia que durou 21 anos”, de Camilo Galli Tavares.



Xeque mate
Geddel Vieira Lima fez o movimento definitivo no tabuleiro anunciando e desmentindo que tenha rompido com o DEM (leia-se, candidatura de Paulo Souto como cabeça de chapa para Ondina). O recado, direto e seco, não deixa nenhuma dúvida: o candidato das oposições sou eu.

O movimento de Geddel no tabuleiro é um xeque mate sobre o DEM: apoiando Geddel o caduco PFL perde; deixando-o candidato, também perde.

A vitória de Geddel é clara: qualquer das soluções – candidato das oposições ou candidato de si mesmo – deixa-o em confortável situação.

A única derrota seria admitir Paulo Souto cabeça de chapa. Aí quem perde/morre é Geddel.

Itabuna
A administração pública reflete a imagem e o pulso do gestor. Afinal, a equipe que monta presume-se seja a sua cara, repercuta em ações a “sua” cara, a “sua” intenção, os “seus” projetos. É através das ações governamentais – efetivadas através da equipe – que o gestor é avaliado.

Rumores há de que o prefeito Claudevane Leite não demonstra satisfação com parte de sua equipe. Ainda que não o expresse publicamente. A lógica recomenda uma reforma do secretariado como primeira etapa e, em eguida, dos segundo e terceiro escalões, que são o motor da execução administrativa planejada em nível de cúpula (prefeito e cada secretaria).

O que muitos duvidam é que a efetive. A justificativa da crítica: deixou o monstro crescer e paece estar incontrolável com pouco mais de um aninho de existência.

Como fala o ‘santo rebelde’
A “Missa dos Quilombos” é um dos trabalhos mais completos de Milton Nascimento, com apoio de Pedro Terra e Dom Pedro Casaldáliga.

A fala final de Dom Hélder Câmara é um chamamento à consciência do verdadeiro Homem e da Humanidade que deveria servir/servi-lo.

Às vésperas do cinquentenário do ‘dia que durou 21 anos’ a mensagem expressa por Dom Hélder na “Missa...” bem demonstra o porquê de tudo haver acontecido no longínquo dia.

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br


Um comentário:

  1. Na verdade, a avaliação do Brasil foi rebaixada para "BBB-".

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