Em tempos de rede a velocidade da informação é praticamente instantânea. A universalização do acesso permite que um único leitor que seja de determinada obra poste sua informação a ponto de parecer generalizada.
É o que podemos perceber a partir da patacoada tucana registrada ontem, de representação junto ao TSE para ver a presidente Dilma Rousseff punida por conversar em sua residência oficial sobre assuntos políticos.
Certo é que já descobriram (texto abaixo) que Fernando Henrique Cardoso se debruçou em assuntos tais - ainda que agravados pelo fato de a reeleição ter sido comprada a partir de 200 mil dinheiros - também na residência oficial, como registra Rodrigo Vianna no Escrevinhador.
Diante de desesperadas atitudes como a do prócer tucano denunciador, aproveitamos para nos apropriar de Bessinha, mais uma vez, para compreender o que está acontecendo com a mente/pensamento tucano.
"FHC USAVA PALÁCIO PARA CAMPANHA DA REELEIÇÃO EM 1998: MAS AÍ TUDO BEM!
A extrema-direita já tem um discurso: repetir a História, implorar por um novo golpe – 50 anos depois. É patético. Mas pelo menos há alguma coerência nessas ”marchas com a família, com deus e com os milicos“…
Pior é o que acontece com os tucanos: não conseguem achar um discurso. E por isso perdem-se num labirinto ridículo: criticam a cor do vestido de Dilma, e agora não querem que a presidenta use o Palácio do Alvorada para reuniões políticas. Alô, amigos: Dilma mora no Alvorada! Vai fazer reunião onde? Na churrascaria?
O PSDB acaba de anunciar que acionará Dilma pela terrível traição à pátria: reunião com Lula no Palácio! Será que os tucanos queriam ter sido convidados?
Curioso é que, em 1998, o PSDB (e a velha mídia brasileira – que agora oferece palanque pra essa histeria ridícula dos tucanos) não achava nada demais nas reuniões no Palácio.
Encontrei referências a uma dessas reuniões num livro sobre a vida de Sérgio Motta – o ministro de FHC que “inventou” a reeleição. Vejam esse trecho, nas páginas 221/222 de “Sergio Motta – o trator em ação“:
“Enquanto São Paulo fervia, Fernando Henrique acertava o cronograma da reeleição com o mesmo PFL (…). Luiz Eduardo Magalhães e Heráclito Fortes (PFL-PI) foram jantar com FHC e o ministro Paulo Renato no Alvorada, na noite de 6 de junho (…). Sergio Motta estava na sua nova trincheira. Não participou do jantar no Alvorada. Mas foi dos primeiros a receber a notícia do próprio Fernando Henrique”.
A leitura permite-nos concluir algumas coisas:
1) FHC não se reunia com tucanos e pefelês (atuais demos) em churrascarias de Brasília;
2) nos jantares do Alvorada, eles não trocavam receitas, nem falavam sobre jardinagem; discutiam a campanha da reeleição de FHC;
3) a comida do Alvorada não devia ser boa – do contrário, o glutão Sergio Motta teria ido ao jantar.
Foi essa foto que provocou indigestão nos tucanos em 2014:
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse o seguinte: “Se ela tivesse usado a sua residência oficial no período da noite poderia ser tolerável, mas em horário de expediente é preciso que o TSE analise.” Tolerável?
Em tempo: Lula chegou ao Palácio às 17h30. E a reunião foi até 20h. Isso lá em Barbacena é noite, seu Carlos Sampaio. Em Minas (e Dilma é mineira), o povo janta às 18h. Os tucanos (especialmente o Serra) eu não sei. Mas está aí um debate central para o país: a noite começa às 18h? Às 19h? Muito bom debate… O Serjão acho que atiraria um trator na testa de tucano que viesse com essa conversa mole. Ele queria projeto de país e de poder. Os tucanos querem discutir figurino presidencial e etiqueta para o jantar.
Paulo Renato e Luiz Eduardo (citados no livro, como participantes do tal jantar em 1998 – atenção: no tempo do tucanato estava, sim, autorizado tratar de política no Alvorada!) morreriam alguns anos depois… Sergio Motta também já se foi.
FHC e os tucanos estão vivos? Há controvérsias.
Se pretendem fazer campanha em 2014 usando essa “gritaria” patética contra reuniões no Alvorada, eu diria que o PSDB já morreu.
Que venha uma oposição de verdade! O Brasil precisa dela."
Da redação do blog:
Nossa paranoia não deixa de levar à ponderação do leitor 'que Cortes altas da República exercitam singular interpretação da lei, conforme a conveniência permitida pelos fatos', onde dois pesos e duas medidas são a tônica, razao por que reunião no Alvorada com FHC/PSDB em 1988 é uma coisa e com Dilma Rosseff/PT em 2014 é outra coisa.
Questão de interpretação, simplesmente!
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