Não joga pedra no alheio
Registramos em postagem esta semana ("Melhor que fosse debate de ideias", na quarta 15) que "Vai ficando flagrante que o candidato Aécio Neves tem dificuldade para debater no plano do confronto de ideias as proposições de seu PSDB e do PT."
E mais dissemos:
"Entenda-se a dificuldade de Aécio. Então preferiu (ou foi orientado) buscar o debate sob viés moral como se fosse paladino ou vestal da moralidade. Tendo o telhado de vidro que tem não deveria se surpreender com o que vai encontrando.
No entanto, assim nos parece, o caminho escolhido pode até dar certo, mas caminha para um tiro no próprio pé.
Então sai pela tangente fazendo o papel de brucutu da deselegância, partindo para um vocabulário que não compete a um debate político.
O detalhe é que, cada vez que provocar, vai encontrar resposta. E mais 'verdades' escondidas."
Por isso, a cada novo debate todo o dito será confirmado. E o tiro no pé disparado por Aécio certamente resulta da única arma que dispunha para evitar o confronto de ideias e comparações entre dois projetos de país, bastante distintos, para não dizer inteiramente diferentes no quesito políticas de governo: partir para a batalha com a armadura da moralidade, tanto que a Petrobras tem sido o seu mote.
Ocorre que, quanto à Petrobras, o mote vai sendo desconstruído a cada instante que ouve da adversária que seu governo (dela, Dilma) está apurando porque não esconde malfeitos de ninguém e parte para a comparação com as experiências tucanas em nível federal e estaduais (São Paulo como locomotiva com seu propinoduto de trens e metrô) que mandaram para "baixo do tapete" todas as apurações iniciadas, quando iniciadas, ou escondem o que apurar.
Porém, entendemos que a imagem de Aécio tende a se desgastar, em muito, não pela cobrança que lhe é feita em relação à sua administração como governador de Minas Gerais (em situações para as quais não tem resposta), mas pela forma agressiva com que trata a adversária, uma mulher.
Temos que Aécio insistir em chamar Dilma Rousseff (mulher e Presidente da República, autoridade máxima do Brasil) de 'leviana' e mentirosa', ou afirmar que vai ficar desempregada a partir de 1º de janeiro (debate do SBT), soa, para o público feminino, como postura de homem violento, como a daquele que embriagado ou drogado agride a esposa ou namorada.
A violência contra a mulher está no mais íntimo de toda aquela que foi agredida ou conhece quem o foi. E sabe que toda agressão física começa com a agressão verbal.
Imagine o leitor se este mesmo público internaliza a ideia de que o candidato usa álcool ou coisa semelhante!
Quem tem telhado de vidro não joga pedra no alheio. Especialmente se o alheio está protegido.
E mexer com o imaginário feminino pode ser pior que não responder quando indagado sobre nepotismo.
Post scriptum: Lamentavelmente Aécio Neves parte para a deselegância (desrespeitosa) para com a Chefe da Nação, pela circunstância de ser a candidata adversária.
E pode parecer parte daquela elite encastelada nos camarotes do Banco Itaú, no jogo de abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, em São Paulo, que a mandou "tomar no c..." quando ali estava como Presidente do Brasil, representando o país em evento internacional visto por 1 bilhão de pessoas através da televisão.
A mulher percebe quando é atingida pela simples circunstância de ser mulher.
E reconhece o machão pelo olhar e pelo falar. Mesmo que tenha o rosto bonito.
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