Histórico
Amanhã iremos às urnas, na sétima eleição presidencial neste contemporâneo estágio republicano. Desde que recuperado o direito de votar para Presidente da República, surrupiado durante 25 anos, quando o golpe civil/militar entendeu que eleição direta se constituía inconveniência para os reclamos da democracia por eles sonhada para o Brasil.
E lá se vão outros 25 anos desde que integrantes de uma nata política, de todas as vertentes, buscaram ser o primeiro da vez, e Fernando Collor de Melo tornou-se o mandatário maior prometendo refazer o país, varrendo vícios históricos. Dos quais se utilizou para alcançar a vitória.
Desde aquele instante – sinalizado na decisão definida no segundo turno – dois pontos divergentes no plano ideológico em duas bandeiras fizeram-se concretos em busca de convencer o eleitorado: propostas que investem em política do bem-estar social, de um lado, e o decano liberalismo em sua versão contemporânea, do outro.
Neste período as vertentes ocuparam o poder. Com Collor e Fernando Henrique Cardoso (não inserimos Itamar Franco, de postura mais próxima da outra) e com Lula e Dilma Rousseff. O período – excetuado Collor/Itamar – dividiu-se entre 8 anos para o PSDB (com FHC) e 12 anos para o PT (Lula e Dilma Roussef).
Tempo que parece ter sido suficiente a um amadurecimento do eleitorado, em que pese a velocidade da ocupação dos espaços pelas gerações mais novas e, ainda mais veloz, a comunicação que faz instantâneo o fato entre a ocorrência e o conhecimento.
Os dois partidos – e os demais que a cada um ofertam apoio, sustentando-os na gestão política como coalizão – encontrarão nas eleições deste domingo vocações bastante distintas, assim que sejam os resultados anunciados.
O PSDB tende a sair fragilizado em nível de representação legislativa, assim como alguns que lhe são fieis. O PT dá sinais de manter-se, assim como alguns dos que lhe dão sustentação congressual (como o PMDB).
Ao observador pareceria – a decadência de um e a evidência de outro – a vitória daquele que apresentou, enquanto governo, políticas administrativas mais próximas das expectativas que gerou.
No entanto, a campanha demonstrou – ainda que não em dimensão fundamentalista, como em 2010 – que o país ainda não superou convicções arcaicas, pautadas na exacerbação maniqueísta.
Contrariando o anunciado resultado eleitoral, quando lemos/ouvimos/vemos a mídia, vivemos a luta entre Deus e o Diabo, sem a competência diretiva de Glauber Rocha.
O ranço histórico permanece. Mesmo que os resultados eleitorais sinalizem o cansaço do povo para o vetusto discurso.
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