sábado, 4 de outubro de 2014

Ranço

Histórico
Amanhã iremos às urnas, na sétima eleição presidencial neste contemporâneo estágio republicano. Desde que recuperado o direito de votar para Presidente da República, surrupiado durante 25 anos, quando o golpe civil/militar entendeu que eleição direta se constituía inconveniência para os reclamos da democracia por eles sonhada para o Brasil.

E lá se vão outros 25 anos desde que integrantes de uma nata política, de todas as vertentes, buscaram ser o primeiro da vez, e Fernando Collor de Melo tornou-se o mandatário maior prometendo refazer o país, varrendo vícios históricos. Dos quais se utilizou para alcançar a vitória.

Desde aquele instante  sinalizado na decisão definida no segundo turno  dois pontos divergentes no plano ideológico em duas bandeiras fizeram-se concretos em busca de convencer o eleitorado: propostas que investem em política do bem-estar social, de um lado, e o decano liberalismo em sua versão contemporânea, do outro.

Neste período as vertentes ocuparam o poder. Com Collor e Fernando Henrique Cardoso (não inserimos Itamar Franco, de postura mais próxima da outra) e com Lula e Dilma Rousseff. O período  excetuado Collor/Itamar  dividiu-se entre 8 anos para o PSDB (com FHC) e 12 anos para o PT (Lula e Dilma Roussef).

Tempo que parece ter sido suficiente a um amadurecimento do eleitorado, em que pese a velocidade da ocupação dos espaços pelas gerações mais novas e, ainda mais veloz, a comunicação que faz instantâneo o fato entre a ocorrência e o conhecimento.

Os dois partidos  e os demais que a cada um ofertam apoio, sustentando-os na gestão política como coalizão  encontrarão nas eleições deste domingo vocações bastante distintas, assim que sejam os resultados anunciados.

O PSDB tende a sair fragilizado em nível de representação legislativa, assim como alguns que lhe são fieis. O PT dá sinais de manter-se, assim como alguns dos que lhe dão sustentação congressual (como o PMDB).

Ao observador pareceria  a decadência de um e a evidência de outro  a vitória daquele que apresentou, enquanto governo, políticas administrativas mais próximas das expectativas que gerou.

No entanto, a campanha demonstrou  ainda que não em dimensão fundamentalista, como em 2010  que o país ainda não superou convicções arcaicas, pautadas na exacerbação maniqueísta. 

Contrariando o anunciado resultado eleitoral, quando lemos/ouvimos/vemos a mídia, vivemos a luta entre Deus e o Diabo, sem a competência diretiva de Glauber Rocha.

O ranço histórico permanece. Mesmo que os resultados eleitorais sinalizem o cansaço do povo para o vetusto discurso.

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