Extremos
Os
extremos são físico-geográficos. Em linha reta não se constituem as maiores
distâncias entre si no território nacional. No entanto, considerável que haja
em torno de mais de 4.000 quilômetros entre eles. Trata-se dos municípios de
Novo Hamburgo-RS e Itapipoca-CE.
O que
os une neste instante – por força do texto – é o fato de moradoras (mulheres,
sim) viverem situações idênticas sob o condão de um projeto do qual dependeram
durante certo tempo: o Bolsa Família.
A cearense Maria de Fátima dos Santos
(51), viúva, e a gaúcha Delci Lutz (49), divorciada, devolveram para alguém
ainda carente o cartão do projeto.
Como
outros 2,8 milhões de beneficiados, negam o discurso vazio do conservadorismo
de que ensinar a pescar é melhor que dar o
peixe. Um viés preconceituoso de esperar que miseráveis e famintos tenham
como competir com quem tem o estômago satisfeito.
Nelas
não estão presentes valores somente de quem encontrou no Bolsa Família o meio
da subsistência imediata. Tiveram ambas a oportunidade – assim que assegurada a
estabilidade alimentar – de buscar a melhoria de vida partindo do progresso
intelectual (ainda que limitado, certamente) enquanto os filhos viveram a
escolaridade plena para alcançar melhores dias. Oito são os de Maria de Fátima,
dois os de Delci.
Individualmente
fizeram seus cursos, aprenderam mais para aprimorar suas vocações de costureira
(Delci), tornada também figurinista na formação que buscou, e a agricultora (Maria
de Fátima) mais aprendeu em torno do que sempre fizera e hoje “até palestra”
faz.
O que
aqui trazemos se encontra no post do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome. Talvez sejamos chamado de apologista do Governo Federal.
No
entanto, nos sentimos bem melhor falando de gente que encontrou apoio oficial, e
se diz mais aquinhoado na existência, que apoiar o ‘crescimento do bolo’ para
posterior divisão (que nunca ocorre).
Entre
os dois extremos – não mais físico-geográficos – preferimos o que reconhece o ser
humano como destinatário do progresso material, a cada um cabendo uma parcela.
Por menor que seja. Mas que lhe dá dignidade.
Por menor que seja. Mas que lhe dá dignidade.
Fiz questão de pedir que passassem o benefício para uma pessoa mais carente aqui da comunidade”, revela Fafá. (Foto: divulgação/MDS)
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