Em: 23 de setembro de 2012 - 18:09 - Por: Editor
Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
Adylson Machado
Guerra santa encomendada
São sinais do que muitos denominam de americanofobia as reações ao filme que satiriza Maomé. Parece-nos missa encomendada. Principalmente em período eleitoral. Provocações deste jaez alimentam e deixam em estado orgástico parcela da população estadunidense, mormente a conservadora, a que tem pólvora no sangue.
Entendemos que o método não resultará em desdobramentos como o daquele 11 de setembro. Mas que o filme é reprise não tenhamos dúvida. Atende a interesses.
O resto é aguentar a reação.
A história se repete
Não levantemos proselitismos a quem quer que seja. Especialmente ao ex-presidente Lula, que os dispensa pelo que representa, não só internamente.
No entanto, a sanha com que PSDB, DEM e PPS avançam sobre a imagem de Lula, a partir de uma matéria cujas fontes não estão demonstradas e, mais que isso, numa revista que mais está próxima da bandidagem que da reportagem, possibilita aos que tenham idade, reflexão e informação lembrar das eternas tentativas de golpe quando as coisas não andam boas para os lados da casa-grande. Foi assim com Getúlio, com Juscelino (Aragarças e Jacareacanga), com Jango, vindo a se consumar com o golpe de 1964.
A denúncia sem prova tem sido a tônica de parcela da imprensa, que através dela cria uma bola de neve para corresponder aos seus interesses, que o são os da classe conservadora
Esfinge
Em tom de editorial o Jornal Nacional anunciou mudanças no comando. Para quem nasceu, como a Globo, de benesses do regime oriundo do golpe de 64 (que o apoiou integralmente), tentou tomar a eleição de Brizola em 1982, boicotou as diretas já, criou Collor (não esquecendo a manipulação da edição do último debate), e que vem, a partir de 2002, se dedicando dia e noite a desgastar a imagem do PT e de Lula, ficamos por entender o que de novidade trará a mudança.
Sem outras intenções, gostaríamos que o Governo Federal reduzisse mais aprofundadamente as verbas publicitárias, através das quais vivem esses grandes conglomerados.
Economia saudável. Que ajudaria a construção de milhares de casas populares.
Rindo por último
O que dirão os que criticam a eleição de Tiririca? O Congresso em Foco, portal focado no noticiário político, tem Tiririca entre os melhores de uma lista de 25 deputados federais. É o 18º. Afirma-se que Tiririca ainda não faltou a nenhuma sessão da Casa. O exemplo do palhaço pode mostrar quem está rindo por último.
Como não dispomos de mais detalhes sobre as razões da votação, especulamos: ou o Tiririca é o que não imaginavam que fosse ou os outros são piores do que ele.
Em sua defesa, uma atuação concreta em defesa de artistas, inclusive de circo, prestes a serem beneficiados com iniciativa sua que os inclui no sistema de Previdência Pública (INSS).
Outro que incomoda
Romário tem mostrado posições dignas de grandes representantes do povo. Basta que seja observado nas áreas em que atua.
O tatu e a seleção
Feliz a decisão – já havíamos antecipado neste espaço a idéia dos cearenses – de tornar o tatu-bola em mascote da Copa 2014. A criatividade da natureza e sua relação com o futebol (o animal tornar-se uma bola para proteger-se) ainda remete a uma outra circunstância: a proteção ao “bola”, em risco de extinção.
A preocupação de muitos é que a seleção brasileira, na vocação para esconder o futebol, queira, como coisa de tatu, enterrar o jogo.
Itabunense ilustre
Pouco lembrado – sempre a ele se refere quando pode, Nelson Pichani – Carlos Nelson Coutinho faleceu na quinta 20, no Rio de Janeiro, a partir de onde repercutiu o seu cabedal. Marxista, Nelson Coutinho, Carlito para os amigos, dominava, como poucos, o italiano Antonio Gramsci (de quem era entre nós o maior intérprete), sem perder a trilha do húngaro George Luckács.
Não só acadêmico, mas atuante militante do PCB (o original), PT e PSOL
Sua afirmação de que “sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia” fez torcer narizes da esquerda tupiniquim, que o teve como revisionista, forma de responder ao que não entendia estar acontecendo.
Aqui nasceu, em 1943, donde saiu ainda pequeno, com 3 ou 4 anos. O grande filósofo marxista brasileiro não tem merecido a atenção devida da imprensa local.
Davidson denuncia
Já levantamos neste espaço dúvidas sobre o comportamento de Geraldo Simões quando o tema é sua relação com o Governo Estadual, leia-se, projeto político de Jacques Wagner. Também já avaliamos a circunstância de que qualquer enfrentamento entre Juçara e Vane tende a beneficiar Azevedo e que este é o verdadeiro adversário do projeto de Wagner. Daí não entendermos a postura de Geraldo em insistir direta ou indiretamente em bater na campanha de Vane ou em pessoas a ela vinculadas.
A última de Geraldo (ou atribuída a ele pelo princípio ora desenvolvido pelo STF de aplicação da doutrina do domínio do fato), é a emissora a ele vinculada descer a marreta na Bahiagás e diretamente em Davidson Magalhães, como responsável por “desmandos em licitações”, como denunciou o próprio Davidson, presidente da Bahiagás, no programa Bom Dia Bahia, de Ederivaldo Benedito, na rádio Nacional deste sábado 22.
O detalhe, explicou Davidson, fica a cargo dos fatos: qualquer licitação da Bahiagás que ultrapasse 3 milhões de reais exige que a decisão seja tomada pelo Conselho de Administração da empresa, presidida pelo vice-governador e integrada, entre outros, pelo secretário da fazenda.
A “irregularidade” denunciada pela rádio Difusora ainda apresenta outra singularidade: foi aprovada por unanimidade do Conselho de Administração, onde o próprio Davidson é apenas uma voz em minoria.
A marretada sobre Davidson atinge o cerne do Governo Wagner. O que diz ou o que quer Geraldo Simões?
FG manda votar em Juçara
Anunciado o apoio de Fernando Gomes a Azevedo e não temos manifestação concreta de que tal tenha ocorrido, a não ser por força de declarações esparsas, pouco difundidas. Não se afirme que tal decorreria de transferência de rejeição do ex-prefeito ao atual, porque ambos possuem siamesa relação, tanto que parcela considerável de assessores do prefeito vem da administração de Fernando e mesmo ele foi seu vice e secretário.
Há no ar um quê de distância entre ambos. E mais que isso: algumas pessoas muito vinculadas a FG estão de corpo e alma na campanha de Juçara.
E para não dizer que falta alguma coisa há testemunha de que Fernando, quando indagado por uma eleitora em quem deveria votar, não foi nada sutil: “Vote na mulher, vote na mulher!”
Caminhadas
Em temporada de caminhar pela Avenida Cinquentenário (vitrine para qualquer mobilização em Itabuna) ficamos a ver repercutidas as conclusões técnicas de quantas pessoas acompanharam este ou aquele candidato.
Das que ocorreram esta semana, uma foi anunciada como uma leva humana de 30 mil pessoas. A idéia passada é de que toda a gente que se envolve na “festa” é de eleitor.
No caso específico o candidato de tal majoritária estaria praticamente eleito. O detalhe é que há uma confluência em pesquisas demonstrando que dita candidatura não anda boa das pernas e tende a ter bem menos de 20 mil votos quando chegar a hora de a onça beber água.
Análise I
Dispomos de informações que mais contribuem para ilustrar nossas conclusões em torno da pesquisa de intenção de votos da Seculus, alardeada pelo fato de ser a única até agora publicada na forma da lei. Analisando-a levantamos questionamentos: por omitir a avaliação da administração municipal (aspecto capital quando o gestor é candidato à reeleição) e a brusca queda na rejeição ao mesmo candidato, não fora o reduzido número de indecisos apresentado (detalhes em Rastilhos da Razão Comentada nohttp://adylsonmachado.blogspot.com deste sábado).
Em dimensão científica, alguns aspectos corroboram nossa análise, ainda que de urnas só tenhamos certeza depois de abertas e contados os votos e ainda faltarem exatos quatorze dias para as eleições.
Registra nossa fonte para análise que a existência, às vésperas de uma eleição, de um expressivo contingente de eleitores que avaliam como regular a administração ou que não se posicionam, permanecendo na categoria de indecisos, costuma ser um sinal preocupante para os mandatários, como revelou, por exemplo, a eleição de Jacques Wagner, em 2006, no Estado da Bahia, contra Paulo Souto.
Análise II
Para não esgotar o tema, afirma o estudo que “a percepção da qualidade da administração” é um dos elementos e fatores de forte influência em uma sucessão municipal, razão por que ser mais fácil um prefeito fazer o sucessor que se reeleger quando a avaliação de sua gestão tende à negativa e que o limite máximo de avaliação negativa de um prefeito que busca reeleição seria de 20,5%.
Ilustrando o acima exposto: “O limite máximo de avaliação negativa que um prefeito com pretensões de reeleição poderá ter é de 20,5%. Dada uma margem de erro de 2,5%. Simultaneamente, o limite mínimo para o somatório dos conceitos positivos teria que ser 38,8%, arredondando, 39%, ou 34% considerando o intervalo da margem de erro. Em termos de razão real, 1,9, arredondando, 2.0”.
Análise III
Para compreendermos o que seja razão real devemos buscá-la a partir da relação onde o percentual mínimo de avaliação positiva para um prefeito se reeleger ou fazer um sucessor venha a se situar precisamente em 38,8%, e a avaliação negativa máxima, precisamente, em 20,5%, sendo o parâmetro de avaliação negativa o mais importante. Ou seja, torna-se imprescindível que a relação entre o que a avaliação positiva e a negativa apresente se faça no patamar da razão real de 1,9, o que significa dizer que é necessário o dobro de avaliação positiva diante da negativa para viabilizar uma reeleição. Exemplificando: se a negativa está em 20% é imperativo que a positiva esteja em, pelo menos, 40% em números redondos.
Caso haja entendimento mais sensível à avaliação regular como apoio e contraponto para afastar a razão real a cautela recomenda elevar àquela relação de 2,0 para 3,0.
Análise IV
A percepção da qualidade da administração poderia, como exceção, ser superada por essa lógica, sob força de poderoso marketing, como aconteceu com João Henrique em 2008, que apresentava uma razão real de 1,0 e conseguiu reeleger-se ainda no primeiro turno.
Pelos dados de que dispomos a percepção da qualidade da administração de José Nilton Azevedo ainda não lhe oferece segurança para a reeleição. Não sabemos se o marketing conseguirá fazer retroagir para patamares toleráveis os atuais índices. Para ele o problema não reside em projetos, campanha e caminhadas, mas no que deixa no imaginário da população eleitora a sua administração.
Pedro Eliodório
O candidato do PCB tem ocupado espaço. Foi surpresa no debate ocorrido na FTC. Às vezes hilária. Observamos ter sido o único a respeitar os exatos 8 minutos do tempo quando de entrevista na Santa Cruz.
Dentre suas promessas a de oferecer pelo menos três idiomas na rede pública de ensino municipal, o que denomina de “educação poliglota”.
Alguns riem desta idéia. Que é coisa de primeiro mundo, de Suécia.
Surpresa desagradável
Em andamento um resultado eleitoral que surpreenderá, especialmente os que não residam no município. Em Itororó, em que pese uma atuação de razoável para positiva, o candidato a reeleição tende à derrota.
Na bolsa de apostas falam em diferença superior a mil votos.
Surpresa desagradabilíssima
Não sabemos se pessimismo pré-eleitoral. Mas anunciam o fechamento das atividades do matadouro municipal de Itororó para logo depois das eleições.
Outros rodapés sobre política e eleições em Rastilhos da Razão Comentada nohttp://adylsonmachado.blogspot.com
Baiana de primeiro time
Diana Pequeno, soteropolitana do bairro da Saúde, nos ficou no imaginário logo no primeiro disco. Em que pese outros excelentes trabalhos nos marca aquele vinil, que tem o nome da cantora como título (1978) de onde destacamos “Engenho de Flores”, de Josias Sobrinho.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum
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