Não há dúvida: viver é fundamental. O viver, que encontra díspares conotações em todos os terrenos da Ciência e da Filosofia. Nos atemos aqui ao viver instantes distintos para poder juntá-los, apesar de distintos os polos que os une.
O noticiário trouxe a morte de Virgínia Lane. Com elas (Virgínia e a morte) uma relação distante, percebida e possível de relatar porque o autor viveu os dois instantes.
Ela era o que havia de mais retumbante no teatro de revista nacional.Virgínia Lane, nossa conhecida
da era Atlândida, presente nas denominadas chanchadas, permitiu-se que a
víssemos ao vivo em Itororó. No cinema transitava como atriz e cantora, trazendo à celulose os tablados que a tornaram referência.
Fora anunciada para apresentar-se na velha Itapuhy. Tanto no palco do Cine Irapuã como no salão do Clube Social
de Itororó. Um espetáculo de rara grandeza para a cidadezinha mais acostumada
aos cantores e às cantoras.
Não precisamos o
ano ou o mês, com exatidão. Mas outro não foi que um destes anos: 1968 ou 1969.
A ousadia do
espetáculo não chegou a corar a ‘família’ itororoense, que se fez civilizada
para assistir o que o Rio de Janeiro assistia. Tanto que não houve ti-ti-ti
quando a “Vedete do Brasil” – título que recebeu das mãos do presidente Getúlio
Vargas, com quem, diziam as más línguas, havia rolado qualquer coisa – uma Lane
desenvolta e maliciosa, sentou no colo de Dr. Alcebíades José da Cunha Filho - ícone local - olhada de soslaio
pela esposa Luísa, também doutora, e sob risos da platéia que lotava o Clube
Social.
Naquele instante
a cidadezinha descobriu que vedete não significava prostituta (por ‘andar’ com
as pernas de fora), mas sim artista de expressão de uma era que se fizera
grandiosa em tempos do Cassino da Urca – onde Virgínia Lane estreou, aos 15
anos – até que o pudico presidente Eurico Gaspar Dutra determinasse o fechamento do
estabelecimento.
Em qualquer carnaval à antiga “Sassaricando” - seu maior sucesso - a faz eterna. Na voz e na beleza.
Ainda vivas no rapazola que a viu e a ouviu bem de perto. Babando sonhos nada reveláveis. Que hoje não mais se sonha. Porque não se precisa sonhar.
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