Que há desconfiança
Alguns estão surpreendidos com o atual estágio das andanças da oposição na Bahia (a parte mais expressiva dela), tida e havida como a expressão da insatisfação contra o PT de Jacques Wagner - se não a entendermos contra Jacques Wagner e seu PT - capitaneadas pela dupla ACM Neto e Geddel Vieira Lima.
Tempos houve em que o PFL/DEM parecia morto, lançado no despenhadeiro do esquecimento até que aconteceu a eleição de ACM Neto para a prefeitura de Salvador para reforçar a liderança eleitoral de José Ronaldo em Feira de Santana. Vitória nos dois maiores colégios eleitorais do Estado no feliz 2012 fez levantar o defunto.
O PFL/DEM cai das pernas em nível nacional e aves nada agourentas dão-lhe vida em dias contados. Na UTI político-eleitoral sobrevivia sob aparelhos até que a Bahia ensaiou o ressuscitamento. Ainda que a melhora do moribundo possa representar tão somente o famoso estágio que afasta as carpideiras e a extrema-unção do leito do padecente, certo e indiscutível que horas, dias, talvez semanas de sobrevida alimentem as esperanças - antes escassas - das hostes do partido em nível nacional.
Tal realidade faz brilhar os olhos e explodir de alegria quem lançara a sorte e não via resposta. Ninguém em sã consciência há de admitir que o PFL/DEM jogue fora a oportunidade. Principalmente por ver viabilizada uma retomada da hegemonia em nível estadual e caminho para assegurar a eleição de ACM Neto em 2018, que não estaria confortável com Geddel encastelado em Ondina a partir de janeiro de 2015.
A lamúria do instante reside no fato de que Paulo Souto disse que não queria e depois se desdisse. O que sinalizaria um retrocesso no âmago das forças que compõem o projeto de enfrentamento ao PT wagneriano, atingindo a expectativa de Geddel Vieira Lima de ser o ungido da oposição, sonho que alimenta desde 2010.
Houvera lance de que a definição oposicionista ocorreria em fevereiro, depois prorrogada para março. Os prazos encontram-se por vencer. As atitudes é que alteraram as expectativas. Especialmente as de Geddel Vieira Lima.
Que pode não ter a seu favor, neste instante em que são sopesados em miligramas os prós e os contras, o cacife ideal. Basta que relembre o conceito que lhe outorgava ACM, cacique maior do PFL tornado DEM. E, para quem olha a alma dos 'amigos', ver como Geddel trata(ou) o PT em nível federal. O que bem pode acontecer em nível estadual.
Nada de novo no front que não seja desconfiança.
Nada de novo, se entendemos a política partidário-eleitoral como um jogo que repercute não só no imediato mas, principalmente, no mediato mais distante. Especialmente para quem enxerga no passado lições para o futuro.
Como nos primeiros versos da canção interpretada por Anísio Silva (que o levou a liderar as paradas de sucesso em 1958) 'alguém me disse que tu andas novamente / de novo amor, nova paixão, toda contente' pode atender a todos os envolvidos. O que inclui novos "outros" amores, descobertos pelas circunstâncias alimentadas por uma dor de cotovelo daquela.
Não sabemos quem permanecerá 'contente'. Ou se a 'paixão' fará a razão encarnar uma tragédia passional.
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