Em campanha
Naturalmente todos hão de concordar que Eduardo Campos representava um segmento na política brasileira que refletia renovação na campanha presidencial de 2014. Não se diga com isso, no entanto, que tal renovação ultrapassasse os limites de ser um quadro novo no cenário político-eleitoral.
Eduardo Campos perdera pontos no imaginário de muitos que o observaram com atenção quando se lançou candidato. E mesmo decepcionara os que o viram, num primeiro instante, como uma opção concreta de mudança no planisfério das ideias.
Encastelado no PSB –– sigla que prima pelo socialismo como vertente ideológica –– não conseguia definir-se onde estava diante do secular conflito capital-trabalho. Mais demonstrava preocupação imediatista –– de ser eleito –– fugindo de cumprir o ministério pedagógico de estabelecer propostas que convencessem na dimensão de preparar consciências para seu projeto inscrito no programa do partido. Tanto que passou a falar ao gosto da plateia.
No entanto –– ainda que não concordemos com o que expressava e como o fazia nesta campanha –– não deixa de ser uma estupidez do destino ceifar uma vida que podia ser exemplo. Não necessariamente do que propagava, mas de que enfrentar/participar é imperativo.
Para nós essa a maior tragédia advinda da perda de Campos: o aprofundamento do limite da disputa presidencial no estrito campo da polarização.
Mas tragédias são assim mesmo. No dia 11 de setembro de 1950 o teco-teco que transportava Lauro Farani Pedreira de Freitas acidentou-se em Bom Jesus da Lapa, em campanha pelo governo da Bahia.
No 1º de outubro de 1982 um helicóptero se chocou com a serra da Muquiba, em Caatiba, matando mais de uma dezena de políticos.
Dentre eles Clériston Andrade (candidato a governador), Henrique Brito Filho (deputado federal em busca de mais um mandato) e Naomar Alcântara (deputado estadual pretendendo continuar na Assembleia Legislativa).
Naomar e Henrique enlutaram particularmente Itororó. E a Bahia perdeu dois de seus mais expressivos e promissores quadros políticos. Que a essa altura já teriam se tornado senadores e/ou governadores.
São as tragédias em campanha. Que de vez em quando marcam presença. Como em 1950, com Lauro Farani de Freitas; em 1982, com Clériston, Henrique e Naomar; em 2014, com Eduardo Campos.
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