Afirma-se há tempos que a imprensa é o quarto poder. Nasceu a expressão da circunstância de os órgãos de comunicação constituírem um poder paralelo aos três outros institucionalmente estabelecidos pelo mundo do Direito de Estado (Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário) pensado este a partir do Iluminismo de Montesquieu.
Imprensa tornava-se poder, então, por exercer um controle difuso sobre as ações dos poderes institucionais, atuando no plano da informação da verdade factual (assim se propunha). Deste modo a informação tornava-se –– pela divulgação de fatos que afetassem a atuação dos poderes institucionais –– no termômetro capaz de escancarar o que neles houvesse, refletindo para a massa leitora o que acontecia de bom ou de ruim nas ações de Estado.
Assim, o exercício da informação e da divulgação dos fatos, em todas as dimensões (diretas ou indiretas) tornava-se o meio de esclarecer em torno do exercício do poder de direito, inerente ao Estado.
No entanto, o poder contido na informação foi descoberto pela circunstância de formar opinião. Daí não tardou a consciência de que manipulada a informação forma-se-ia a opinião que se pretendesse. Por esse viés órgãos de imprensa passaram a atuar na formação da opinião voltados para conquistar o poder para aqueles a quem estivesse a servir.
É o que se assiste contemporaneamente. Perdeu a imprensa a vergonha de ser criticada por tal proceder, tanta a força que exerce no imaginário, mais acentuado através dos meios de comunicação de radiodifusão.
Tornaram-se, assim, típicos partidos políticos ou de pessoas que pretendem alcançar o poder.
A manipulação é o seu instrumento maior. Ao lado da notícia seletiva tudo se torna possível.
A propósito, pesquisadores da UERJ criaram o "Manchetômetro", instrumento para medir a cobertura das eleições pela grande mídia, entendida e amostrada aí apenas por alguns de seus representantes: os jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e O Globo e o Jornal Nacional da TV Globo.
O que apuraram no curso de 2014 é um verdadeiro massacre em relação à candidata Dilma Rousseff, no quesito 'notícias contrárias'.
Vejamos alguns dados:
Atente o leitor –– para melhor dimensionar o que acontece –– que o candidato Aécio Neves, no mês de julho, vê ampliada em torno de si o noticiário negativo (a partir do escândalo dos aeroportos) lançado pela Folha de São Paulo. Ainda assim, Dilma mantém-se em muito acima dele.
Um outro dado avaliado leva à confirmação
científica do quanto as redes sociais já perceberam há tempos: a grande imprensa
realiza diariamente uma campanha sistemática contra a política e suas
instituições, o que está registrado no item “enquadramento da política”, que
acompanhou a abordagem midiática das instituições políticas brasileiras
(partidos, congresso, executivo, etc.), das políticas públicas e das
personalidades políticas, revelando estarrecedores 98,7% de manchetes negativas.
Diante do quanto aqui exposto –– e considerando que idêntico procedimento ocorreu nas eleições de 2010 –– há de ser compreendido como o hercúleo o resultado de Dilma Rousseff nas pesquisas.
Ou, como nanica a força desta grande mídia no enfrentamento da verdade real: as ações do governo falam mais alto.
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