quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ultrapassando

Os limites
A TV Globo parece pretender assumir sozinha a condição de "posição oposicionista deste país", ocupando o espaço que por direito natural cabe à "oposição fragilizada". 

As expressões aqui postas são retiradas de declaração da jornalista, Maria Judith Brito, então presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), publicada em O Globo, de 18.03.2010: “A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”. (Ver "Vale-tudo", postado aqui no domingo 17).

A intervenção/interferência escancarada de William Bonner e Patrícia Poeta (com maior prevalência para Bonner) durante a entrevista concedida ao Jornal Nacional de segunda 18 por Dilma Rousseff beirou a agressão, tantas as interrupções quando a candidata respondia às longas indagações, de William Bonner especialmente (tomando-lhe parte do tempo de resposta).

Não se diga que são os defensores de Dilma os incomodados. A postura de Bonner gerou incômodo nos telespectadores a ponto de ser considerada grosseira por muitos. Tanto que aquele ar de 'moço bom' perdeu lugar para o de uma figura antipática.

Desde janeiro a presidente Dilma Rousseff, seu governo e o partido ao qual é filiada vem sofrendo uma campanha que beira o sórdido, quando o jornalismo do JN acentuou a sua condição de substituto da oposição partidária de forma escancarada. 

Considerando que dos pouco mais de 15 minutos da entrevista (exatos 15min47seg) foram gastos 5 minutos e 42 segundos com as perguntas, mais de 1/3 do tempo foi 'controlado' pelo JN. Não bastasse, Dilma Rousseff foi interrompida a cada 30 segundos em média, ou seja, duas vezes por minuto.

A comparação com os dois anteriormente entrevistados pode ser medida a partir do levantamento do Muda Mais.
 

Horário eleitoral
O programa de Aécio Neves apresentou-se no plano do "convite" ao eleitor para seu projeto, muito bem elaborado (o programa) com o discurso do tucano sendo atentamente escutado por diferentes regiões e classes sociais como faziam crer as imagens.

O de Dilma de logo mostrou a que veio: dar publicidade às realizações do seu governo (omitidas em muito pelo jornalismo televisivo), com destaque para a inserção de parcelas da população numa "vida melhor". O programa trouxe Lula a tiracolo (em mais de uma oportunidade), sinalizando que será ele o grande cabo-eleitoral do PT/Dilma.

Observação: como Aécio elogia Fernando Henrique Cardoso, considerando seu governo como base de tudo que ora acontece de bom no Brasil, ficou devendo fazer do ex-presidente um cabo-eleitoral do PSDB e de sua candidatura como Lula o é do PT e da candidatura Dilma.


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