De castiço proceder
Longe vão os tempos em que algumas coisas permaneciam no estado em que existiam. Na política partidária, por exemplo, figuras ficavam marcadas como referência às agremiações a que pertenciam. Ulisses Guimarães, Leonel Brizola, Carlos Lacerda, Bilac Pinto, Juscelino Kubitschek ao serem lembrados o eram como expressão dos partidos a que integravam.
Época em que a posição e a afinidade idealístico-ideológica faziam prevalecer a integridade moral e o respeito do político. Quando a defesa das ideias delimitavam a identidade pautadas na coerência de princípios.
Nas últimas décadas muito mudou. O aumento vertiginoso de agremiações políticas não encerra em si a pluralidade ou conflito de ideias ou a defesa de princípios. Mas o abrigo para quem não consegue conviver com as disputas internas, sustentadas em qualquer democracia no respeito da minoria às decisões da maioria.
Mais grave ainda: uma caixinha financeira sustenta as agremiações não só para a sua manutenção, mas para alimentar negócios político-materiais assegurando espaço no processo eleitoral e nas administrações vitoriosas àqueles que comandam partidos.
Todo o dito exigiria maior reflexão para encontrar um ponto de fusão em relação ao porquê de acontecer. Mas não é este o espaço para tal 'tratado'.
Lemos na rede que um político que administra município na região acaba de apoiar – de mala e cuia – a oposição, ainda que tenha sido ele eleito pelo partido que encabeça a situação.
Para alguns, escândalo. (Não esquecer que o inverso também acontece). Para outros, ausência de postura e dignidade no trato da palavra dada ao partido que o acolheu e o tornou vitorioso.
O PT, partido do migrante, se dirá - ou se fará de – vítima. Que tenha lá suas razões. Afinal há razões e explicação para tudo.
A circunstância de o partido ser o PT é que nos chama a atenção. Em razão de sua origem e de como se portou durante os primeiros anos de existência. Do caderno de exigências para que aceitasse um pretendente a filiado.
Nestes recentes anos, onde nem uma década se completou, aqui na Bahia, por exemplo, assistimos – e não precisamos buscar outros rincões do estado para alimentar a amostragem estatística – ao desenfreado livro petista aberto às filiações. Ainda que o neófito não fosse lá essas coisas e que seu currículo não contivesse outra coisa a não ser ladroagem.
Definitivamente houve tempo de castiço proceder na política. O que não mais é exigido hoje.
Fica, pois, dispensado o choro e a reclamação quando todos mais próximos estão da "casa de mãe joana".
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