domingo, 8 de setembro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

_______


A armadilha
Mais do que patente – os fatos revelados estão a demonstrar – que há uma armadilha para o presidente Barack Obama No âmago das informações que recebe de seus serviços de inteligência, acusando o governo da Síria como responsável pelo ataque com armas químicas tão difundido e a ponto de levar o dirigente estadunidense a defender uma imediata ação contra Assad.

Não bastassem as evidências (desde o governo russo a jornalistas que colheram depoimentos in loco, demonstrando que o ataque partiu dos próprios rebeldes) um documento assinado por veteranos da inteligência americana encabeçada por Thomas Drake, aposentado como executivo sênior da National Security Agency (NSA, na sigla em inglês), Philip Giraldi, na reserva como oficial de operações da Central Inteligence Agency (CIA, também na sigla em inglês), Matthew Hoh, capitão reformado da Marinha dos EUA, com serviços prestados no Iraque e no Afeganistão, no Foreign Service Office, e Larry Johnson, também aposentado pela CIA, com serviços prestados ao Departamento de Estado norte-americano, dizem, categoricamente, “que ao contrário do que afirma a sua administração, a informação mais fidedigna mostra que (o presidente da Síria) Bashar al-Assad não é o responsável pelo acidente químico que resultou em civis mortos e feridos em 21 de agosto, e que os funcionários dos serviços de inteligência britânicos também o sabem” (GGN/Nassif).

Obama está advertido. Não sabemos se – como ocorreu com Bush – mais se volta para atender à indústria de guerra, como o anterior fizera em relação ao Iraque e “suas armas químicas”.

A quem culpar
Pouco explorado em sua verdadeira dimensão o evidente constrangimento notado no semblante da presidente Dilma Rousseff sentada ao lado do estadunidense Barack Obama. Afinal, estava ela ombro a ombro com o chefe de estado de um país envolvido em denúncias de espionagem e alvo de pedidos de explicação do governo brasileiro.

E tudo começa com os tucanos e suas desmedidas privatizações, quando entregaram até o único satélite de que dispúnhamos. Não fora o governo FHC autorizar a instalação dos instrumentos da espionagem no entorno do Palácio do Planalto no penúltimo ano de seu primeiro mandato, parte das 841 licenças concedidas, para o território brasileiro, com validade até 2019.

Marcha dos incluídos
Procurou-se destacar as mobilizações neste 7 de Setembro como algo raro e recente, contrário ao que aí está, como se nunca tivesse estado. Assim o fizeram muitos dos noticiários televisivos. Pouco foi lembrado das tradicionais “marchas dos excluídos”, que ‘encerravam’ os desfiles cívicos ao arrepio da programação oficial.

Como tem ficado evidente – considerando determinado tipo de protesto, que tende ao vandalismo, como parte de integrantes o demonstram desde junho – há flagrante uso político contra a representação do Estado brasileiro atual. Muitos de seus membros declaram-se contra o governo e o partido que administra o Brasil.

A ação posta em prática, voltada para estabelecer de certa forma o caos nas instituições, até chegou a ser “enaltecida” por algumas redes de televisão (depois recuaram, depois que passaram a ser atacadas, como caso da Globo), que nela via um poderoso factóide contra Dilma, PT, Lula etc. A bandeira da luta contra a corrupção mais neles se concentrava, como se a dita cuja houvesse surgido dentro deste país ingênuo e puro a partir de 2003.

Parte considerável dos que escondem o rosto para praticar atos de vandalismo tem origem na classe média alta. Por tal razão não tememos afirmar que a maioria das “marchas” deste 7 de Setembro não era de “excluídos”, mas de “incluídos”, bem ao gosto de parcela da imprensa.

Além do espírito de porco
As semelhanças genéticas entre porcos e humanos é o título de matéria veiculada no GGN, onde destacados os estudos que afirmam as similaridades extraordinárias entre as duas espécies. O que pode contribuir, inclusive, para o universo da cura de graves doenças no homem. Afinal, nosso “irmão” também padece de obesidade, Parkinson, Alzheimer, enfarto, derrames e quejandos outros.

Daí tomarmos a iniciativa de ir de encontro à adjetivação de porcos, em defesa de nossos parentes genéticos. Para protegê-los. Pelo menos enfiam as fuças na merda porque é da sua natureza. Não como os humanos, que o fazem para corresponder a interesses. Que o digam alguns da espécie, encastelados no jornalismo pátrio. Ou mesmo em instâncias judiciárias de cúpula.

Por outro lado, se a identidade genética se afigura perfeita, o ‘espírito de porco’ há muito transita entre os humanos.

As leituras
Quadro que reproduz uma charge do cartunista Carlos Latuff foi retirado, por ordem superior, a pedido de deputado (Bolsonaro, o filho), da parede de gabinete de juiz no Rio de Janeiro.

Os que entendem ser agressiva a realidade – polícia “crucificando” negros – poderia fazer outra leitura: a polícia, como aparelho de repressão do Estado, crucificando o povo. Com gás de pimenta, com gás lacrimogêneo, balas de borracha etc. Sem falar no tradicional cassetete.

Como em outro instante
O alvo é a arte com o mesmo Cristo proibido de ser visto, escondido como no desfile da Sapucaí, para não ver o que está a ocorrer em nossas ruas com nossa gente.

Correção de rumo
Ainda há tempo de corrigir o rumo, afastando radicalismos conceituais da realidade que hoje ocupa projetos de revitalização econômica da região cacaueira, como percebemos a partir de texto publicado neste O Trombone.

A valorização do sistema cabruca – para dar-lhe dimensão no âmbito da produtividade – exige maior liberação do espaço aéreo sobre o cacau, o que significa o sacrifício de árvores para permitir melhor luminosidade natural através do ingresso de raios solares sobre o theobroma. 

Para que tal ocorra, as árvores exóticas estão na fila do sacrifício e serão substituídas por espécies nativas, na proporção de três plantadas para cada uma tirada.

Sob esse viés – sacrifício das espécies exóticas (aquelas que não são naturais da Mata Atlântica) – a jaqueira está na lista para ser substituída. Pelo menos – ainda que seja a última da lista – o que está contido em matéria do Tempo Presente, por Levi Vasconcelos, no A Tarde.

Cremos que está faltando analisar a importância da jaqueira no contexto contemporâneo da economia sustentável. Ainda que espécie exótica – originária da península do Sião, na Ásia – a artocarpus heterephyllus, da família das Moráceas, se tornou elemento natural ao extrativismo regional, assegurando renda para muitos proprietários rurais, assim como o jenipapo e o cajá.

Defendemos que a morácea deve ser afastada do sacrifício. Muito melhor eliminar eritrinas e semelhantes.

No entanto, não deve ser este o motivo que retarda o governador Jacques Wagner de assinar a medida autorizadora, cobrada na matéria de Levi.

Em busca de solução
Da Agência Brasil – “Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; e da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, se reuniram hoje (5), em Brasília, para discutir soluções jurídicas para a questão indígena e os conflitos no campo, especialmente com relação à disputa entre índios e fazendeiros no sul da Bahia. O presidente da República em exercício, Michel Temer, também tratou do assunto em reunião ocorrida ontem”.

“Temer convocou Cardozo para tratar da questão logo após receber uma comitiva de deputados, prefeitos e produtores rurais baianos. Acompanhados pelo ex-ministro da Integração Nacional e atual vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, o grupo viajou a Brasília para pedir ao governo federal providências em relação ao conflito na região sul da Bahia”.

A iniciativa de Geddel Vieira Lima de levar prefeitos, deputados e produtores rurais a uma audiência com o presidente em exercício Michel Temer na quarta 4 o credencia a ocupar a cabeceira da defesa dos pequenos produtores, fato até aqui apenas assumido pelo deputado Geraldo Simões.

Dividendos
Inegavelmente duas figuras emergem – a partir de atitudes no presente instante – considerando o conflito centrado em Buerarema, instaurado pela posse terras: o deputado Geraldo Simões – única voz na Câmara Federal a cobrar posicionamento das várias esferas governamentais – e Geddel Vieira Lima – ao conseguir trazer o Governo Federal para encontrar solução concreta para o problema.

Ambos terão resposta eleitoral na proporção em que a solução ocorrer.
Geraldo recupera espaço político, melhora a sua imagem e a atuação como deputado em defesa da região. Geddel inibirá qualquer iniciativa do governador Jacques Wagner, que sai com a sua imagem desgastada diante da população da região.

Candidato a governador em 2014, Geddel Vieira Lima soube compreender a dimensão em que se encontra o conflito e seus desdobramentos. Já o governador Jacques Wagner apenas quer uma solução pacífica, depois que o conflito foi instalado sem que movesse uma palha para evitá-lo.

Outros tempos
Em dias de convivência com a geração de “ficar” vem-nos à lembrança os versos de “Argumento” (Adelino Moreira), interpretados por Nelson Gonçalves nos idos de 1959, quando ensaiávamos olhares do alto dos treze anos para as colegas de colégio. Quem imaginaria hoje que um beijo roubado se desdobrasse em tanto argumentohttp://www.youtube.com/watch?v=1E_oUXbVR0k

_____

* Coluna publicada aos domingos www.otrombone.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário