DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Genialidade
A turma da rede fez circular,
em homenagem à posse de Fernando Henrique Cardoso na Academia Brasileira de
Letras, uma assertiva de Millôr
Fernandes: “De uma coisa ninguém pode me acusar: ter perdido meu tempo lendo
FhC (superlativo de Ph.D)”.
Para nós, uma outra homenagem:
à genialidade de Millôr.
Wajda
O cinema polonês nos chegou
ainda através da tela do Cine Irapuã, em Itororó, com o título “Kosara, a
montanha heróica”, que tratava da avassaladora invasão alemã sob a ótica da
geração que a enfrentou e não conseguiu evitar que a Polônia estivesse sob o
absoluto controle nazista em apenas uma semana, em busca do estreito de Dantzig
e seu porto (hoje Gdansk) que abriam o Báltico para a Alemanha, iniciando ali a
II Guerra Mundial, em 1º de setembro de 1939.
Com o advento do VHS e,
posteriormente, do DVD tentamos encontrar o filme. Até hoje não conseguimos e
não dispomos de outra informação a não ser o título retido na memória.
Por causa dele descobrimos
Andrzej Wajda (1926-), imaginando que o primeiro de seus filmes da denominada “trilogia
da guerra” fosse o buscado. Assim, chegamos a “Geração” (1954) e descobrimos o
fabuloso Wajda. Em seguida “Kanal” (1957) e “Cinzas e Diamantes” (1958), onde a
imagética do personagem principal está inspirada em James Dean. Depois “O Homem
de Mármore” (1976) e “Danton, o Processo da Revolução” (1983).
Com a “trilogia”
descobrimos a razão da antipatia e da resistência polonesa aos soviéticos.
A CartaCapital desta semana
traz Wajda na “Plural”.
Cinema
Aproveitando a referência à
invasão da Polônia e início da II Guerra Mundial uma pérola como recomendação: “Ser
ou Não Ser” (1942), de Ernst Lubitsch (1892-1947).
O povo não está nem aí!
Ainda que até Ives Gandra Martins,
referência conservadora no mundo do pensamento jurídico brasileiro, afirme que
José Dirceu foi condenado sem provas,
e ainda mais visivelmente no crime de formação
de quadrilha (tanto que os torquemadas do STF tiveram de utilizar da teoria
do domínio do fato como único e inusitado apoio), o país se vê agitado por
especulações dignas de um teatro do absurdo.
O detalhe fica por conta do
que se observa nas intenções de voto para 2014: todo o circo armado e por se
armar não interfere na análise da maioria da população.
O povo sabe por quê!
Premiação I
Para trazer ao noticiário um
contraponto ao Prêmio Nobel, a bi-mensal humorística, dedicada ao mundo
científico, Annals of Improbable Research,
criada em 1991, nos Estados Unidos, satiriza o padrão acadêmico. Trabalha com
experiências científicas de valor, quando nada, singular. Dela o famoso Prêmio
IgNobel, que nos traz as mais recentes proezas das “ciências”. Com direito à
cerimônia de premiação e tudo em salões da Universidade de Harvard, como
ocorreu no 12 de setembro http://www.improbable.com/ig/2013/
Premiação II
O vencedor do IgNobel da Paz
foi Alexander Lukasshenko, presidente da Bielo-Rússia, que decretou a
ilegalidade do aplauso em público e, provando o acerto de sua iniciativa, determinou
que a polícia prendesse um homem que tinha um só braço, por ousar ferir a
disposição legal.
Por lá a turma descobriu o
inusitado do aplauso como protesto irônico. Como Sua Excelência estava sendo
muito aplaudido, sentiu-se incomodado. Mesmo que com palma de cotó.
Para Marie Dacke, da sueca
Universidade de Lund, justificada a honraria em Biologia e Astronomia por
demonstrar que certos besouros encontram o caminho de volta, caso sintam-se
perdidos, orientando-se pela composição estrelar da Via Láctea.
Faria o
parnasiano Olavo Bilac “ouvir estrelas”.
Premiação III
Espetacular o trabalho de Bert
Tolkamp e colaboradores, premiados em Probabilidade pelos avanços que abrem
para a humanidade a partir de duas pesquisas correlatas: demonstraram que “quanto
mais tempo uma vaca permanece deitada, maior é a probabilidade de que se
levante”, ao passo que “quando uma vaca fica de pé, não é possível prever com
facilidade quando se deitará novamente”. Genial, pá!
Na esteira, a premiação em
Psicologia, pelo trabalho de Brad Bushman, da Universidade de Ohio, que
conseguiu a proeza de provar que os homens que tomam vários drinques sentem que
são mais atraentes do que nas oportunidades em que bebem menos.
Premiação IV
No Brasil o IgNobel poderia ir
para o “tesão de mijo”, como afirmado pela ciência popular, de que a ereção
matinal está vinculada à bexiga cheia.
Uma solução para certas
dificuldades em fazer o dito cujo manter-se altaneiro seria antecipar qualquer
relação sexual com, pelo menos, meia dúzia de cervejas.
Discurso
A entrevista concedida pela
presidente Dilma Rousseff nos Estados Unidos deixou entrever uma dirigente mais
madura e mais segura com o que expressa. Talvez a repercussão do discurso feito
na ONU tenha alimentado a imagem da Presidente.
O grande discurso
O cinema viabilizou, pelo viés
do humor, grandes discursos humanistas, como em “O Ditador” (1940), de Charles Chaplin
(1889-1977), e em “O Embaixador/Su Excelencia” (1967), de Mário “Cantinflas”
Moreno (1911-1993).
O mais belo discurso na atual
sessão da ONU foi o do presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica. Não sabemos se
este planeta preocupado em desenvolver a negação do Homem-Humanidade terá
ouvidos para escutar o revolucionário (pelo instante) pronunciamento do
uruguaio (que chega a lembrar, nos primeiros instantes de sua fala, do “maracanaço”
como última referência de seu país para o mundo).
Veja-o na íntegra, através de http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-homenzinho-medio-das-nossas-grandes-cidades-perambula-entre-os-bancos-e-o-tedio-o-discurso-de-mujica-na-assembleia-da-onu/
Indignação
O discurso do senador Roberto
Requião, tecendo “loas” à exploração feita pelo O Globo em torno do seu nome,
merece ser ouvido.
Palavras duras, compreensíveis para quem foi vítima da
manipulação (costumeira) do sistema dos Marinho. “Delicadamente” os filhos de
Roberto Marinho foram chamados de “moleques e malandros”, como pode ser visto
em http://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2013/09/requiao.jpg
Mão I
Os dados divulgados pelo PNAD
para 2012, comparados com 2011, mostram a continuidade positiva de certos
índices, como o de Gini que, pela primeira vez fica abaixo de 0,50, estando em
0,498. Para compreendê-lo saibamos que a igualdade plena o teria em 0 e a
desigualdade em 1,0. A renda média per capita alcança 8.100 dólares.
Apontam os dados para uma
redução na concentração de renda, mantendo a tendência dos últimos anos, assim
como a taxa de desocupação.
Ainda que o analfabetismo não
tenha apresentado a redução que se espera.
Mão II
Caso esses dados apresentem
melhora no próximo ano o discurso da oposição ao atual governo somente
encontrará amparo na violência e na corrupção como temas.
O discurso atual não tende a
mudar o voto. As candidaturas até aqui postas somente encontram mais expressão
em Marina Silva. Aquele discurso de Aécio Neves, do “vamos conversar”, não
convencerá. Afinal, conversar sobre o quê?
Eduardo Campos transitará sobre o “fazer
mais”, que não alimenta a confiança do eleitor, além dos bolsões naturais, uma
vez que “mais” – ainda que não em termos absolutos – o governo atual anda
fazendo e também alimenta seu discurso na possibilidade de dispor de
oportunidade para “continuar” fazendo.
José Serra vai ficando isolado
– não somente em nível de PSDB, que já optou por Aécio – tendendo ao discurso à
direita com uma das expressões partidárias desta corrente, o PPS.
Contramão
Para quem ouviu e viu o
programa eleitoral do PPS na quinta-feira pensou estar em outro país, caso o considere
pela fala de Roberto Freire.
Detalhes
Enquanto a turma do haraquiri
esperneia na AP 470 (mensalão petista) começam as condenações no mensalão tucano,
carinhosamente chamado pela imprensa de “mensalão mineiro”.
Ainda que integrante de ambos,
Marcos Valério terá oportunidade de manipular os vários recursos da lei
processual se condenado no mensalão tucano/mineiro.
É que para o mensalão tucano o
ministro Joaquim Barbosa aplicou o princípio do juiz natural, mandando para a
justiça de primeiro grau os que não tivessem mandato. No “petista” – que era
caso para linchamento – o mesmo Joaquim Barbosa manteve o juízo originário do
STF e ainda pretendeu negar possibilidade de recursos.
Decisão assim como jabuticaba:
só há no Brasil. Inclusive, no caso de Sua Excelência, aplicando o princípio de dois pesos duas medidas:
para o PSDB, tudo; para o PT, nada.
Vaqueiros
Até que enfim a profissão
reconhecida!
Euro Araújo
Reencontramos o itororoense no
lançamento da revista “Cacaueculturas”, na última sexta 27. Euro anda
valorizando a terrinha como referência itapuiense no comando do Instituto
Federal da Bahia de Uruçuca.
Empolgado e confiante na
instalação de curso de graduação em Tecnologia de Alimentos no instituto que
dirige.
A antiga EMARC-Uruçuca ainda é referência no curso, em nível técnico, de
onde saiu outro itororoense, o mestre o doutor Álvaro Machado, hoje no mundo do
ensino de Química no IFET de Salvador e na UNEB.
Tempos de rádio
Enquanto a Bossa Nova rompia o
código apriorístico da estética musical brasileira vivíamos o rádio, as revistas, os jornais e os livros como fonte exclusiva da informação. No rádio as
novelas e os sucessos musicais.
Em 1969 o baiano de Caculé Anísio Silva (amigo
pessoal de Juscelino Kubitschek, cantou na inauguração de Brasília) permaneceu
meses nas “paradas” com a guarânia quase rasqueado “Quero Beijar-te as Mãos”
(Arsênio de Carvalho-Lourival Faissal).
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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
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