DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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O destino do homem virtual
Pesquisas recentes, uma realizada
pelo Laboratório de Estudos da Emoção e Autocontrole da Escola de Psicologia da
Universidade de Michigan-EUA, comandada pelos professores Ethan Kross e
Phillipe Verduyn, e outra, de cientistas sociais alemães das universidades de
Humboldt e Darmstadt, sob comando dos professores Peter Bauxmann e Hanna
Krasnova, convergem para uma conclusão preocupante: o perfil do usuário das
redes sociais tende à infelicidade e à solidão quanto mais usa o facebook e o
twitter (destaque da pesquisa estadunidense), não fora o despertar do sentimento
da inveja (conclusão da segunda).
Evidente que vai se
cristalizando a ideia de que o progresso não está pavimentando caminhos que
levem o homem à felicidade. Todos os entrevistados e acompanhados tinham idade
não superior a trinta anos. O Homo
digitalis – como o anunciou nos anos 90 o americano Nicholas Negroponte, do
Massachucets Institute of Technology – tende a reproduzir o que circula na rede
de forma em muito distorcida e concentrada, razão por que da manifestação de
ódio em muito aprofundada, o que seria fruto do aumento de crises por ciúme nas
relações amorosas, tensão social, tendência ao isolamento e aumento da
depressão.
Não caminha a humanidade para
o aperfeiçoamento da busca pela felicidade. Tampouco a amizade virtual superará
a amizade de contato pessoal, ainda que ambas passem pela troca de idéias ou de
imagens.
Como alertam os estudiosos,
tendemos a nos tornar uma geração de brucutus radicalizada em guetos virtuais.
Na sociedade humana, que se caracteriza, por definição, pelo convívio social como
objeto de sua existência, a virtualidade se constitui na sua negação.
Não à toa há quem já fale em
sexo virtual. Que somente ocorrerá pelas práticas onanísticas para alcançar o
prazer. Condenada, em geral, por não contribuir para a perpetuação da espécie!
O comum em dois momentos I
Mais que a expressão, a
efetivação de uma tragédia onde a criança era a vítima. A foto de Nick Ut
naquele junho de 1972 destacava a menina Kin Phuc, de nove anos, correndo nua em
Trang Bang depois de atingida por napalm, fruto de uma ataque de aviões
sul-vietnamitas alimentados pelo governo dos Estados Unidos.
A foto famosa traz ainda – o que
é pouco observado, diante da estarrecedora nudez de Kin – um menino, um pouco
maior, com o rosto escancarado de terror, como traduzindo em realidade a arte
do expressionismo abstrato de Edvard Münch, "O Grito", criada em 1893.
Como centro de nossa
observação, a criança vítima da selvageria da sociedade humana.
O comum em dois momentos II
As migrações tornaram-se meio
de transferência de recursos de países mais aquinhoados para os mais
miseráveis. Tanto que a ONU estima em 400 bilhões de dólares anuais o quanto arrebanhado
por mais de 230 milhões de migrantes e enviados para seus países de origem. No
entanto, aquilo que pode ser reconhecido como positivo guarda a crueldade da
exploração de trabalho análogo à escravidão.
Que envolve crianças, como
aquelas resgatadas em Nova Délhi, aguardando serem enviadas para suas
aldeias de origem.
Na guerra ou na paz as
crianças ainda são grandes vítimas. Para não dizer neste permanente estado de
guerra...
A Constituição em dois instantes
No primeiro, a sua promulgação,
há vinte e cinco anos, quando nomeada “cidadã” e considerada uma das mais
avançadas do mundo, consolidando, inclusive, um sistema universal de saúde raro
no planeta. As garantias e direitos individuais, no entanto, seriam o seu maior
legado, ainda hoje perseguido pelos mais diferentes segmentos da sociedade, que
nela encontram o sustentáculo para a busca, inserido de novos atores concretos
na vida nacional: criança, adolescente, idoso, consumidor, meio ambiente etc.
Mesmo dilapidada no curso destas quase três décadas, para corresponder a
interesses nem sempre alinhados aos do povo, é um marco.
No outro, a atuação de uma
corte judiciária – o Supremo Tribunal Federal – nela estabelecido como guardião
de seus princípios e valores, que se perde em menos defendê-la e mais tornar-se
aparelho de hegemonia de estamentos da elite, quando se deixa levar – ainda que
em muitos casos não à unanimidade – pelos versos
da política partidária, não pelo viés da defesa da igualdade.
Explicar é possível
Em “Encruzilhada construída”,
postada em http://adylsonmachado.blogspot.com
neste sábado 5, trilhávamos por avaliação que tem norteado a assunção de nomes
que buscam espaço no topo da administração pública brasileira quando se sentem
em conflito entre suas convicções e a dos grupos que lhes deram origem. Nos
últimos anos, pelo menos de 2006 para cá, Heloísa Helena e Marina Silva
tornaram-se o lugar comum da solução encontrada pelas elites do conservadorismo
político brasileiro diante da incapacidade individual de muitos de seus
próceres, buscando retardar um resultado eleitoral que lhes é desfavorável.
A decisão de Marina Silva, de
se abrigar no PSB foi a menos traumática no plano das idéias que defende, se a
observamos pela ótica da coerência ideológica.
Convencer é difícil
Mas nem tanto assim. Também
filiados Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen ao PSB, do presidenciável Eduardo
Campos. Mudou o PSB de Campos ou mudaram Heráclito e Bornhausen?
Esta a nova parceria da
puritana Marina Silva. Que pela conformação ideológica dos novos companheiros
acabou de dar uma guinada à direita.
O efeito Marina
Aguardar as próximas pesquisas,
obviamente o que dirão depois do ingresso de Marina Silva do PSB. Os otimistas imaginam
uma transferência maciça daqueles 20 milhões de votos obtidos pela então “verde”,
que fizeram a festa do Serra, levando a eleição para o segundo turno.
Sabido, no entanto, que parcela
dos votos de Marina migraram para a candidatura tucana e uma outra para Dilma.
Ou seja, seu eleitorado se faz de parcela radicalmente contrária ao
PT/Dilma-Lula e votará sempre em quem tenha condição de derrotá-los, esteja à
esquerda ou à direita.
Caso confirme sair de vice na
majoritária com Eduardo Campos cabe indagar se transferirá todos os “seus”
votos ou o seu eleitorado optará por sufragar quem tenha condição de derrotar o
PT/Lula-Dilma.
Que pode não ser Eduardo Campos.
Proeza
Sinalizado como candidato a
governador de São Paulo, o atual ministro da Saúde Alexandre Padilha, já tem
vice assegurado. Segundo Vera Rosa, da Agência Estado, Maurílio Biagi Filho foi
indicado por Lula para integrar a chapa majoritária, razão por que já se filiou
ao PR.
O novo companheiro tem origem no agronegócio, já que usineiro. A aliança
trabalho-capital visa desalojar o tucanato do governo paulista.
Para a eleição paulistana, de 2012, Paulo Maluf
foi solução para eleger Fernando Haddad. Criticada entre os puristas; acertada para os pragmáticos.
Consolidará 2014 mais uma
proeza do “poste” Luiz Inácio Lula da Silva?
Inflação e infringentes I
A inflação será, certamente, o
instrumento de assombração ao eleitor no correr da campanha eleitoral de 2014.
Esta, por exemplo, a caótica observação de Roberto Freire em fala no programa
partidário do PPS.
Os dados do IPCA, no entanto,
mostram que depois de ultrapassar 12% no último ano de FHC, que sempre a teve acima
de 7% nos anos de seu segundo mandato (6% somente no ano de 2000), tem ficado
abaixo dos 6% desde 2004 (ultrapassado apenas em 2011, quando chegou a 6,5%).
A leitura que fazemos: se a
inflação se mantém dentro do limite da meta e não afetou o processo eleitoral
também não será o bicho papão que muitos pretendem.
Inflação e infringentes II
Mais preocupante,
politicamente, a exploração – qualquer que seja o resultado – do julgamento dos
embargos infringentes na AP 470 – o “mensalão petista”, porque o do PSDB (AP
536) continua sendo “mineiro”, forma maneira
de a imprensa ajudar o tucanato a fugir de suas históricas responsabilidades
com comprovadas compras de votos, como no caso da reeleição para FHC, adquirida
a 200 mil por cabeça nos idos de 1997.
Estranho I
Informação para
nós fidedigna nos fez tratar em http://adylsonmachado.blogspot.com
da desfiliação de filho de Geraldo Simões do PT, que estaria ingressando no PSL
(“Histórico mas nem tanto”).
Ou mentiu a nossa fonte ou à rede
não interessou a informação, tanto que nada repercutiu.
Estranho II
Como também não repercutiu o evento que
reuniu o candidato à presidência do PT baiano, Everaldo Anunciação, e a
militância regional. O que inclui, em nível de Itabuna, a que enfrenta a
hegemonia de Geraldo Simões.
Há quem não goste
De Levi Vasconcelos, na coluna
Tempo Presente (A Tarde):
“Virada no cacau
O secretário Eugênio Spengler (Meio
Ambiente) divulgou, para apreciação e sugestões até o dia 20, a minuta do
decreto que cria o Programa de Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais da
Bahia, documento que, segundo o superintendente da Ceplac na Bahia, Juvenal
Maynart, será o upgrade da região cacaueira: vai provocar,
com boas práticas ambientais, a valorização das terras hoje quase desprezadas e
reabilitar a autoestima dos produtores, com a volta à cena produtiva.
- Ainda acredito no homem público.
Juvenal e sua fé são joias raras."
Há quem não goste do rapaz. O
que fazer?
Caos
Quando anunciado o envio do
orçamento do município e Itabuna e suas estimativas e previsões para o
exercício financeiro de 2014 circulou a informação de que a disponibilidade de
recursos de Itabuna para corresponder a investimentos estaria no limite de 6
milhões de reais no universo de 430 milhões estimados no projeto encaminhado ao
Poder Legislativo.
Os recursos declinados nem mesmo
chegam a exatos 1,4% do montante fixado em nível orçamentário.
A leitura imediata é de que a
situação do município é caótica e está sobrevivendo praticamente de
transferências governamentais e somente investirá em infraestrutura se assinar
convênios com os governos federal e estadual.
Talvez isso explique a atuação
em áreas simples como sinalização e recuperação do piso de ruas e praças, que
somente agora começam a acontecer.
Tem nome
Sabendo que Gal Gosta aportará
em Ilhéus brevemente nos veio à mente – ainda sob a vertente da guarânia como ritmo
– trazer a interpretação da baiana para “Índia”. No entanto, pérola rara o que
faz em “Meu nome é Gal” (Roberto-Erasmo Carlos), dialogando frases com a
guitarra de Robertinho do Recife, em típico duelo/desafio de voz e cordas
elétricas, depois de especial contraponto com um soprano. http://www.youtube.com/watch?v=rMp5F1-vU08
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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
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