DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Tributo à estupidez
O assistido nos Estados Unidos
nestas últimas semanas não pode ser tributado à democracia, mas à estupidez. A
disputa ‘democrática’ entre as idéias defendidas pelos partidos Republicano e Democrata,
encontrando aquele o domínio de espaço para travar a administração do
país, leva ao absurdo de pretender prejudicar a maioria para que seja assegurada
a uma minoria, em torno de 0,1% da população, a manutenção e ampliação de
privilégios. Típica luta de classes, entre ricos (minoria) e pobres (maioria).
O pomo da discórdia reside na
proposta do governo Obama de assegurar benefícios aos desassistidos, através de
recursos para cupons de alimentação (nosso Bolsa Família) e aos desempregados
(seguro desemprego), não fora mais oferta de saúde para tais necessitados. Para
tanto precisa de recursos, o que tem sido negado pela bancada republicana,
visto que a tributação recairia em quem pode pagar – os ricos naturalmente.
Como nos EUA não há saúde
pública universal como no Brasil – lá todos compram planos de saúde – quer o
governo aumento de tributação dos ricos para que sejam reduzidos os subsídios governamentais
dados ao sistema Medicare para que os americanos de baixa renda possam comprar
‘seguros de saúde’.
Para quem folheia os
compêndios de História encontrará grandes semelhanças entre o instante
estadunidense e aquele denominado de Ancien
Régime, que desaguou na Revolução Francesa de 1789. Em França o absolutismo
monárquico sustentava a Nobreza e o Clero às custas do Terceiro Estado.
Mudaram-se os rótulos, o conteúdo permanece o mesmo.
É que socorro aos bancos pode.
Esse o sistema que alguns brasileiros ensaiam para o país, com o discurso do
Estado mínimo, caso cheguem à presidência da república.
Como o de FHC e seu
pupilo Aécio Neves, que desancam o país quando em viagem ao exterior,
especialmente se Estados Unidos, mostrando que o complexo de vira-lata neles permanece.
Retomando
Pode nada significar, mas o
fato não ocorria há três décadas, pelo menos. O papa Francisco, ainda que
informal e discretamente, encontrou-se no Vaticano com o religioso peruano
Gustavo Gutierrez, que é integrante da Ordem Dominicana.
Nada demais haveria se não
fosse Gutierrez uma das expressões da Teoria da Libertação. Tanto que lhe é
atribuída, como teólogo, a sistematização dessa corrente no interior da Igreja
Católica.
Devagar, o retorno da Opção
Preferencial Pelos Pobres, já apregoado por Francisco quando em passagem pelo
Brasil.
Dom Hélder Câmara e Dom Paulo
Evaristo Arns lideram o aplauso a Francisco. Alvíssaras!
Norma Bengell
Nosso tributo à atriz que nos
deixou esta semana. Se muito por sua ousadia como atriz – méritos tantos, afogados
em recentes mediocridades globais – muito mais por sua atuação política.
Talvez a razão de haver buscado outro espaço seja encontrada na falta de exemplo
em muitas de suas atuais companheiras.
Viciado
Viciado, por que não? A
retomada da política monetária neoliberal para conter a “inflação” demonstra,
pela recaída, que este Brasil vive como um organismo viciado em drogas. Caso
delas se afaste, por pouco tempo que seja, a síndrome da abstinência exige nova
dose.
Assim com a taxa SELIC, medicada pelo Banco Central, que
volta a ser a maior do mundo.
Pesquisas
Os mais argutos observadores não
confiam em pesquisas eleitorais – em geral – ainda que possam satisfazer o que
defendam. No imediato da ‘coligação’ Marina-Eduardo Campos – fato que
repercutiu apenas entre os interessados diretos e naqueles que acompanham a
gangorra da política – o instituto Datafolha já mostra reflexos da arrumação.
Soa-nos estranho que Marina
tenha subido, assim como Aécio e o próprio Eduardo.
Sem falar no salto de José
Serra, num dos cenários, apontado como o “mais improvável” – quando pode ser o mais provável ou, quando nada, o sonhado
pelas elites e pela oposição: Dilma com 38%, Marina com 28% e Serra com 20%.
Tal ‘improvável’ cenário não somente leva a eleição para o segundo turno como
pode alimentar/construir a possibilidade de derrota de Dilma caso concentrem-se
maior parte de votos de Serra ou Marina em um ou outro, visto que a soma das
intenções em seus nomes alcança 48% contra 38%.
Nesse momento manipulações
podem ser instrumento de propaganda, a ser utilizado no curso dos meses
seguintes. Não é coisa nova. Dar certo é outra coisa.
Aguardando II
A euforia oriunda da aliança
Marina-Eduardo Campos cobra-nos uma cena: a ex-petista e ex-verde, ainda sem
nova cor, abraçada a Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen.
Aguardando II
Da valorosa Luiza Erundina –
que recusou ser vice de Fernando Haddad por que Lula trouxe o apoio de Maluf
para o petista – também esperamos, pelo menos, uma fala – curta que seja – que
demonstre a natureza de sua reação aos novos ‘companheiros’
Plataforma brasileira
Ainda que a totalidade de seus
componentes não tenha sido produzida no país (o conteúdo nacional chega a 79%)
o lançamento da Plataforma P-55, de 52 mil toneladas – que produzirá 180 mil
barris e tratará 4 milhões de metros cúbicos de gás por dia depois de instalada
na Bacia de Campos, com previsão do início de atividade ainda para este ano – sinaliza
um instante singular para nossa indústria de base.
Construída/montada em Rio
Grande-RS, bem demonstra o quão distante estão estes últimos dez anos de
administração petista dos anteriores, onde destacada a tucana, que tinha olhos
somente para Singapura.
No imediato das comemorações
dos 60 anos de criação da Petrobras o lançamento de uma plataforma construída
no Brasil configura instante simbólico. Não somente pela circunstância de não
mais estarmos lutando pelo reconhecimento da existência de óleo em território
brasileiro, mas pela retomada de uma indústria de base, que estava sendo
transferida para estaleiros estrangeiros.
Segredo
Os dados levantados pelo DIAP
mostram o porquê da dificuldade que temos (o governo, em particular) de
emplacar decisões voltadas para a sociedade em geral, observada esta a partir
da base da pirâmide social.
Num Congresso onde as bancadas ruralista e
empresarial confundem-se com números convergentes que lhes permite barrar qualquer
iniciativa que não corresponda aos seus interesses, não há como ver a
contraposição da representação sindicalista/ambientalista obtendo sucesso, a
não ser que aquela concorde.
Apenas para ilustrar: a
representação empresarial corresponde a três vezes a sindical.
Os cubanos estão chegando
Ainda que não gostem o CFM e
seus acólitos estão chegando os cubanos (símbolo para a reação xenófoba de uma
parcela da classe médica) ao lado de tantos outros estrangeiros. Para cuidar de
saúde aonde muitos daqui não chegam, ainda que os espere o povo carente.
Contra a corrente, a aprovação
da MP do Mais Médicos e o posicionamento da Organização Pan-Americana de Saúde
(a mais antiga instituição médica do mundo), que, através de sua diretora-geral
Carissa Etienne, diz ser o Programa uma iniciativa arrojada e inovadora.
Naturalmente a senhora Carissa
seria vaiada no Brasil. Tanto que o texto dela em defesa e reconhecimento do
programa brasileiro, publicado em O Globo, não mereceu a repercussão merecida.
Novo/velho
Um jovem velho aporta na
política local. Dizem os que ouvem seu discurso que de novo somente a idade,
uma vez que a prática soa muito antiga.
Buscam descobrir a fonte de onde
bebeu.
Muito dinheiro
A administração de Claudevane
Leite disporá de recursos superiores a 50 milhões de reais para aplicar em
obras diversas no município. De saneamento básico à construção de milhares de novas
moradias, passando por urbanização e reurbanização. Afirma-nos fonte de alto
coturno do atual governo.
O detalhe fica pela forma como
conseguiu tal volume de recursos: simplesmente recuperando os projetos que a
administração de Azevedo não conseguiu efetivar, apesar de obtidos e assegurados os recursos.
Fecha o pano. Para a equipe de
Azevedo!
Quarteto Olinda
Formação pouco comum – rabeca
em vez de sanfona – o grupo mostra a força da qualidade da música que é típica
do Nordeste, afastando-se dos modismos ‘universitários’ que hoje afligem
vertentes várias da música brasileira. Leitura própria, autoral, com sotaque
inconfundível.
O grupo, que existe há oito
anos, tem assumido a divulgação do forró na Europa, destacando a rabeca como
instrumento central, fato que remete à fonte que os motiva, de onde
originários: forrós, boizinhos e cavalos--marinhos.
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Coluna semanal publicada em www.otrombone.com.br aos domingos.
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