DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Do Opera Mundi
“De acordo com o relatório "Credit Suisse 2013 Wealth
Report", um dos mapeamentos mais completos sobre o assunto divulgados
recentemente, 0,7% da população concentra 41% da riqueza mundial.
“Em valor acumulado, a riqueza mundial atingiu em 2013 o recorde de todos os tempos: US$ 241 trilhões. Se este número fosse dividido proporcionalmente pela população mundial, a média da riqueza seria de US$ 51.600 por pessoa. No entanto, não é o que acontece."
Nada a comentar. Só a
lamentar!
Caminho aberto
A aprovação da MP do Programa Mais
Médicos certamente viabilizará o que o governo quer e o Conselho Federal de
Medicina não: médico atendendo o povo em lugares onde a maioria ‘de branco’ do ‘país
de São Saruê’ só quer se houver infraestrutura. O tempo – não tão distante – dirá
quem tinha razão. Especialmente se o Governo conseguir os 12 mil médicos
solicitados por centenas de municípios.
Certeza temos – ainda que toda
a campanha contrária venha a ser promovida – de que o desgaste da imagem do Conselho
Federal de Medicina será irreversível. Não pela defesa válida que tenha
promovido para melhoria da infraestrutura, mas pela resistência a que
profissionais médicos estrangeiros exercessem a atividade em locais onde a
maioria dos daqui nem mesmo deseja conhecer.
Tanto que só faltará que os
CRMs – órgãos fiscalizadores da ação dos profissionais do Programa Mais Médicos
– se tornem sabotadores, como o fizeram no início.
Mesmo porque tentam(ram) tudo –
e aqui não se afirma que o CFM tenha comandado tal absurdo. Como o de organizar
um grupo para ingressar no Mais Médicos utilizando diplomas e identidades falsas, para desmoralizar o
programa.
O Ministério da Saúde
descobriu a tempo.
Alento
Ainda não suficientemente
divulgado: lei sancionada nesta quarta-feira (16) –
íntegra ainda não disponível no sítio da Presidência da República – facilita o
certificado de funcionamento e cria planos de apoio financeiro para que dívidas
sejam quitadas e aumenta de 26% para 50% o incentivo pago aos serviços
prestados por estas Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, que são responsáveis
pela maioria das internações do Sistema Único de Saúde (51%).
Certamente uma
medida para fortalecimento de tão importantes instituições.
De nossa parte
fica uma preocupação: o problema das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos
reside somente no reduzido repasse de recursos ou, também, no feudo em que se
tornaram tais instituições para muitos?
Revolução tucana
Geraldo Alckmin, governador de
São Paulo, anuncia programa para motivar médicos a exercerem a profissão em
áreas periféricas e seu secretário da Saúde David Uip – negando que a
iniciativa tenha qualquer relação com o Programa Mais Médicos, do Governo
Federal – anuncia que a remuneração pode alcançar 20 mil reais.
Maravilhoso que os tucanos que
estão no governo paulista há vinte anos tenham descoberto a pólvora. Cremos –
piamente(?) – que a turma do CRM de lá abraçará a proposta de Sua Excelência e,
civicamente, exigirá dos que somente vão ao trabalho assinar o ponto integrem o
programa... e trabalhem.
Síndrome do escorpião
Não faz muito tempo o Jornal O
Globo fez uma espécie de mea culpa em
relação ao apoio explícito que deu ao golpe militar. Parece-nos coisa para
inglês ver. Basta que se compare o mesmo jornal em tempos distintos.
É da natureza. Não muda
A Bahia para Vinicius
Necessariamente não precisamos
“biografar” Vinicius de Moraes neste espaço. Lembrar, no entanto, “é
fundamental”.
Não vimos em nenhuma das
matérias jornalísticas na televisão, em rede nacional, que lembraram o seu centenário qualquer
referência à Bahia no universo dos “amores do poetinha”. Mas sua casa ainda
está lá. Para as tardes de Itapuã.
O que não está, no conceito
dos que redigiram matérias na televisão, é a Bahia com o valor e a importância
que Vinicius lhe tributou.
Vinicius
Vinicius e Baden Powell. Três
meses entocados num hotel. Dele saíram para um hospital. Algumas caixas de
whisky vazias. Mais de 20 composições produzidas.
Dentre elas “Samba da Bênção”,
que Baden deixou de utilizar depois de convertido ao evangelismo, quando “saravá’
passou a ser coisa de Satanás.
A primeira revelação está em “Chega
de Saudade”, Ruy Castro.
Santo, nem tanto!
O que sempre andou como pulga
atrás da orelha se confirmou: matéria arrasadora da Carta Capital 770 mostra o
lado de Dom Eugênio Salles a serviço da ditadura militar.
Que nem o seja pela
ação, mas imperdoável pela omissão. Se apenas o foi.
Conversão nada religiosa
Não deixa de ser irônico – se
não tomarmos como uma guinada ao neoliberalismo – que a ex e candidata Marina
Silva estabeleça críticas ao governo atual (mais precisamente ao período
governado pelo PT) de que não haja cumprimento de metas sustentada no tripé econômico
estabelecido por FHC: superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação.
Como o atual período tem
cumprido tal “tripé” temos que o novo sonho de Marina esteja centrado no
retorno da mão com o pires estendido ao FMI, da desvalorização do real de forma
a sustentar ganhos para especuladores e a vigorosa retomada das privatizações/doações.
Isto é o que se pode chamar de
“conversão” da nova mensageira à velha doutrina. Que pode ser iniciada com um câmbio
fixo para garantir a ficção da valorização artificial da moeda etc.
O salto no escuro
Inegavelmente a presença de
Marina Silva no PSB abre condições para que se torne candidata do partido como
cabeça de chapa na majoritária. É o óbvio ululante (obrigado, Nelson Rodrigues)
se consideramos a densidade de votos de que dispõe Marina à luz das pesquisas
de opinião diante de Eduardo Campos.
Como tal Marina se torna a
candidata natural, com expressão capaz de enfrentar Dilma, levar a eleição para
o segundo turno e, conforme os fados, eleger-se. Ou seja, é o único trunfo
concreto dos opositores do atual PT governista.
Eduardo Campos dividiu o
partido, afastou companheiros. Tudo para assegurar unidade em torno de seu nome
como candidato.
Caso venha a se consumar uma
candidatura de Marina volta Eduardo Campos a ser coadjuvante. Adiando o sonho
para mais adiante.
Coisa sugerida por Lula e que
ele preferiu não aceitar.
Que não se duvide
Ninguém em sã consciência
duvida da força da Globo no mundo do futebol brasileiro. Sua influência é tal
que passou a definir até mesmo o horário de jogos noturnos ao talante de sua
programação: partida tal depois da novela...
Seu vínculo com a cúpula nada
tem a ver com os interesses do esporte mas do que lhe interessa através do
esporte, seja ele futebol, voleibol, fórmula um etc.
No entanto seu maior interesse
no momento – a não ser que haja uma hecatombe em contrário – é derrotar o
governo. E sabe que futebol mexe com o imaginário da população. Vincular uma
derrota na Copa de 2014 pode constituir-se/transformar-se em responsabilidade
do governo federal que não soube administrar os recursos da copa etc.
Ouvimos, dia desses, num canal
fechado, uma entrevista com Andrade, quando deixou claro que uma grande seleção
olímpica (a de Seul, em 1988) perdeu para a Rússia mais motivada (eufemismo
para boicote/corpo mole) pela indignação de parte do elenco não tivera atendida a exigência
quanto ao prêmio pretendido/pedido do que pelo mérito da seleção russa, a
vencedora.
Perder a Copa de 2014 pode não
ser mérito das seleções da Alemanha, Espanha, Argentina, Itália, mas do volume
do bicho pedido e não atendido. Com intensa participação de quem influencia a
CBF.
Desde que possa contribuir
para que a verdadeira vitória ocorra: derrotar Dilma.
Justiça se lhe faça
O deputado estadual Coronel
Gilberto Santana tem sido alvo de críticas por não se fazer presente em eventos
reconhecidos como importantes para Itabuna.
Não sabemos, tampouco enveredamos por buscar as razões por que Santana
não se faz presente em eventos recentes.
Mas aproveitamos para lembrar
que o deputado praticamente ficou sozinho quando assumiu a luta pelo refazimento
dos limites entre Ilhéus e Itabuna.
Não bastasse ter sido alvo de críticas de
vários setores, de políticos e de representantes da sociedade local. Inclusive da
imprensa que hoje cobra a sua presença. Ilhéus quase toma o espaço urbano de
Itabuna sem que ninguém levantasse um pio em defesa da luta de Santana.
O maniqueísmo de muitos reagia
a tudo que Santana assumia, inclusive a luta pela implantação da Região Metropolitana.
Talvez o deputado tenha
descoberto que mais útil se torna quando ausente.
Indevida apropriação
O affair entre o sindicato dos
comerciários e uma comerciante deixou flagrante uma coisa: a extrapolação dos
limites da competência sindical. A alegação do Sindicato dos Comerciários de
Itabuna de que a comerciante estaria violando acordos que a obrigariam a fechar
as portas do comércio no dia que seria fundamental para a sua atividade não lhe
outorga (ao sindicato) poder de polícia para intervir diretamente.
Cumpria denunciar o fato à
prefeitura. Esta sim, autorizada por lei a adotar as providências cabíveis.
No mais cheira a abuso do
sindicato a sua atitude e um péssimo exemplo para as instituições democráticas
de um Estado Democrático de Direito, que se norteia pelo respeito à lei.
Quem a viola está sujeita aos
ditames da repressão das instituições competentes. E não de representações
classistas.
O que hoje falta
Encontro de gerações. Que
jovens hoje se satisfazem em trocar/ouvir experiências com os mais velhos?
A quem culpar
Temos lido sobre possíveis
mudanças no primeiro escalão da administração do prefeito Claudevane Leite. Alguns
secretários seriam a bola da vez.
Na pouca experiência de que
dispomos fica-nos a pergunta: falta comando dos senhores secretários ou respeito
de seus comandados em nível de segundo e terceiro escalões?
É que a ação administrativa se
materializa em tais estágios. Que exigem ser preenchidos por técnicos
competentes e não por indicações políticas – muitas vezes destoantes com as
necessidades da ação pública.
Doutor
Defendeu tese recentemente,
junto a Faculdade Federal de Pernambuco, o professor Carlos Valder do Nascimento.
Autor de dezenas de livros e participações em coletâneas jurídicas o professor
do Departamento de Ciências Jurídicas da UESC alcança um laurel por demais
merecido. Ainda que tardio diante do que representa sua obra.
José Inácio
A morte de Inácio deixa um
vazio em Itabuna. Não só no esporte, mas pelo que realizou como dirigente da
USEMI.
Matança
Não sabemos se tem ocorrido
denúncias aos órgãos competentes. Mas a matança de gatos na URBIS IV espanta em
tempos em que a defesa de animais se acentua como integrante à dignidade que se
resgata para natureza.
Na cidade onde a vida humana
cada dia perde valor a matança de felinos parecerá coisa nenhuma.
Rafael Pita
O rio Cachoeira constitui-se
num dos elementos que efetivam a autoestima itabunense. O trabalho de Rafael Pita,
em exibição no Jequitibá realça não somente a qualidade artística do autor como
registra em aquarela o Cachoeira, como alma/anima, no contexto de nossa
realidade, às vezes pouco reconhecida, ainda que com ela convivamos.
Uma visita imprescindível.
Só pode ser Divina
No centenário de Vinicius
Moraes (a um filho demos o nome Vinicius, em homenagem ao ‘poetinha’) pensamos
dedicar-lhe a homenagem de “Samba pra Vinicius” (Toquinho).
Mas por tudo que
significou Vinicius falando de amor – o que inclui aquele que se perde e não
mais volta, pelo qual se sofre – a interpretação de Elizeth Cardoso para “Serenata
do Adeus” (de Vinicius, que, em raro instante, assina a melodia) é a mais
primorosa das traduções do sentimento do poeta. Vivida na voz que dispensa
acompanhamento e arranjo instrumental e, que em si mesma, esgota a composição.
Aos
aplausos na gravação somamos os nossos e de todos que não se fazem vivos sem
Vinicius de Moraes. E que sabem estar A Divina cantando ao lado do ‘poetinha’
para encanto do outro plano. Sem dispensar Nelson Gonçalves, aqui também
disponibilizado. Vinicius certamente preferiria Elizeth, mas não dispensaria
Nelson.
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* Coluna orinalmente publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
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