DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Acredite!
Oficiais da inteligência de
determinado país invadiram a redação de determinado jornal e simplesmente
destruíram discos rígidos de computadores que, em princípio, conteriam
informações que desagradariam ao governo. O incômodo assunto, a ser divulgado,
dizia respeito ao mundo da espionagem e bisbilhotice sobre a vida de cidadãos
do mundo inteiro.
Não pense o leitor que
estejamos tratando de algum regime totalitário, um desses “comunistas” que
tanto incomodam a democracia ocidental. O nome do “determinado país” é
Inglaterra e do “determinado jornal”, The Guardian. Para mais detalhes http://www.jornalggn.com.br/blog/oficiais-britanicos-destroem-discos-rigidos-do-%E2%80%9Cguardian%E2%80%9D
Tentativa
Diante das incertezas que
norteiam a sucessão presidencial no ninho dos tucanos, o presidenciável José
Serra vê possibilidades de vencer prévias (diz o presidente do PSDB, Sérgio
Guerra, que não alcançaria 3%), afastando Aécio Neves da disputa.
Para tanto, o sonho de uma
noite de verão seria, tornando-se o candidato tucano, capitalizar os votos de
Marina Silva, diante da dificuldade da ex-verde emplacar seu partido político a
tempo de disputar a majoritária de 2014.
Falam da tentativa de namoro
em andamento.
Inclinação
Outra não poderia ser a
leitura. O Governo Federal transita por entre propostas da melhoria de vida da
população, incrementando políticas sociais que são um sucesso, sem perder o
mote de agradar a banca internacional, a especulação por excelência.
Não sabemos se a contradição
ocorre em decorrência da “governabilidade” ou de inclinação por um certo guru.
Nosso justiceiro
A retomada da apreciação dos
embargos declaratórios na AP 470 pelo Supremo Tribunal Federal se encontrava
sob o crivo do suspense, depois que o presidente ministro Joaquim Barbosa
encerrou a sessão anterior interrompendo e agredindo quem estava com a palavra.
O que se viu na última quarta
beirou o ridículo, em que pese para muitos jornalistas ter sido o ápice da
democracia em nosso singular Estado de Direito, com a confirmação do “óbvio
ululante” (obrigado Nelson Rodrigues!): ministros pondo panos quentes para
esconder a grosseria de Joaquim Barbosa na sessão anterior, afirmando ser o STF
uma casa de respeito às idéias e aos debates.
A resposta de Joaquim Barbosa
foi precisa e singular: assim que encerrado o beija-mão, e logo depois de
apreciação de matéria de menor importância, convocou os pares com um singelo
“agora vamos ao trabalho”.
E saiu vitorioso, como bom
justiceiro, prestes a usar das armas de que dispõe no momento que entender
necessário, como quando o fez na indigitada sessão, ao jogar para a plateia o
que não tinha como contrariar.
Para não falar em xenofobia
A falta de médicos é uma
constante no Brasil. Que o digam as localidades que os tem como o “caviar” de
Zeca Pagodinho. O Programa Mais Médicos do Governo Federal enfrenta
corajosamente o problema, o que implica em tocar na ferida: o “sistema” médico
do país e seu desejo de manter a “medicina de grupo” como paradigma de
atendimento à população.
Sabido e consabido que o que
falta mesmo é médico para trabalhar nas localidades periféricas, rurais ou
urbanas, razão por que soa estranho que muitos se levantem contra a vinda de
médicos cubanos.
A nós, particularmente, cheira
àquele ranço de que sendo Cuba uma sociedade administrada sob o prisma do
socialismo, que dão de chamar de comunismo, os cubanos – especialmente os
médicos – são comedores de criancinha.
Que não tome o leitor por
provocação, mas não custa perguntar: agiriam assim se os médicos fossem dos
Estados Unidos?
Assim caminha a humanidade
Não tratamos aqui, apesar do
título, do clássico drama dirigido por George Stevens (um dos poucos estrelados
por James Dean) em 1956. Mas de um outro drama: o do PSDB e seu centro
pensante, São Paulo. Que, apesar dos ingentes esforços da grande mídia, não
consegue sair do noticiário.
Ou da charge.
E agora, José?
Dois expoentes da medicina
estadunidense reconhecem a existência de Um
Modelo Diferente – Atenção Médica em Cuba. São eles Edward
W. Campion, M.D. e Stephen Morrissey, Ph.D., em matéria publicada em 24 de
janeiro deste 2013, no The New England Journal of Medicine, principal jornal médico
dos Estados Unidos.
“Para um visitante dos Estados Unidos, Cuba desorienta.
Automóveis norte-americanos estão em todo lugar, mas todos datam dos anos 50.
Nossos cartões bancários, cartões de crédito e telefones inteligentes não
funcionam. O acesso à internet é praticamente inexistente. E o sistema de saúde
também parece irreal. Há médicos demais".
"Todo mundo tem um médico da família. Tudo é de graça, totalmente
de graça — e não precisa de aprovação prévia ou de algum tipo de pagamento.
Todo o sistema parece de cabeça para baixo. É tudo muito organizado e a
prioridade absoluta é a prevenção. Embora Cuba tenha recursos econômicos
limitados, seu sistema de saúde resolveu alguns problemas que o nosso [dos
Estados Unidos] ainda nem enfrentou”. Acesse, para todos os detalhes em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sistema-de-saude-cubano-e-elogiado-por-medicos-dos-eua
Dentre muitos aspectos revelados, o de que, já em 2008, 37 mil médicos
cubanos trabalhavam em 70 países do mundo. Muitos, antes do Programa Mais
Médicos, já trabalham no país.
Por aqui alguns pretendem barrar o ingresso de médicos cubanos.
Que
ninguém se engane: o que está em jogo é a manutenção do atual sistema, através
do qual o poder público financia a iniciativa privativa para atender mal, na
esperança de ver todos com um “plano de saúde”, o sonho de consumo.
A dimensão do problema
Afirma-nos fonte fidedigna de
que os 48 mil hectares reservados para os tupinambás apenas aguardam a chancela
ministerial. Em outras palavras, a confirmação pelo Governo Federal do que foi
engendrado há anos por técnicos que esqueceram de relatar a realidade na região
“mapeada” e “estudada”.
Mais nos diz a fonte, que teve
acesso aos “estudos” que alimentaram a demarcação: nenhuma informação há sobre
os cerca de 3 mil moradores na área ora em conflito – onde inúmeros pequenos
produtores rurais e assentamentos – nem
mesmo de que parte dela é uma região urbano secular, a turística estância
hidro-mineral de Olivença.
Disse-nos certa vez, no início
dos anos 70, um agente do Funrural em Itapetinga, que uma das desgraças deste
país é a cúpula decidir “pelo mapa”. Ou seja, dos gabinetes o país planejado sem que seja conhecido em sua
realidade.
A situação, inversamente, está
presente nos “estudos” e “mapeamento” da área indígena. Levou-se ao ministério
um estudo adredemente agendado, para não dizer-se criminosamente elaborado,
onde Suas Excelências da cúpula do Governo conhecem apenas uma versão, onde
propositadamente desconhecida a de
milhares de produtores e familiares, instalados há mais de século na região.
Dois pesos
Nos escaninhos ministeriais
repousa a ignomínia perpetrada em defesa de interesses onde os de menor alcance
são o de indígenas (e quando citamos o nome indígena
o fazemos em relação aos que realmente o sejam originários da região, e índios,
porque dentre eles há evidentes picaretas).
De seus gabinetes, organismos
nacionais e internacionais em defesa de povos indígenas pressionam, utilizam-se
de todos os meios de que dispõem para a defesa de tais demarcações.
Gostaríamos de vê-los atuando,
com igual intensidade, nos Estados Unidos, onde a área delimitada para povos
indígenas nem de longe se aproxima da usurpada dos “peles vermelhas”.
O desdobramento do problema
Em jogo uma área superior a
2.400 alqueires, envolvendo os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema. E, mais
que isso, seus cerca de 3.000 moradores, sob risco imediato de desalojamento,
sem ter para onde ir, tendentes a engrossar as periferias dos centros urbanos
para sobreviver com bolsa-família, porque não há emprego para atender a tantos criados
e habituados às lides roçarianas.
O preço da farinha de mandioca
alcança na região até 8 reais, valor antes inimaginável. O custo está inflado
pelos riscos, dentre eles o de produzir e fazer sair escondida a produção para
evitar os assaltantes travestidos de índios.
Que se utilizam da agressão
como forma de pressão.
Por mais que sejamos contra a
violência a solução ora existente é a tomada pela população vítima: reagir
contra os que pensam fazer deste Brasil a casa de seus estudos e mapeamentos.
Falta que a eles se unam os
moradores de Olivença e seu entorno, que certamente terão seus imóveis tomados
para abrigar a antiga aldeia tupinambá.
Estranho
Estranha, muito estranha, que
de tantos políticos eleitos na região – com mais ou com menos votos – somente o
deputado Geraldo Simões tenha assumido uma posição equilibrada, para evitar o
conflito. Pede – como o tem feito da tribuna da Câmara dos Deputados – que seja
suspensa a demarcação para que estudos mais amplos e aprofundados possam traduzir
a efetiva realidade.
Não queremos crer que os
demais estejam simplesmente esperando contar com os votos indígenas, como
agradecimento pelo mérito de suas
omissões.
“A Coleção Invisível”
O premiado trabalho de Bernard
Attal, inspirado em conto homônimo de Stephen Zweig, foi exibido no sábado 24
em praça pública de Itajuípe. De imediato ressalte-se que o filme, primeiro
longa metragem de Bernard, valoriza atores e produtores regionais. Como já o
fizera no documentário “Os Magníficos”, a sensibilidade do diretor se volta
para compreender e registrar a dimensão e profundidade da crise na região cacaueira
no imaginário de todos que dela participam direta ou indiretamente.
Bernard Attal vai se
tornando o leitor contemporâneo da Bahia, como o foi o conterrâneo fotógrafo e
etnólogo Pierre Verger. Seu último trabalho faz leitura entre a literatura de
Zweig e a crise da região cacaueira, primando de poesia a realidade pautada num
velho produtor de cacau que ainda imagina dispor da coleção que se esvaiu para
cobrir a sobrevivência quando os frutos de ouro se tornaram de chumbo para a
existência.
Concerto
Assim podemos definir o
reencontro de Itabuna com o órgão de tubos da Catedral de São José, no próximo
dia 30, 19:00 h. Que esta terra se reencontre também com a história do órgão, que
precisa ser contada. Inclusive a de sua revitalização.
Em homenagem ao evento um dos
símbolos musicais para a natureza do instrumento, a Tocata e Fuga em Ré Menor,
de J. S. Bach. Clique em
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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
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