Pesadelos
As cantadas e decantadas mobilizações ocorridas em junho deixaram um rastro de consciência popular nunca antes imaginada. Não de agora, movimentos isolados defendiam aqui e ali uma postura de governante ou mesmo de particular, denunciando do descaso público à exploração privada (do buraco na rua às vistorias íntimas em fábricas etc.).
A queima de pneus e interrupção de estradas, ruas e avenidas não passavam da reação ao abaixo-assinado não atendido desta ou daquela comunidade, gerando a ação direta para que aquele fato bastante particularizado chegasse ao conhecimento do público e a consciência do administrador correspondesse às necessidades da comunidade denunciante.
Todo o aqui dito está a significar que mobilizar e protestar não é coisa recente. Recente, assim vemos, é a tomada de consciência de que isto pode funcionar. E a resposta positiva do poder público alimenta o observador com a certeza de que se não buscar suprir suas carências através de protestos não encontrará resposta, tanto que, quando o faz, é atendido pelas administrações.
E assegura uma certeza, que muitas vezes é falsa: de que não há falta de recursos financeiros (no caso do poder público) e sim a vontade política de fazê-lo, a iniciativa de concretizá-lo. Até que a manifestação feche uma avenida.
O protesto de ontem ocorrido na José Soares Pinheiro - e os métodos utilizados, que vão se tornando corriqueiros - são sinal de que administrar a coisa pública pode deixar de ser sonho para se tornar pesadelo.
Jabes Ribeiro, em Ilhéus, parece em estado de depressão administrativa. A experiência de tantas gestões anteriores assumidas de nada está valendo.
Imagine o leitor como se sentirá a caloura administração itabunense!
Ainda que as carentes comunidades da periferia por equipamentos e serviços públicos não tenham vindo queimar pneus na Avenida Cinquentenário.
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