domingo, 18 de agosto de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Pena para todo lado I
Matéria de capa da IstoÉ que está nas bancas, da lavra de Alan Rodrigues, Pedro Marcondes e Sérgio Pardellas, dá nome a muitos dos bois do propinoduto paulista.

Caso o leitor comece a ver penas azuis voando por aí não duvide que tenham origem nos fatos do trensalão tucano, o novo tsunami sobre o paradigma da moralidade oposicionista. 

O leitor poderá visualizar a ilustre e ilustrada fauna clicando em http://www.tijolaco.com.br/wp-content/uploads/2013/08/mi_6048224748093164.jpg .

Pena para todo lado II
Clássica a observação de que, em casos de corrupção, descobre-se tudo seguindo o dinheiro. Ou seja, acompanhe o transitar dos recursos e verá que eles chegam a algum lugar: bolso de político ou paraíso fiscal (que é a mesma coisa).

No caso do propinoduto tucano – as coincidências o confirmam – alcançará fatalmente FHC. Versão há – a partir de investigações e de leituras à época, idos de 2000 (Folha de São Paulo e Veja) – de que recursos da Alston, na ordem de 3 milhões de reais, que chegaram ao tucanato através de Andrea Matarazzo, irrigaram o ‘caixa 2’ da reeleição de 1998. Pelo meio, como organizador de cartéis, o genro de FHC, Gilberto Zylberstajn. Detalhes em http://www.brasil247.com/ (PF e MP já investigam a conexão metrô-FHC).

Registremos, apenas, que quando o ‘caixa 2’ é petista passa a ser denominado “mensalão”, ainda que não comprovado que recursos públicos o tenham irrigado, como ocorre com o tucano, tanto em Minas Gerais como em São Paulo.

Pagando para ver
Ainda que tenhamos de esperar para confirmar as expectativas – afinal a força avassaladora da mídia para transformar factóides em dogma de fé não pode ser desprezada – soa-nos positiva a postura demonstrada pelo ministro Roberto Barroso. “Não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada”. “Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção”.

Ponderou Sua Excelência que a lista de casos recentes de envolvimento de políticos em esquemas de corrupção é uma consequência do modelo político eleitoral brasileiro. Tocou fundo na ferida.

Estamos jogando as fichas na retomada do equilíbrio de julgamentos no STF. Pelo menos a partir de posicionamentos como o do ministro Roberto Barroso.

Recado direto
O expressado pelo ministro Roberto Barroso na retomada do julgamento da AP 470 é um recado direto não somente à classe política, mas à própria sociedade. Não se combaterá a corrupção simplesmente com passeatas (não que se lhes negue importância, entendemos). 

Enquanto não alterarmos o modelo político-eleitoral – dentre muitos aspectos a atual forma do financiamento de campanhas – culpar este ou aquele individualmente é simplesmente politizar os fatos, corresponder a interesses meramente eleitorais e imediatos, porque os que se dizem arautos da moralidade são autores de seus próprios sistemas de desvio de recursos públicos.

Dentre esses interesses, talvez um recado direto também ao ministro Joaquim Barbosa, com ambíguas posições em torno de um mesmo tema.

Não falta dinheiro
A Forbes é dessas publicações que cuidam de mostrar a grandeza material dos grandes como se tal fosse dádiva divina, tamanha a importância que atribui à acumulação financeira. Tal não deixa de agredir em planeta onde vivem miseráveis e famintos, milhões morrendo por falta de um mísero prato de comida por semana.

Por estas bandas do “país de São Saruê” – certamente dentre os aquinhoados que integram alguma lista da Forbes ou a ela queiram chegar – há quem critique um certo ex-presidente da república que sonha com a possibilidade de que todo brasileiro faça três refeições diárias.

O preâmbulo tem o propósito apenas de preambular o divulgado por Miguel do Rosário (o atual calo da Globo) em www.tijolaco.com.br – “Família Marinho tem fortuna de 52 bilhões de reais, diz Forbes”. Em valores exatos, 51,64 bi.

Os filhos do Dr. Roberto (cada um deles com pouco mais de 17 bi) são a sétima fortuna do país. Apenas para comparar: a família de Sílvio Berlusconni, todo poderoso magnata da mídia italiana, ex dirigente máximo da Itália, possui o equivalente a 13 bilhões de reais e a de Murdoch, em torno de 23 bi.

E os meninos da Globo não pagam bagatelas como 1,5 bi ao ECAD ou 1 bi (valores atualizados) a Receita Federal.

Ao contrário, chegam até mesmo à premiação com vultosas verbas publicitárias do Governo Federal, ainda que suas “audiências” não andem lá essas coisas.

Como encontram sempre um apoio aqui e acolá não temem por não pagar. Medo de arrepiar mesmo é perceber que a sociedade começa a acordar. E que 71% de entrevistados pela Fundação Perseu Abramo querem reforma da mídia.

Da omissão à conivência I
A ação governamental, em nível federal e estadual, não corresponde à dimensão do que está a ocorrer na região reinvindicada por indígenas no entorno de Olivença, que envolveria não só o município de Ilhéus mas também os municípios de Buerarema (o mais atingido) e Una. A omissão das autoridades gera uma terra de ninguém e abre perigoso precedente.

Particularmente – não tememos afirmá-lo – temos profundas dúvidas sobre a legitimidade dos que hoje se dizem descendentes do povo tupinambá, trucidado no curso dos séculos, ainda na fase do Brasil Colônia. Um ou outro pode sê-lo. Não aquela maioria que anda expulsando proprietários e trabalhadores das propriedades da região.

Nossas dúvidas se aprofundam quando tentamos encontrar a origem de todo este movimento. Que vemos articulado para fins nada nobres. Que se utiliza da extinção da etnia tupinambá (pouquíssimos serão os seus sobreviventes) para exercer uma vingança que não cabe, voltada contra quem não tem nada a ver com a história e envolve parte de uma das mais ricas biodiversidades do planeta, existente no Bioma Mata Atlântica (mais de 440 espécies por hectare).

Da omissão à conivência II
Para tanto – o que mais agrava a situação – o que está em andamento é uma luta pelo domínio de propriedades ora particulares, violando elementares princípios do Estado Democrático de Direito: o respeito às autoridades constituídas, às instituições do Estado e à igualdade de todos perante a lei.

Acompanhamos todos no curso de 30 anos o desenrolar da ação reivindicatória da área que integrava a antiga reserva Paraguaçu-Caramuru em Itaju do Colônia e Pau Brasil. 

Como sói acontecer em democracias coube ao Poder Judiciário dirimir o conflito e sua decisão foi respeitada e acatada, ainda que desagradando os que perderam terras, que lhes parecia legitimadas porque adquiridas sob a égide do estado da Bahia, que delas se apropriou na primeira metade do século XX e as transferiu através de questionáveis títulos de propriedade para particulares mais adiante, jogando ao léu os nativos.

Da omissão à conivência III
A situação hoje centrada em Buerarema é por demais grave. Gravíssima. A reação da população local esta semana não podia ser outra. Declarada a guerra por aqueles que se dizem titulares de toda aquela região, invadindo e depredando propriedades produtivas e expulsando seus moradores, sem qualquer amparo em decisão judicial, não podia levar posicionamento diverso do tomado pela população macuquense. 

É a sobrevivência. O clima na zona rural, com reflexo na urbana, é de terror.

Testemunhamos há poucos dias – temos nome e endereço da vítima, porque registrados no colégio onde estávamos – uma desesperada mãe buscando vaga na escola porque tivera de sair com os filhos apenas com a roupa do corpo, expulsos por “nativos”.

Gente simples que não tem para quem apelar.

Da omissão à conivência IV
Não podemos imaginar que as autoridades não tenham conhecimento do que está acontecendo, porque há muito acontece.

As denúncias levadas recentemente pelo deputado Geraldo Simões ao Brasil através da tribuna da Câmara dos Deputados não encontraram de logo a resposta que cabia às autoridades. Clamou em vão o deputado e nenhuma atitude teria sido tomada – como não ocorre há muito – caso não tivesse havido a ‘ação direta’ que configurou a reação de uma população acuada e amedrontada, que se viu forçada ao exercício da legítima defesa.

Não se pode conceber que quem quer que seja se veja no direito de expulsar manu militari residentes com o beneplácito da omissão das autoridades constituídas. Fato que vem acontecendo há meses.

A omissão das autoridades torna-as coniventes e co-responsáveis por tudo que venha a acontecer.

Da omissão à conivência V
Pedido de intervenção federal teria ocorrido há um mês. Cabe perguntar o que espera um ministro da Justiça (ou da ‘injustiça’) para acionar os dispositivos de que disponha para evitar agravamento de uma situação.

Não podemos imaginar que seja o derramamento de sangue de patrícios.

Não deixa saudade
Já vai tarde. Que Deus tenha pena de sua alma quando chegar à planície. É que do planalto há um senador que está em seus calcanhares e que o chama simplesmente de prevaricador.

Há de onde tirar
O Governo do Estado aperta o cinto e economiza contingenciando gastos com comissionados (10%), aluguel de veículos (20%) e autorizações de passagens (50%), estimada a economia em torno de 250 milhões de reais.

Bem que poderia ampliar a economia, de forma substanciosa, reduzindo a propaganda institucional desnecessária, como a de placas mostrando a barragem do rio Colônia quando não paga a dívida para com com a empresa que a constrói.

Afinal, melhor propaganda é a conclusão da obra e não simplesmente anunciá-la.

Eduardo
Justíssima a homenagem da Câmara Municipal de Itabuna a “Gaguinho”, com óculos, sem óculos, com binóculos, sem binóculos, agora em um lugar chamado Eternidade. Afinal, o homenageado expressara em vida todas as virtudes reunidas que o fazem merecedor da atenção: jornalista, comentarista político e ex-vereador.

Mais que isso, permitiu-nos a inauguração da Sala Eduardo Anunciação, a homenagem ao jornalista recentemente falecido, destinada à assessoria da Câmara e aos jornalistas que cobrem os trabalhos da Casa, descobrir inusitadas figuras – falamos das estranhas – que hoje integram o “jornalismo” local, famosas pelo escancarado jabá que exigem para que as vítimas não sejam vilipendiadas pelo português de analfabetos não tão funcionais assim, o que contraria, em tudo, o exemplar comportamento do homenageado.

E que, para escândalo de muitos, ainda se dão à ousadia – tolerada pela Mesa da Casa – de transitar pelo recinto do Plenário como se fossem pares de Suas Excelências.

Itororó
Não podemos afirmar que sejamos o primeiro a informar. Mas temos a certeza de que a fábrica aguardada em Itororó está com a documentação jurídica praticamente regularizada. 

Caso dependa apenas disso e a instalação das máquinas ocorrer na mesma velocidade, muito brevemente as mil vagas oferecidos serão ocupadas na produção de calçados femininos.

Itapetinga
Quando militávamos no mundo da música, no conjunto Os Apaches, final dos anos 60 e início dos 70, agredindo o contrabaixo eletrônico ao lado de Aderbal Duarte, Aladino e Carmélio, conhecemos a figura simpaticíssima de Getro Guimarães, um típico mestre de cerimônia para todo e qualquer evento que ocorresse em Itapetinga. Possuía o dom de levar alegria onde estivesse. Polarizava as atenções, sempre gentil e afável.

Exímio contador de causos, também transitava pela poesia e foi na sua Gráfica Moderna que imprimimos os primeiros materiais para nosso escritório de contabilidade, instalado no imediato da extinção de Os Apaches.

Somente esta semana soubemos da morte do paraibano que alegrava nossas conversas, quando prestes a completar 85 anos, ocorrida em meados de julho.

Tomado de profundo pesar só nos resta rezar ao Criador para que mantenha em seu seio o estimado Getro, que deve andar por lá contando seus causos.

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br 

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