DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Pena para todo lado I
Matéria de capa da IstoÉ que
está nas bancas, da lavra de Alan Rodrigues, Pedro Marcondes e Sérgio Pardellas,
dá nome a muitos dos bois do propinoduto paulista.
Caso o leitor comece a ver
penas azuis voando por aí não duvide que tenham origem nos fatos do trensalão
tucano, o novo tsunami sobre o paradigma da moralidade oposicionista.
O leitor poderá visualizar a ilustre e ilustrada fauna clicando
em http://www.tijolaco.com.br/wp-content/uploads/2013/08/mi_6048224748093164.jpg .
Pena para todo lado II
Clássica a observação de que,
em casos de corrupção, descobre-se tudo seguindo o dinheiro. Ou seja, acompanhe
o transitar dos recursos e verá que eles chegam a algum lugar: bolso de
político ou paraíso fiscal (que é a mesma coisa).
No caso do propinoduto tucano
– as coincidências o confirmam – alcançará fatalmente FHC. Versão há – a partir
de investigações e de leituras à época, idos de 2000 (Folha de São Paulo e Veja)
– de que recursos da Alston, na ordem de 3 milhões de reais, que chegaram ao
tucanato através de Andrea Matarazzo, irrigaram o ‘caixa 2’ da reeleição de
1998. Pelo meio, como organizador de cartéis, o genro de FHC, Gilberto
Zylberstajn. Detalhes em http://www.brasil247.com/
(PF e MP já investigam a conexão metrô-FHC).
Registremos, apenas, que
quando o ‘caixa 2’ é petista passa a ser denominado “mensalão”, ainda que não
comprovado que recursos públicos o tenham irrigado, como ocorre com o tucano,
tanto em Minas Gerais como em São Paulo.
Pagando para ver
Ainda que tenhamos de esperar
para confirmar as expectativas – afinal a força avassaladora da mídia para
transformar factóides em dogma de fé não pode ser desprezada – soa-nos positiva
a postura demonstrada pelo ministro Roberto Barroso. “Não há corrupção do bem.
A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada”. “Não existe corrupção do
PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção”.
Ponderou Sua Excelência que a lista de casos recentes de envolvimento de
políticos em esquemas de corrupção é uma consequência do modelo político
eleitoral brasileiro. Tocou fundo na ferida.
Estamos jogando as fichas na
retomada do equilíbrio de julgamentos no STF. Pelo menos a partir de posicionamentos
como o do ministro Roberto Barroso.
Recado direto
O expressado pelo ministro
Roberto Barroso na retomada do julgamento da AP 470 é um recado direto não
somente à classe política, mas à própria sociedade. Não se combaterá a
corrupção simplesmente com passeatas (não que se lhes negue importância,
entendemos).
Enquanto não alterarmos o modelo político-eleitoral – dentre
muitos aspectos a atual forma do financiamento de campanhas – culpar este ou
aquele individualmente é simplesmente politizar os fatos, corresponder a interesses
meramente eleitorais e imediatos, porque os que se dizem arautos da moralidade
são autores de seus próprios sistemas de desvio de recursos públicos.
Dentre esses interesses,
talvez um recado direto também ao ministro Joaquim Barbosa, com ambíguas
posições em torno de um mesmo tema.
Não falta dinheiro
A Forbes é dessas publicações
que cuidam de mostrar a grandeza material dos grandes como se tal fosse dádiva
divina, tamanha a importância que atribui à acumulação financeira. Tal não
deixa de agredir em planeta onde vivem miseráveis e famintos, milhões morrendo
por falta de um mísero prato de comida por semana.
Por estas bandas do “país de
São Saruê” – certamente dentre os aquinhoados que integram alguma lista da
Forbes ou a ela queiram chegar – há quem critique um certo ex-presidente da
república que sonha com a possibilidade de que todo brasileiro faça três
refeições diárias.
O preâmbulo tem o propósito
apenas de preambular o divulgado por
Miguel do Rosário (o atual calo da Globo) em www.tijolaco.com.br – “Família Marinho
tem fortuna de 52 bilhões de reais, diz Forbes”. Em valores exatos, 51,64 bi.
Os filhos do Dr. Roberto (cada um deles com pouco mais de 17 bi) são a sétima fortuna do país. Apenas para comparar: a família de Sílvio Berlusconni, todo poderoso magnata da mídia italiana, ex dirigente máximo da Itália, possui o equivalente a 13 bilhões de reais e a de Murdoch, em torno de 23 bi.
E os meninos da Globo não
pagam bagatelas como 1,5 bi ao ECAD ou 1 bi (valores atualizados) a Receita
Federal.
Ao contrário, chegam até mesmo
à premiação com vultosas verbas publicitárias do Governo Federal, ainda que
suas “audiências” não andem lá essas coisas.
Como encontram sempre um apoio
aqui e acolá não temem por não pagar. Medo de arrepiar mesmo é perceber que a
sociedade começa a acordar. E que 71% de entrevistados pela Fundação Perseu
Abramo querem reforma da mídia.
Da omissão à conivência I
A ação governamental, em nível
federal e estadual, não corresponde à dimensão do que está a ocorrer na região
reinvindicada por indígenas no
entorno de Olivença, que envolveria não só o município de Ilhéus mas também os
municípios de Buerarema (o mais atingido) e Una. A omissão das autoridades gera
uma terra de ninguém e abre perigoso precedente.
Particularmente – não tememos
afirmá-lo – temos profundas dúvidas sobre a legitimidade dos que hoje se dizem
descendentes do povo tupinambá, trucidado no curso dos séculos, ainda na fase do
Brasil Colônia. Um ou outro pode sê-lo. Não aquela maioria que anda expulsando
proprietários e trabalhadores das propriedades da região.
Nossas dúvidas se aprofundam
quando tentamos encontrar a origem de todo este movimento. Que vemos articulado
para fins nada nobres. Que se utiliza da extinção da etnia tupinambá
(pouquíssimos serão os seus sobreviventes) para exercer uma vingança que não
cabe, voltada contra quem não tem nada a ver com a história e envolve parte de
uma das mais ricas biodiversidades do planeta, existente no Bioma Mata
Atlântica (mais de 440 espécies por hectare).
Da omissão à conivência II
Para tanto – o que mais agrava
a situação – o que está em andamento é uma luta pelo domínio de propriedades
ora particulares, violando elementares princípios do Estado Democrático de
Direito: o respeito às autoridades constituídas, às instituições do Estado e à
igualdade de todos perante a lei.
Acompanhamos todos no curso de
30 anos o desenrolar da ação reivindicatória da área que integrava a antiga
reserva Paraguaçu-Caramuru em Itaju do Colônia e Pau Brasil.
Como sói acontecer
em democracias coube ao Poder Judiciário dirimir o conflito e sua decisão foi
respeitada e acatada, ainda que desagradando os que perderam terras, que lhes
parecia legitimadas porque adquiridas sob a égide do estado da Bahia, que delas
se apropriou na primeira metade do século XX e as transferiu através de
questionáveis títulos de propriedade para particulares mais adiante, jogando ao
léu os nativos.
Da omissão à conivência III
A situação hoje centrada em
Buerarema é por demais grave. Gravíssima. A reação da população local esta
semana não podia ser outra. Declarada a guerra por aqueles que se dizem
titulares de toda aquela região, invadindo e depredando propriedades produtivas
e expulsando seus moradores, sem qualquer amparo em decisão judicial, não podia
levar posicionamento diverso do tomado pela população macuquense.
É a
sobrevivência. O clima na zona rural, com reflexo na urbana, é de terror.
Testemunhamos há poucos dias –
temos nome e endereço da vítima, porque registrados no colégio onde estávamos –
uma desesperada mãe buscando vaga na escola porque tivera de sair com os filhos
apenas com a roupa do corpo, expulsos por “nativos”.
Gente simples que não tem para
quem apelar.
Da omissão à conivência IV
Não podemos imaginar que as
autoridades não tenham conhecimento do que está acontecendo, porque há muito
acontece.
As denúncias levadas recentemente
pelo deputado Geraldo Simões ao Brasil através da tribuna da Câmara dos
Deputados não encontraram de logo a resposta que cabia às autoridades. Clamou
em vão o deputado e nenhuma atitude teria sido tomada – como não ocorre há
muito – caso não tivesse havido a ‘ação direta’ que configurou a reação de uma
população acuada e amedrontada, que se viu forçada ao exercício da legítima
defesa.
Não se pode conceber que quem
quer que seja se veja no direito de expulsar manu militari residentes com o beneplácito da omissão das
autoridades constituídas. Fato que vem acontecendo há meses.
A omissão das autoridades
torna-as coniventes e co-responsáveis por tudo que venha a acontecer.
Da omissão à conivência V
Pedido de intervenção federal
teria ocorrido há um mês. Cabe perguntar o que espera um ministro da Justiça
(ou da ‘injustiça’) para acionar os dispositivos de que disponha para evitar
agravamento de uma situação.
Não podemos imaginar que seja
o derramamento de sangue de patrícios.
Não deixa saudade
Já vai tarde. Que Deus tenha pena
de sua alma quando chegar à planície. É que do planalto há um senador que está
em seus calcanhares e que o chama simplesmente de prevaricador.
Há de onde tirar
O Governo do Estado aperta o
cinto e economiza contingenciando gastos com comissionados (10%), aluguel de
veículos (20%) e autorizações de passagens (50%), estimada a economia em torno
de 250 milhões de reais.
Bem que poderia ampliar a economia,
de forma substanciosa, reduzindo a propaganda institucional desnecessária, como
a de placas mostrando a barragem do rio Colônia quando não paga a dívida para
com com a empresa que a constrói.
Afinal, melhor propaganda é a
conclusão da obra e não simplesmente anunciá-la.
Eduardo
Justíssima a homenagem da
Câmara Municipal de Itabuna a “Gaguinho”, com
óculos, sem óculos, com binóculos, sem binóculos, agora em um lugar chamado
Eternidade. Afinal, o homenageado expressara em vida todas as virtudes
reunidas que o fazem merecedor da atenção: jornalista, comentarista político e
ex-vereador.
Mais que isso, permitiu-nos a
inauguração da Sala Eduardo Anunciação, a homenagem ao jornalista recentemente
falecido, destinada à assessoria da Câmara e aos jornalistas que cobrem os
trabalhos da Casa, descobrir inusitadas figuras – falamos das estranhas – que
hoje integram o “jornalismo” local, famosas pelo escancarado jabá que exigem
para que as vítimas não sejam vilipendiadas pelo português de analfabetos não
tão funcionais assim, o que contraria, em tudo, o exemplar comportamento do
homenageado.
E que, para escândalo de
muitos, ainda se dão à ousadia – tolerada pela Mesa da Casa – de transitar pelo
recinto do Plenário como se fossem pares de Suas Excelências.
Itororó
Não podemos afirmar que
sejamos o primeiro a informar. Mas temos a certeza de que a fábrica aguardada
em Itororó está com a documentação jurídica praticamente regularizada.
Caso
dependa apenas disso e a instalação das máquinas ocorrer na mesma velocidade,
muito brevemente as mil vagas oferecidos serão ocupadas na produção de calçados
femininos.
Itapetinga
Quando militávamos no mundo da
música, no conjunto Os Apaches, final dos anos 60 e início dos 70, agredindo o contrabaixo eletrônico ao
lado de Aderbal Duarte, Aladino e Carmélio, conhecemos a figura simpaticíssima
de Getro Guimarães, um típico mestre de cerimônia para todo e qualquer evento
que ocorresse em Itapetinga. Possuía o dom de levar alegria onde estivesse.
Polarizava as atenções, sempre gentil e afável.
Exímio contador de causos, também transitava pela poesia e foi na sua
Gráfica Moderna que imprimimos os primeiros materiais para nosso escritório de
contabilidade, instalado no imediato da extinção de Os Apaches.
Somente esta semana soubemos
da morte do paraibano que alegrava nossas conversas, quando prestes a completar
85 anos, ocorrida em meados de julho.
Tomado de profundo pesar só
nos resta rezar ao Criador para que mantenha em seu seio o estimado Getro, que
deve andar por lá contando seus causos.
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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
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