DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
_________
Resistência
O senador José Sarney anda
dodói. Bactéria resistente à maioria de medicamentos afeta o cacique
maranhense, ou amapaense conforme a conveniência. A turma da charge descobriu a
razão da resistência. "Pra aguentar o Sarney tem de ser muito resistente mesmo" (Duke)
A doença I
Continuamos na seara dos que
não entendem a postura da classe médica contra a vinda de estrangeiros para atuar
no em rincões brasileiros, de periferias aos grandes centros urbanos. A
contradição mais se sustenta – assim a vemos – na circunstância de que,
faltando médicos, negue-se a oportunidade de tê-los.
O argumento, teimoso como o exagero
da teimosia, está centrado na dificuldade que o médico estrangeiro teria para
compreender nossa realidade – de patologias à língua – o que não corresponderia
à pretensão do Governo Federal, de ver atendida a população que carece do SUS.
A súbita e oportuna defesa dos
interesses da população de imediato esbarra na contradição de que a carência de
mais de 15 mil médicos não pode ser tributada pura e simplesmente ao Governo
Federal. Fatores vários contribuem para a aberração, dentre eles o da
apropriação do Sistema Único de Saúde pela denominada ‘medicina de grupo’. Para
essa turma, a Saúde Pública se resolve com investimentos – que devem ser
repassados para a iniciativa privada através de convênios, como ocorre
atualmente numa construção de décadas.
Ainda sob este prisma – o do
investimento – faltariam equipamentos nas muitas localidades para onde se
destinariam os médicos solicitados. Não se negue tal fato – que, entendemos,
será corrigido com o tempo (assim como no curso do tempo a “medicina privada”
se apropriou da pública) – cabendo à sociedade fiscalizar melhor os gastos
públicos, em muito desviados para encher as burras da corrupção, parte dela alimentada
por próceres da medicina de grupo (superfaturamento, exames desnecessários, cesarianas
em excesso – apenas para ilustrar).
A doença II
Não fora isso, e como perguntar
não ofende, interessante saber-se, por exemplo, se os equipamentos que municiam
parte dos hospitais que alimentam a “medicina privada” foram adquiridos pelos
profissionais médicos que deles se beneficiam.
Nesse particular aspecto não
precisamos sair de Itabuna. Basta que se chegue à Santa Casa de Misericórdia
sem dinheiro ou sem um convênio. Ainda que seus equipamentos tenham origem em
recursos públicos, sem falar nas contribuições da população em tempos idos.
A doença III
Por fim, a contradição maior
reside no fato singular: se o médico estrangeiro é inconveniente (pelo que
sinalizam no expressar seria “incompetente”) sobre quem recairá a culpa por
tê-lo trazido? Naturalmente sobre o Governo Federal, que teria de assumir o ônus.
Deixem-no assumir o que tenha
de assumir. Porque insinuar que a população pode morrer ou não se curar nas
mãos de médicos estrangeiros não é pior do como está ela hoje: sem direito a
ser assistida por um profissional, dentre estes os que criticam o Mais Médicos.
Falando para o Cosmos
A presidente Dilma Rousseff,
inaugurando universidade federal em Varginha-MG, diante dos números
recentemente divulgados não perdeu a oportunidade de afirmar que a inflação
está controlada.
Independente de estar ou não,
dizê-lo em Varginha por ser coisa para ET.
Dados
O sempre combalido futebol
brasileiro, olhado sob a ótica da competência dirigente, encontrou uma
interessante avaliação, onde se destaca o tempo, em meses, que seria suficiente
para pagar as dívidas contraídas utilizando o clube tudo que arrecade para o
pagamento.
Considerando os times baianos
que integram a relação, a situação do Bahia justifica a intervenção por que
passa, carecendo de 21 meses para saldar as obrigações. Já o Vitória precisaria
de apenas um mês para quitar sua dívida.
A PEC e o guardião
A denominada PEC 37 caiu no
fragor das manifestações de rua. Pretendia limitar a função do Ministério
Público no âmbito da investigação, para que não fosse confundida a sua atuação
com a das polícias.
Descobre-se que o
Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, teria ciência e controle sobre
um “sistema guardião”, destinado ao monitoramento e
interceptação telefônica e de dados, que anda sendo utilizado sem autorização
judicial. Ou seja, bisbilhotice e escuta ilegal para fins que só Deus sabe
quais!
A denúncia foi
trazida pelo senador Fernando Collor, da tribuna do Senado na quinta 8 http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/08/09/collor-suspeita-de-arapongagem-de-gurgel/
e abordada ironicamente neste espaço (Gurgel não descansará em paz).
Assim que
confirmados os fatos muita gente vai pedir outra PEC 37.
De coadjuvante a expressão eleitoral
Geddel Vieira Lima –
registramos na semana passada neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS – considerando os
números apontados pela pesquisa da Sócio Estatística, mais estava para
coadjuvante na sucessão baiana, no patamar de 15%.
Como pesquisa é o retrato de
um instante e considerarmos a possibilidade concreta de PFL/DEM e PSDB não
aglutinarem um nome de suas hostes e o fizerem em torno de Geddel não será
exagero dizê-lo futuro governador da Bahia.
Nossa dedução parte de dois
fatos: o primeiro, se considerarmos que não interessa a ACM Neto candidatar-se agora
e que a Paulo Souto melhor fica uma vaga no Senado somente restaria, em nível
de oposição, Geddel no primeiro plano e José Ronaldo (DEM) alimentando
pretensão; o segundo, a base que apóia Jacques Wagner pode migrar, retornando
às origens.
Claro que no caminho está
presente a decisão do PT quanto ao nome que pretende indicar. Caso aglutine a
base, tudo bem. Porque se depender apenas da imagem de Jacques Wagner pode afundar.
Orçamento impositivo
Intenção antiga, e sonho de
todo e qualquer parlamentar autor de emendas a Orçamento, de que tal iniciativa
encontre natureza impositiva e não meramente autorizativa como sói acontecer há
muito. O conflito entre uma e outra reside na circunstância elementar – sob a
ótica do Poder Executivo – de que a execução orçamentária é prerrogativa
privativa do Executivo, a quem cabe – diante da realidade da arrecadação –
controlar o fluxo de gastos, priorizando o de mais necessidade. Deputados
buscam a impositividade, considerando-se desrespeitados em suas indicações
financeiras para atender redutos eleitorais.
Mais razão tem o Poder
Executivo. Afinal, a aplicação pura e simples da impositividade seria negar a
condição do gerir e do administrar, que são da essência da gestão.
Não fora isso, a
impositividade está a exigir a plena arrecadação da receita estimada e absoluto
equilíbrio fiscal. O que não se pode dizer que esteja a ocorrer neste “país de
São saruê” há décadas... séculos.
Por fim, o comportamento da
base aliada, por exemplo, sem orçamento impositivo já depõe contrariamente a
que o mesmo venha a ser aprovado.
A não ser como golpe branco.
Dia dos pais
Para os que tornaram o
consumismo razão de existir, nada melhor que dia das mães, dos pais, dos
namorados etc. Sempre há um dia para presentear – ou seja, para gastar.
Como agosto apenas está
começando recomendamos “passear” no Jequitibá e descobrir quanto de dinheiro o
leitor precisa só para atender aos muitos “dias” do mês. Uma loja, muito
criativa, destacou uma dezena deles para justificar compras.
Perdendo o sentido I
Ao que parece estão errados os
que viram com olhar de reprovação a atitude de um vereador – espelho de todos,
com raríssimas exceções – que alardeou, com direito à exposição midiática,
estar devolvendo cargos ao Poder Executivo por haver com este rompido.
A indecorosidade reside nesta
relação espúria, que vai se acentuando nas últimas décadas, pelo menos em nível
de transparência recente, onde um representante do povo se vê no direito de
ratear indicações para cargos comissionados como se fosse a coisa mais ética e
natural do mundo.
Natural pode até sê-lo, na
ótica dessa gente. Afinal, para isso gastam tanto dinheiro para se eleger. Sob
o viés da Ética nunca o será. A não ser que Sócrates, Platão, Aristóteles –
entre outros – tenham se convertido à corrupção.
A reação desta coluna diz
respeito a quase nehuma análise em torno do fato – sob dimensão crítica – na
imprensa regional.
Perdendo o sentido II
Itabuna padece de compreensão
sobre os valores que a alimentam. Edificações antigas e históricas vão ao chão
como se permanentemente fôssemos atingidos por trombas d’água ou tsunamis. Não
bastasse, deram de desconfigurar projetos arquitetônicos, como ocorreu com a
pintura recente da Praça Rio Cachoeira.
O projeto da arquiteta Clara
Kauark promovia plena integração entre a natureza e a obra física às margens do
símbolo maior de Itabuna, onde as cores traduziam aquela plenitude, na leveza
com que se integravam à natureza alada que a frequenta.
Transformada está em um grande
e insignificado sinal de trânsito.
Definitivamente estamos
perdendo o sentido das coisas construídas por nossa gente.
Secos & Molhados
Passados 40 anos. Ouvi-los nos
remete ao frenesi que foi o seu surgimento. Dois álbuns lançados bastaram para que
fossem inseridos no imaginário da música brasileira. Para nós, particularmente,
bastaria o primeiro elepê com suas cabeças expostas em bandejas.
Neste agosto que exige não
esquecer a estupidez do lançamento das bombas sobre Hiroshima e Nagasaki o
poema de Vinicius de Moraes (musicado por Gerson Conrad, do próprio grupo) sofrido
pelo Secos & Molhados, em “Rosa de Hiroshima”, se impõe. http://www.youtube.com/watch?v=j11OYO0abGo
______
* Coluna semanal publicada aos domingos no www.otrombone.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário