E mais contradições da classe médica
Temos insistido na crítica à mobilização promovida pela classe médica contra o Programa Mais Médicos, não por aquilo que a justifique (como a busca de mais recursos para a saúde - ainda que nele haja investimentos para que se efetive) mas pela contradição intrínseca embutida no seu propósito.
Explica-se: ao posicionar-se contra o Programa Mais Médicos - que tem por escopo ampliar a oferta de profissionais à população, ainda que para tanto venha a se utilizar de estrangeiros caso a oferta local não baste - as mobilizações negam o pressuposto da Medicina, que é a promoção da Saúde. Para tanto se utilizam da crítica situação dos equipamentos e da reduzida oferta de recursos financeiros como justificativa, que é suposto.
Aquela (o pressuposto) - a promoção da Saúde - é inerente ao exercício da profissão, tendo por destinatário o paciente, para não dizer-se o povo; aqueloutro (o suposto) constitui-se dos meios que contribuam para a melhoria e o aperfeiçoamento daquela. No entanto, o auscultamento e a anamnese mais imediata, desde Hipócrates, se faz na relação direta médico-paciente, para efetivação do pressuposto. É justamente esta que tem faltado a milhares de municípios e a milhões de brasileiros.
Na antipática atitude de protestar criando transtornos, suspendendo atendimento aos sofridos, inovam em criatividade, como a de 'médicos do SUS' promoverem manifestação em Salvador e para atrair a população armam "uma feira de saúde com atendimento gratuito". (No Pimenta, com foto de Marival Guedes).
Não estivessem na Bahia de Otávio Mangabeira ("pense num absurdo, na Bahia já há precedente") e seria apenas uma anedota. Afinal, médicos que recebem do poder público para atender o povo, paralisam atividade para atrair o povo a fim de o atender gratuitamente.
Aprofundam-se as contradições. A coisa caminha para a galhofa. Não fosse a classe médica a encabeçar o movimento e a polícia já estaria descendo o cacete e aspergindo gás de pimenta.
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