domingo, 17 de novembro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *



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Na falta de bom senso
É a única coisa que podemos traduzir de manchete como a publicada pela Folha de São Paulo: "Fiscal preso revela que já viu Haddad comendo carne na semana santa". Tornar-se piada é pouco. O grave está na falta de “acusação” para a “invenção” de qualquer coisa que alimente uma acusação. Um lugar comum que não se limita tão somente à fuxicaria de pé de balcão em botecos.

Coisas que estranham
Uma observação do empresário Abílio Diniz em entrevista concedida a Mino Carta e Sérgio Lírio para a Carta Capital 774 traz velada crítica a Brasília, como centro de decisões governamentais: “Certas medidas têm sido pensadas de forma errada e no momento errado”. Aperfeiçoa a ponderação de Diniz o que nos disse – no início dos anos 70 – Joel, então dirigente do recém-criado FUNRURAL, em Itapetinga: os burocratas pensam o Brasil a partir de suas escrivaninhas no Rio de Janeiro ou Brasília. Adiantava em sua ironia: tomam o mapa do Brasil, passam a régua e definem regiões para serem alcançadas por seus mirabolantes projetos.

Isso tem sido a tônica. Até agora não engolimos a escolha de Teixeira de Freitas para sediar o curso de Medicina da Universidade Federal do Sul da Bahia. Instalada justamente no ‘extremo’ sul de sua influência territorial, encravada a poucos quilômetros da fronteira com o Espírito Santo e costeada pelo Nordeste de Minas Gerais. 

Em universo linear em torno de 500 quilômetros do centro de sua área de influência, o curso de Medicina da UFESBA será instalado num dos extremos dela. 

Apenas para ilustrar: mais fácil o capixaba e o mineiro nela estudarem (com menos custos) que o residente em Gandu, Itabuna, Ilhéus, Ibicaraí etc.

Joel e Abílio – cada um a seu tempo – estão com toda a razão. Tudo pensado e traçado de forma errada.

A função
Como última – que espera ser penúltima – o ministro Joaquim Barbosa abriu espaço para a glorificação desejada pelos meios de comunicação e reabriu o espetáculo: mandou prender Dirceu e Genoíno, ainda que não transitada em julgado a decisão, ferindo, mais uma vez, princípios da processualística, como o da unidade do processo no caso presente. Ou seja, ainda que pendente de recurso fatiou a execução (possível somente em matéria trabalhista, quando uma parte – comumente o empregador – reconhece parcela do quanto reclamado).

Soa-nos por demais interessante o fato de o presidente do STF instalar-se em seu gabinete durante mais de um dia para estudar e determinar a medida prisional. Parece-nos que sua “doença” só existe quando confrontado. 

O mesmo Joaquim Barbosa, relator do caixa 2/mensalão do PSDB, para o qual deutratamento diferenciado.

E muitos insistem em dizer que o caixa 2/mensalão petista não foi um julgamento político!

Ou – quem sabe? – tenha sido um sucessor do Nerino!

Julgamento
grande surpresa ficou com a fuga de Pizzolato. Não por fugar, mas porque disporá de um foro – pela circunstância da dupla nacionalidade – que caso venha a consumar o (re)julgamento certamente desmoralizará a mais alta corte do Judiciário brasileiro, que omitiu-se de apreciar prova nos autos que o absolvia.

Difícil é saber com que “celeridade” Joaquim Barbosa atenderá à Justiça italiana, fornecendo as informações que serão solicitadas.

Disponibilizamos, para análise do leitor, sem proselitismo em favor de quem quer que seja, uma entrevista sobre o caso de Pizzolato, em vídeo, demonstrando que o crime de corrupção não existe para os que estiveram vinculados a VISANEThttp://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/11/12/bv-e-%E2%80%9Cdinheiro-publico%E2%80%9D-desmoralizam-o-%E2%80%9Cmensalao%E2%80%9D/justamente porque nela não há dinheiro público.

E com isso nossa democracia vai se apequenando. E o sensacionalismo midiático crescendo.

A força da verdade
Acreditamos que – ultrapassada a fase de que o julgamento da AP 470 se torna para a história como um dos mais graves (e propositais) erros judiciários em relação ao denominado núcleo político petista – assuma o Judiciário brasileiro, em particular o STF, a responsabilidade de igualar o tratamento aos que lhe cheguem tipo Daniel Dantas, Azeredo etc. (o que não fez até agora). 

Caso o faça será um avanço; caso não faça demonstrará ter se tornado apenas em uma corte político-partidária.

O risco de martirização
Por outro lado, a decisão de Joaquim Barbosa certamente acirrará o ânimo da militância. Se tornar Dirceu e Genoíno em vítimas passarão a ser símbolo de resistência.

Mas o que aqui está exposto pode melhor ser compreendido, em dimensão mais ampla, sob a ótica de um “ciclo”, no texto de Luiz Nassif emhttp://jornalggn.com.br/noticia/com-a-prisao-de-dirceu-e-genoino-fecha-se-um-ciclo

José Serra
Não deve andar muito satisfeito com as investigações disparadas pela Prefeitura de São Paulo, que chegarão – ainda que não sob a “teoria do domínio do fato”, tese privativa para julgamento que envolva petista – àquele seu secretário na prefeitura e no governo estadual.

Quando alcançado não o retirará da fotografia.

Mais Médicos
Matéria de Daniel Carvalho para a Folha de São Paulo destaca que “No agreste, pacientes agradecem médicos cubanos de joelhos”. Trata-se da gente do distrito de São Domingos, em Brejo da Madre de Deus, interior de Pernambuco, para quem “durante os últimos quatro anos, o posto não tinha o básico: médicos”.

Como já escrevemos neste espaço, os que criticam o Programa do Governo Federal, cobrando equipamentos etc. (necessários, naturalmente), esquecem-se que o eternamente desassistido passa a dispor de pelo menos um médico assistindo-o. Ainda que esteja morrendo.

Números
Alguns dados para ilustrar, comparativamente, o último período de 10 anos, são um contributivo para a atual estabilidade da economia brasileira. 

Ainda assim não estaremos dispensados de conviver com previsões pessimistas mais aprofundadas. Afinal, 2014 não será somente ano da Copa do Mundo no Brasil, mas de eleições.


Bienal I
Sobre a XI Bienal do Livro da Bahia, encerrando-se neste domingo – onde estivemos na sexta 15 lançando a 2ª edição de “Amendoeiras de Outono” – editaremos textos abordando diferentes temas nela despertados. 

No entanto, no primeiro instante, quando o sonho de todo escritor é dispor de leitores – o que pressupõe a existência de um público leitor que seja compatível com a produção literária – vimos um sistema que inibe a formação e o acesso de possíveis futuros amantes da leitura.

Cobrar ingresso de 4 reais em cidade do porte de Salvador faz qualquer pretenso visitante que resida em região mais distante pensar dez vezes antes de buscar a Bienal.

Bienal II
A Bienal torna-se espaço e destino para quem já cultiva o hábito da leitura. E assim sendo mais um centro comercial onde se concentram editoras e livrarias.

Para formar leitores, despertar estudantes para a leitura (a escola não se apresenta com esta preocupação didático-pedagógica) o acesso deveria ser incentivado. Gratuito, inclusive.

A leitura de uma simples orelha de um livro, folhear um ou outro, já seria caminho para despertar a curiosidade.

Para Joaquim
Não nos contivemos em ver a “nova” Proclamação da República e novamente nos amparamos em Chico Buarque. O homenageado é o ministro Joaquim Barbosa. A gravação é a original, aquela alcançada pela apreensão no início de 1971. Tempo em que se apreendiam não só direitos, mas também o pensar.

Outros tempos e costumes assemelhados aos novos tempos.

http://www.youtube.com/watch?v=nT1rxzFL0dE

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br

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