DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Vida nada fácil I
Em recente pronunciamento da
tribuna da Câmara dos Deputados, na última quinta 7, Anthony Garotinho desancou
a postura do jornal O Globo por expor em duas/três linhas na seção do obituário
o que deveria se constituir na retratação referente à matéria em que o jornal
dissera o que não devia – mentira, em palavras simples – sobre o deputado e sua
mulher Rosinha Garotinho, levando-o a fazer picadinho da indigitada edição como
sinal de repúdio ao que denominou de exemplo de “imprensa marrom”, não perdendo
a oportunidade de lembrar passagens nada recomendáveis para o grupo, inclusive
a compra da TV Paulista com procuração falsa. Ao vivo em http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/11/08/garotinho-rasga-o-globo-imprensa-marrom/
Vida nada fácil II
Já na sexta anterior, 1º de
novembro, da tribuna do Senado, fora anunciado “requerimentos” de Informações
feitos pelo senador Roberto Requião (PMDB), um deles dirigido ao Ministro da Fazenda,
envolvendo “a composição das dívidas tributárias e de multas das Organizações
Globo (envolvendo todas as empresas do grupo)” e um outro ao Ministro do
Desenvolvimento visando obter documentos e informações sobre dívidas das
Organizações para com o BNDES, justificando, neste particular, a possibilidade
de irregularidade em possíveis empréstimos uma vez que o grupo não estaria apto
juridicamente a negociar com a instituição.
Não se negue a qualidade
técnica do padrão global. Como também o fogo cerrado sob que se encontra.
Árvore crescendo, brotada de semente de origem ruim.
TCU
Em nosso Rastilhos da Razão Comentada deste sábado 10 ("O tamanho do erro") no http://adylsonmachado.blogspot.com pincelamos sobre a reação da Presidente
Dilma Rousseff diante do Tribunal de Contas da União em torno de “recomendações”
do TCU que podem paralisar simplesmente obras fundamentais para o desenvolvimento
do país, quando (nosso pensar) muitas destas ‘irregularidades’ poderiam ser
alcançadas por ações do MP e decisões do Judiciário, no que pertine a
ressarcimento e condenações criminais decorrentes de ditas irregularidades.
Cabe-nos ora registrar que
ditas “recomendações” do TCU são uma constante na história de sua existência. Para
que alguém não imagine que tudo está a ocorrer nestes últimos dez anos.
A Bahia, em particular, pode
ficar sem recursos para trecho da ferrovia Oeste-Leste, entre Caetité e Barreiras,
e trens urbanos para Salvador.
(Complexo Intermodal nem se fale, porque o
número de audiências exigidas por alguns órgãos dispensa emperração do TCU).
Em que pese sua composição – a
do TCU, como a dos demais Tribunais de Contas do país – ter origem em
recomendações/acordos político-partidários – muitas se tornam sinecuras para
políticos – não diríamos que contêm resposta a anseios da oposição. Mas que
serão utilizadas na campanha política, isso sim.
Principalmente se as obras
forem efetivamente paralisadas.
Solução extrema I
No mesmo espaço (“De pesquisas
e de temores”) prometemos para hoje breve análise sobre a atual situação da
Presidente Dilma, no quesito “rejeição”, como ponderado por Azenha no Viomundo,
onde demonstrado que a rejeição a candidatos de oposição cresce ao tempo em que
a da Presidente cai, ainda que seja maior que a de Marina Silva. Observado o
instante, mais tranquila a situação de Dilma no que diz respeito à reeleição,
transitando o tema se no primeiro ou segundo turno.
A sabedoria afirma que eleição
não se ganha na véspera. Evidente, no entanto, que o problema central é – no quesito
embate de ideias – que não há oposição ao governo que desperte o eleitorado
além do que cada eleitor tem visto. Em outras palavras: de um lado o governo e
suas realizações, muitas palpáveis e reconhecidas como positivas; de outro,
candidatos vários afirmando que precisam ou “conversar” ou “fazer mais”.
Os pólos centrais de oposição –
encastelados no PSDB e no PSD – vivem, nesse instante, conflitos internos, com
desdobramentos (im)previsíveis, considerando a inegável força interna de José Serra,
sustentado no tucanato paulista, o que evidentemente intranquiliza Aécio Neves,
e a dor de cabeça que o ingresso de Marina Silva trouxe à campanha de Eduardo Campos,
o pernambucano que se imaginava fagueiro na corrida como um candidato jovem que
impressionasse o eleitorado com o seu “fazer mais”.
Outro dito da sabedoria
política, oriundo dos rincões do coronelismo deste os idos das eleições a bico
de pena, aperfeiçoada na República Velha, é de que “em política feio é perder”.
Ou seja, no jogo político não há regras; há resultados.
Solução extrema II
O que pouco se discute na
agenda político-eleitoral é justamente o jogo de interesses que sustenta o
poder. Lula, em 2002, lançou uma “Carta aos Brasileiros” onde o recado no
centro do mote não residia nas futuras/prometidas ações de governo, mas simplesmente
“tranquilizava” o mercado. E nossa leitura de mercado não tergiversa: mercado financeiro.
Não precisa cursar graduações
e pós-graduações para saber que desde os tempos em que Veneza, no final da
Idade Média, disponibilizava sobre bancos
moedas para trocas (os romanos o faziam sobre mesas) dinheiro é o objeto do
negócio. Vender dinheiro na certeza de receber, acrescido dos ganhos, é o
interesse central.
Na esteira dessa certeza uma
outra: não basta tão somente ganhar; quanto mais ganhar melhor. Este o axioma
do sistema financeiro internacional, repercutido em suas facetas nacionais e
regionais. Como filosofia – se assim podemos dizê-lo, porque a busca da
felicidade do sistema financeiro mais causa a infelicidade alheia – o quanto
mais melhor, venha de onde vier, desde que o seja para mim.
Solução extrema III
Ninguém pode afirmar, em sã
consciência, que o Brasil represente hoje o mínimo risco para o sistema
financeiro – observado sob a ótica da razoabilidade. Suas políticas têm
assegurado interesses do mercado e, se não bastasse um crescimento positivo com
baixo desemprego, suas reservas internacionais estão em patamar como nunca
dantes. Ou seja, ainda que a relação importação/exportação tenda mais àquela, o
que alimenta déficit em conta-corrente, dispomos de recursos para cobri-lo se
houvesse um calote generalizado.
No entanto, algumas políticas
de governo nos últimos dez anos violam os postulados do mercado, cujas teorias
existem, na grande maioria, como resultado de pesquisas para atendê-lo e que
podemos sintetizar no famoso fazer crescer
o bolo para depois dividir.
Em outras palavras: na relação capital-trabalho
acumule-se capital sob a força do suor do trabalhador para que este venha a se
beneficiar mais adiante. É a poupança inversa: em vez de o trabalhador
depositar em seu mealheiro, não o tem porque o mercado o é.
Para tanto, intervenção do
governo para assegurar o crescimento do mercado consumidor interno, distribuir
riqueza, aumentos reais de salário mínimo, redução da relação dívida/PIB etc.
não condizem com a receita do (neo)liberalismo.
Solução extrema III
Eis a questão. A partir da
lógica do mercado – e de suas agências de avaliação – o Brasil está à beira de
um colapso e pode sofrer uma corrida às reservas pela desconfiança que tais
análises geram nos investidores/especuladores.
O acima exposto funda-se em
abstração oriunda da matéria de André Barrocal (O pessimismo eleitoral), na
Carta Capital 773.
Dilma e o PT que se cuidem. As
pesquisas, ora favoráveis, quanto mais o forem, podem disparar a “especulação”,
última arma de que dispõem PSDB-DEM-PPS e PSB entre os quejandos todos. É o
tiro de misericórdia, a solução extrema. Ainda que seja no próprio pé nada há a
perder.
Feio mesmo é perder. Ou...
continuar perdendo.
Solla está certo
A afirmação do Secretário de
Saúde da Bahia, Jorge Solla, em evento recente em Itabuna, quando de anúncio da
retomada da gestão plena, de que “em
termos de gestão de saúde pública municipal, o deputado e ex-prefeito Geraldo
Simões é o melhor que essa cidade já teve”, contém uma verdade que somente é
negada sob o pálio da paixão política, um direito inalienável – inclusive de
quem usa pouco a razão e mais a paixão.
Num
primeiro instante, com GS começou o processo de municipalização da gestão da
Saúde. A construção e aparelhamentos de Postos de Saúde, a implantação do
sistema Saúde da Família, a Clínica 2 de Julho etc. são apenas aspectos mais
imediatos da questão.
Quando
da eleição, no quesito Saúde, a população preferiu os “carrinhos” de Fernando
aos postos que estavam sendo preparados para se tornar o atendimento de
urgência e de pequenas emergências, para desafogar os hospitais e, naturalmente,
ampliar a oferta de leitos.
Bobagens
Geraldo cometeu, posteriormente, quando se imaginou capaz de montar uma “dinastia”
política a partir do município. Mas não se lhe tirem os méritos.
Tampouco
o cortem de fotografias oficiais.
Cinema
A reabertura do Cine Ana em
Ibicaraí é uma notícia alvissareira. Como cinéfilo aplaudimos a iniciativa.
Apenas sonhamos em ver uma programação que valorize o cinema brasileiro. E o
baiano, em particular: aí estão, pelo menos em nossa memória recente, alguns
longas como “Cascalho”, de Tuna Espinheira, “Eu Me Lembro” e “O Homem que Não
Dormia”, de Edgar Navarro – que tem Ramon Vane no elenco – e “Pau Brasil”, de
Fernando Bélens.
A não ser que o Cine Ana seja mais uma casa a serviço da distribuição estadunidense-roliudiana.
Brincando com a cor da chita
A expressão que titula este rodapé nos está fixada na memória como
não levar a sério alguma coisa que exige responsabilidade e seriedade no
tratamento. É o que está acontecendo com o conflito dos muito autodenominados
tupinambás e posseiros em áreas de centenárias posses.
A redemocratização abriu
espaços para absurdos. Como o de confundir restadas etnias aculturadas (como em
nossa região) com etnias originais (na Amazônia, por exemplo).
Essa discussão que passa por avaliar
áreas originalmente indígenas como propriedades de indígenas apossadas, quando
aqueles já aculturados, mais cheira a confisco.
Apoio a figuras estranhas
autoalcunhadas de índios nos faz lembrar do estão
brincando com a cor da chita.
A propósito
Não seria demais perguntar que
destino estão os índios que reconquistaram a reserva Paraguaçu-Caramuru em Itaju
do Colônia dando àquela área. Inclusive saber de quantas árvores nativas já
foram plantadas para reconstituição do bioma da Mata Atlântica.
Disse-nos alguém que parte
daquelas áreas está sendo arrendada.
O preço da farinha de mandioca
que o diga.
Possibilidade
Bem provável que no próximo
domingo ainda estejamos em Salvador. Acompanhando a Bienal do Livro, onde na
sexta 15 lançaremos a 2ª edição de “Amendoeiras de Outono”, no stand da Via
Litterarum.
A vida dentro da morte
Muito difícil que as muitas
gerações dos 70 para cá dominem a importância que representou para a nossa uma
série de composições, compositores e intérpretes. Menos por melodias e interpretações
e mais pelo conteúdo social e a voz ainda soando diante da que ia se calando sob
o cutelo da censura se agigantando.
Particularmente ainda não
compreendemos como deixaram “Viola Enluarada” (Marcos-Paulo Sérgio Valle) aqui
interpretada por Marcos e Milton Nascimento (acabado de ser descoberto por “Travessia”,
composta com Fernando Brant) com arranjos e regência de Dori Caymmi, lançada em
1968.
A força dos versos somente será
plenamente compreendida por quem viveu ou leu sobre o ano do golpe dentro do
golpe.
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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br
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