domingo, 18 de maio de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Negócio inviável I
Há muito temos defendido a necessidade de intervenção estatal no negócio em que se tornou a produção de drogas ilícitas. A premissa que nos sustenta reside na própria razão de existência do capitalismo: lucro. Ninguém produz se não dispõe de consumidor; e havendo este, que assegure ganhos.

Em linguagem mais direta: só há tráfico  em razão da ilicitude do negócio  porque alguém está ganhando dinheiro com isso.

Para eliminar o traficante a melhor saída é eliminar o negócio. Inviabilizada a possibilidade de lucro o negócio se torna desinteressante. 

Aí entra o Estado como controlador das ações que levem à inviabilização do comércio de drogas ilícitas.

Primeiramente, exercitando o controle sobre venda e consumo; em seguida – com políticas públicas – reduzindo o consumo, que a médio e longo prazo praticamente levará o uso de drogas a patamares insignificantes diante do que é atualmente.

Negócio inviável II
O que tem exigido apreciação mais racional é o fato de que o consumo de drogas ilícitas tem se tornado um problema de saúde pública. E como tal cumpre ser cuidado. Assim observado, cabe ponderar se a pura e simples repressão é a solução para conter a tragédia em que se tornou o problema droga.

Algumas experiências neste viés têm ocorrido. Criticadas pela visão conservadora, construída no curso de quase um século, de que a repressão é a melhor solução para conter o consumo de drogas.

Não mais se nega a utilização da maconha para uso medicinal. Seguem-se-lhe movimentos para a possibilidade de utilização lúdica e mesmo o plantio em residência para consumo próprio.

Nos Estados Unidos, por exemplo, maior expressão em políticas repressoras, já mais de 20 estados descriminalizaram a maconha para uso medicinal e no Colorado foi admitido o uso denominado recreativo.

Negócio inviável III 
O resultado já é visível: plantadores da cannabis no México central – tradicionais fornecedores para o consumo estadunidense – simplesmente decidiram parar de plantar diante da queda do preço, que despencou de U$S 100 para U$S 25 o quilo.

O negócio – antes lucrativo – mantendo os mesmos custos de produção se encontra inviabilizado diante da queda no preço.

Como registra o Último Segundo: “'Não vale mais a pena', afirmou o cultivador de cannabis Rodrigo Silla ao jornal The Washington Post. Ele disse ao periódico que não consegue se lembrar de uma época em que sua família e outros moradores na pequena aldeia onde vive no estado de Sinaloa, um dos pontos mais fortes de narcotráfico no México, deixaram de cultivar a planta. 'Gostaria que os norte-americanos parassem com essa legalização'”.

Lições começam a se materializar de como combater a tragédia das drogas ilícitas. Exige-se apenas a superação da hipocrisia como o tema ainda é tratado pela sociedade. Que vive como avestruz: escondendo a cabeça para fugir do perigo.

Retrovisor
A campanha presidencial em andamento já abre espaço para temas que serão debatidos no curso do processo. Em especial – o que vemos como de maior importância – a condução da política nacional frente aos interesses estrangeiros no Brasil. Assim, voltarão à mesa a conveniência ou não de o país atrelar-se aos ditames dos Estados Unidos em sua dimensão hegemônica para com a América Latina ou fortalecer o Mercosul.

Lembre o leitor que a menina dos olhos da campanha de José Serra em 2002 era a inclusão do Brasil na ALCA, o grande mercado comum que, nos moldes do NAFTA, nos faria integrado ao universo estadunidense da igualdade no tratamento aduaneiro etc.

A eleição de Lula frustrou a proposta estadunidense, que dela desistiu, mas que a motiva por outros vieses, como a denominada Aliança do Pacífico. Que vem sendo elogiada por Aécio Neves.

A propósito de tão significativo tema trazemos artigo de Mauro Santayana, no Carta Maior (“Boi, porco e frango sobrem 25% em um ano e consumo cai 20%. E não é na Venezuela”):

Para alimentar sua população, e afastar o risco de uma crise de abastecimento, governo mexicano pede que Brasil e Argentina forneçam, em caráter de emergência, 300.000 toneladas de frango.

É de dar pena. Mas, para infelicidade de seu próprio povo, o modelo neoliberal mexicano  continua fazendo água por todos os lados.

Empresa menos rentável da América Latina no ano passado, segundo o site especializado Latinvex, a PEMEX teve, em 2013, o maior prejuízo de sua história, da ordem de mais de 12 bilhões de dólares – e ele já passa de U$ 2.5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Enquanto isso, com todos os seus problemas, a Petrobrás - eleita no mesmo ranking a empresa mais rentável do continente latino-americano em 2013- lucrou, no mesmo período, mais de U$ 10 bilhões.

O conteúdo local dos produtos mandados para o exterior, pelos cinco principais setores exportadores mexicanos, segundo a revista local Paradigma, não chega a 60%, contra 90% no Brasil e na China.

Segundo a OCDE, quatro em cada 10 mexicanos não recebem um salário que dê para comprar uma cesta básica.

No país mais desigual das Américas, junto com o Chile, não existe seguro desemprego, e 60% da população ativa está na informalidade.  

Agora, para ilustrar melhor o que verdadeiramente está ocorrendo por lá, o site especializado em proteína animal www.eurocarne.com, citando a associação de importadores de carnes do México, acaba de divulgar que houve um aumento de 25% no preço da carne de frango, boi e porco – o suíno, por exemplo, passou de 30 para 48 pesos o quilo - no mercado mexicano, nos últimos meses, devido ao crescimento dos custos de produção nos EUA, seu principal fornecedor de alimentos.

Com isso, o consumo de proteínas no país de Zapata, com mais de 50% da população em situação de pobreza, caiu, também, no mesmo período, extraordinários 20%.

Para evitar o aumento da inflação e uma grave crise de abastecimento, o governo Peña Nieto está ultimando a importação, da Argentina e do Brasil, em caráter de emergência, de 300.000 toneladas de frango.

E ainda tem mexicano - que com certeza não precisa comer empanada na hora do almoço – que fica falando mal da Venezuela nos sites e redes sociais.

É isso aí.

Trata-se do incompetente e decadente Mercosul, dando de comer ao povo da nau capitânia da “próspera” – o México cresceu a metade do Brasil no ano passado – e “bem sucedida” – na opinião de The Economist e do Financial Times - Aliança do Pacífico."

Concluímos: a tragédia mexicana – integrante do NAFTA – leva a sua população a se alimentar de ratos como o denuncia a Tribuna da Imprensa. 

Até que chegue a carne do Mercosul. Que os senhores presidenciáveis – que se dizem contrários a atual política brasileira – olhem no retrovisor, para ver o que fizeram os Estados Unidos ao México.. 

Ainda assim...
O jornal Estado de São Paulo denunciou: quatro dos integrantes da CPI da Petrobras no Senado teriam recebido dinheiro para suas campanhas das construtoras Camargo Corrêa, OAS e Votorantim, que prestam(ram) serviços a Petrobras, dentre eles José Pimentel (PT-PI), Humberto Costa (PT-PE), Ciro Nogueira (PP-PI) e Vanessa Graziotin (PCdoB-AM).

Nenhuma ilação pode ser tirada da matéria de que a Petrobras tenha cometido alguma irregularidade em contratar empresas que fazem doações a políticos. 

No entanto volta à baila o lugar-comum: empresas que prestam serviço a governos financiam campanhas políticas.

A nossa análise passa para um ponto mais no fim da linha: a doação de empresas a políticos, fato sob análise do STF, com maioria condenando tal procedimento e o ministro Gilmar Mendes pedindo vistas (congelando o julgamento) para que seja assegurado o procedimento no curso das próximas eleições.

Quando se defende o financiamento público de campanha – que permite transparência, ainda que não seja absolutamente seguro – muitos são contra.

Quando se fala numa reforma política com poder constituinte exclusivo para tal fim levantam-se contra. Inclusive o jornal o Estado de São Paulo. (Que poderia ter aproveitado a oportunidade e falado do financiamento de campanhas com dinheiro da corrupção de trens e metrô).

Ninguém espere que com a atual conformação o Congresso e esta classe política venham a fazer a reforma política. Muito menos defender financiamento público.  

55 Copas
O ‘não vai ter Copa’ – que durará até a Copa – insiste em confundir alhos com bugalhos. E, com apoio da mídia, vai encontrando espaço para seu discurso. Como o que está no jogo é menos futebol e mais política eleitoral, pouco se atenta para a realidade.

A fonte pode até não ser a ideal para muitos. Mas, para estes, basta buscar os meios de confirmação do quanto expressado no blog do deputado Edinho Silva:

“Foram 17,6 bilhões na Copa, contra 968 bilhões em educação, saúde e mobilidade urbana desde 2010. Só no Pronatec, são 14 bilhões, mais 16,5 bi na construção e reforma de Unidades Básicas de Saúde e nos programas Rede Cegonha e Brasil Sorridente, além de 143 bilhões em mobilidade urbana.”

Os recursos representam 55 Copas do Mundo. Em quatro anos.

Como seria
A TV Globo, através de seu noticiário, se transformou até em instrumento oficial de convocação de movimentos contra a Copa do Mundo, antecipando onde vão ocorrer. Imagine o leitor o que diria a Globo caso o Brasil não sediasse a Copa do Mundo. 

Certamente como ora circula na rede.


Não engana
Temos tido uma postura de respeito para com o candidato Aécio Neves. Não por suas propostas, mas por sua coerência. Afinal, como bom tucano  e liderado pelo ideário de FHC  mantém-se na linha das propostas que alimentam o PSDB enquanto governo. 

É o caso de Aécio em relação ao salário mínimo. Ninguém diga que ele engana.

Na mosca I
Ainda repercute a propaganda do PT. O recado não poderia ser mais incisivo, não fora a criatividade. Convocar a lembrança do leitor para comparar o passado recente (tucano) com o mais recente (petista) exige um exame de consciência, no confessionário do travesseiro, na linha do que era antes (pior, essa a mensagem) e o que é hoje (melhor). Assim, o que ‘você’ conquistou (torna o povo partícipe) não pode ser jogado no pântano da incerteza e do retorno a tempos previsíveis. (Deixa na saia justa o tucano Aécio Neves e sua defesa em arrochar o salário mínimo).

Como escrevemos neste espaço (“Direto no fígado”) a oposição ‘caiu no conto’ e reconheceu os efeitos da propaganda, saindo-se com a ideia de que “o medo” fora trazido à tona quando, na verdade, a propaganda petista simplesmente ‘convoca’ o eleitor a preferir entre o período FHC/PSDB e o Lula/PT.

Na mosca II
No confronto desenvolvido no campo da propaganda o candidato Aécio Neves definiu o espaço que, por lógica, lhe cabia no processo eleitoral: o de arauto do antipetismo / antilulismo.

Lançou às traças a imagem de bom moço e assumiu – jogando Eduardo Campos na disputa pelo terceiro lugar – a condição de único e confiável defensor das políticas neoliberais e do enfrentamento ao Governo/PT.

Assumiu-se no alea jacta est, como Cesar no Rubicão, e lançou os dados. O resto reside no que vai conquistar em tempo no horário eleitoral, o palco para levar o personagem a convencer o eleitorado.

Entre tropeços...
Eufórica a oposição na Bahia. Tem certeza na vitória. Ainda que Paulo Souto tropece aqui e ali e guarde cacife (em tropeços) para o horário político.

Exalta a oposição (de Paulo Souto a Geddel Vieira Lima) a violência como pedra de toque para sensibilizar o eleitor, vítima daquela.

O detalhe fica à conta de que dados estatísticos permanecem no tempo e podem negar discursos.

a.M.  d.M.
Prestes a ser publicado  fonte fidedigna nos confirmou a edição no Diário Oficial para os próximos dias  Decreto do Governo Estadual que revolucionará a dimensão econômica da região cacaueira.

Tendo a sustentabilidade como tônica os reflexos já ocorrem, com a valorização das terras de cacau, antes beirando umas poucas moedas por hectare.

Confirmar-se-á o que escrevemos há muito, hipotecando às ações e ideias de Juvenal Maynard e o que estava por vir. Que será o porvir regional. 

Itabuna
A!... Mais pensando em 2016 quando nem ultrapassou 2014. Se é que pode ser afirmado que tenha ultrapassado 2013.

Sexteto do Beco
A rede  apesar de escasso frequentador  nos permite (re)encontrar amigos. Como Sérgio Souto, que nos informa da reedição do antológico "Sexteto do Beco', 34 anos depois do lançamento.

Dele ainda guardamos crítica de Camier, no Paris Magazine: "Dans le genre, c'est ce que j'ai entendu de plus enthousiasment cette année, et ça reste pourtant toujours de la musique que chacun peut assimilier sans le moindre difficultté". 

Ouça o leitor o que tanto 'entusiasmou' a crítica do Paris Magazine, através de "Flutuando" e "Suíte 312" (ambas de Aderbal Duarte).
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A coluna será atualizada no curso do domingo, até que encerrada com a disponibilização do vídeo musical

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