Há poucos meses uma reportagem da Globo pretendeu ouvir uma senhora na Paraíba, sucesso como empreendedora. Havia saído do Bolsa Família para tornar-se empresária, economizando migalhas do programa do Governo Federal com as quais comprava um pintinho num mês, dois em outro... assim acumulando um quintal com mais de 600 poedeiras, o que lhe permitia devolver o 'cartão'.
Naturalmente o fato merecia destaque. Mas o que foi destacado foi a reação da pequena empresária diante do pedido de entrevista: Se for prá falar mal de Lula, nem venha! Com outras palavras, a tradução: não confio no que vocês dizem.
O registro acima se vincula a uma análise (breve e superficial, razão por que não precisa ser admitida): há sinais de que a hegemonia da TV Globo está a existir para as burras da Comunicação do Governo Federal – que a agracia com quase 50% das verbas oficiais – e para os milhares de aparelhos ligados no mantra do plim-plim em antessalas de laboratórios de análise, de consultórios, de restaurantes, de rodoviárias etc. Ainda assim, está naquela de "tô nem aí".
Para o telespectador menos apaixonado há indícios de desgaste no que a platinada oferece em nível de programação, ainda que programas tradicionais como o Globo repórter, o Jornal Nacional e o Fantástico permaneçam na grade. Pode-se presumir que o seja pelo conteúdo da programação em si. Mas – aí nossa especulação – pode estar ocorrendo uma reação tipo a da empreendedora paraibana, cansada de ver uma propaganda contra realizações do Governo Federal que são contrariadas pela realidade.
Os desgastes vão se aprofundando, até mesmo com reações nas ruas aos repórteres, expressão visível e palpável da platinada e tornados vítimas da insatisfação popular para com a empresa. Não dispõe a emissora da credibilidade que já refletiu no passado.
O Notícias da TV, de Daniel Castro, publicou queda na audiência de novelas, traduzida na perda de 11 pontos nos últimos três meses. Assim como a do Fantástico, neste domingo, que quase chegou a ser ultrapassada pelo SBT por volta das 22h12, vencendo o Sílvio Santos por apenas 1 pontinho (12,6 contra 12,5). E chegando a ficar atrás do Domingo Espetacular, da Record, durante 19 minutos.
Em síntese: em nível de Fantástico, o imbatível programa de variedades global durante décadas – perdia apenas para a Casa dos Artistas, de Sílvio Santos, no SBT, em 2001 – onde detinha 40% da audiência para os atuais 14,4 ocorridos no Domingo de Páscoa, segundo Castro.
Pode ser um sinal dos tempos, ou de novos tempos: a Globo não convence como antigamente. Já há quem desconfie de suas 'informações'.
Mas aproveita o poder que ainda possui – a internet está chegando, na esteira do aumento de audiência das TVs a cabo – para evitar o desastre que soa inevitável em arrecadação publictária, se mantido o atual caminhar.
No fundo, no fundo, muito dos ataques da Globo ao Governo Federal se ampara não só em sua natureza de escorpião mas no termo de que políticas públicas na área do controle das comunicações (como parte da frequência de 700 mhz para o poder público, para dar a segurança às polícias etc.) mais definhem sua atual hegemonia.
Ah! E evitar que no futuro mandato presidencial petista tenha suas verbas publicitárias reduzidas à realidade de sua audiência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário