Ponderávamos ontem, neste blog, sobre um típico 'o que será que se destina' para o país, tantos os questionamentos postos por caminhos que entendemos estranhos. Tratávamos na oportunidade de fatos distantes e diversos: de uma mobilização reivindicatória a expressões em casas do Congresso Nacional.
Parece-nos que muito do levado às ruas como reivindicação afina-se com o aproveitar a oportunidade. Um certo carpem diem. O dia é o de hoje, a ação é agora. Menos resultados e mais atuação. O resultado é o futuro (pouco importa que não se materialize), a atuação é o instante. Carpem diem.
E quanto mais nos debruçamos sobre o que anda por aí vamos perdendo a condição de justificar atitudes e comportamentos.
Carlos Chagas – articulista que não demonstra morrer de amores pelo Governo – em artigo publicado na Tribuna da Imprensa on line ("Entre a chantagem e o absurdo", de onde aproveitamos a charge), lembra que "Greve se faz basicamente para reivindicar melhores salários e condições de trabalho. De preferência, contra o patrão. Admite-se, também, a greve política, quando as instituições se encontram em frangalhos".
E prossegue: "Agora, de greve para exigir a formação de um banco de dados unificado ou para a criação de uma carteira de identidade única, como fizeram a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária e as Polícias Civis de 14 estados, nunca se ouviu falar. Além de greves, depredações também estão acontecendo por motivos fúteis. Em Guarulhos invadiram uma loja de fogos de artifício, soltaram foguetes para todo lado, em especial sobre a polícia, e depois informaram estar protestando porque a prefeitura local não implantou um jardim, como prometera".
Naturalmente não deixou de fora a Copa do Mundo. A menina dos olhos de muitos até o último jogo, em julho. "Como se fosse possível desmontar as estruturas materiais e morais erigidas".
Não será exagero concluir que muito do que ora ocorre está vinculado à campanha eleitoral. São criados fatos (factóides) para assegurar espaço e visibilidade a propostas de candidatos. Infelizmente o que menos vemos é proposta nos termos em que dela esperam as massas/povo. Tudo está a girar em torno do ontem e do hoje, tão vazio de ideias o processo eleitoral em curso.
E la nave va. Em busca da utopia, do impossível: ver efetivado em meses o que alguns séculos ainda não conseguiram neste 'país de São Saruê'. E os movimentos todos se unem na desunião de sentido às coisas.
Um filme que se repete. E como história, farsa. Estamos assim, com movimentos para que algo aconteça; se acontecer, porque aconteceu.
A conclusão parece-nos óbvia: em tempo de eleição carpem diem.
No fundo, que falta faz um Carnaval diário!
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