O brejo é meu, ninguém tasca
Processo eleitoral é uma caixinha de segredos, ás vezes bem administrado por "cientistas" que vasculham virtudes de seus orientados e defeitos de adversários. A imagem do candidato é trabalhada conforme o deseje o povo, fato levantado adredemente através de pesquisas de opinião.
Muitos têm sua figura transformada inteiramente. Em muito convence, especialmente quando ocorre em nível estadual e nacional. Ao que parece, em nível municipal a coisa fica mais exposta, em especial nas localidades onde as avaliações e informações divulgadas tendem a não superar a realidade efetivamente conhecida de perto pelo eleitor.
Assim, construir imagem em São Paulo será diferente de fazê-lo em Itororó, Buerarema, Itajuípe ou mesmo Itabuna.
Uma surpresa para nós, na eleição municipalizada de Itabuna, está justamente na difícil situação a que chegou Juçara. E não o vemos tão só pela circunstância de ter se tornado candidata como "vitória" do marido que controla o partido. E mesmo a presença dele, Geraldo Simões, como guru e mago da condução do processo não permitia, de início, visibilizar a que ponto tudo chegaria.
O quadro, no entanto, é desalentador. Caminhando para uma acachapante (não)densidade eleitoral que nunca seria imaginada no início da campanha.
E o descontrole é tal que todas as armas são utilizadas para betumar o rombo no barco quando o betume é pouco, escasso, sem fornecedor para repor o que utiliza na calafetação. Resultado: aumentando a água, para salvar do naufrágio os ocupantes, só jogando o bote, que não comporta espaço para a mercadoria transportada. Salvar-se-ão, em frangalhos, os integrantes (candidatas) mas não a mercadoria (eleitores e votos).
Todo o dito vem a propósito de uma ironia cabível ao "clamor" e "indignação" buscados como betume para tapar o rombo: a agressão ao gênero.
Para quem não quer perder a oportunidade do oba-oba com a "vaca foi pro brejo", agora encorpado com figuras de mais expressão lá fora e quase nenhuma aqui, queremos ver a defesa de Juçara como justa, à luz do direito de propriedade, tendo o "brejo" como objeto do negócio: o "brejo" é dela, por direito de conquista. Ninguém pode, por direito, ocupá-lo, muito menos indicado e incentivado por terceiro.
O "brejo eleitoral" é dela, sim. Desde o primeiro instante em que esteve à disposição.
Parodiando a partir de antigos carnavais, bem se aplica ao caso concreto o "Ninguém tasca", de Pedrinho Rodrigues, "o brejo é meu, ninguém tasca, eu vi primeiro".
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