De Dilma
Pelo menos até esse instante é o que podemos afirmar: a Presidente Dilma Rousseff é a grande vitoriosa no imediato do clamor (e exageros) oriundo das ruas. Tocou na ferida que incomoda a população que discute ou imagina encontrar com suas observações caminhos para mudanças no Brasil.
A proposta de convocação de um plebiscito atrai para o palco o próprio povo, que tem sido apenas plateia, quando não só a turma do gargarejo no auditório.
Talvez aí a maior razão para assustar muita gente. Afinal, não estamos habituados - não tem sido de nossa tradição - consultar o povo em temas que têm estado restritos à classe política (por excelência a natural representante).
Nossa decantada "Constituição Cidadã" - como a nominou Ulisses Guimarães - à guisa de exemplo, não teve origem das discussões de uma constituinte originária, mas de um congresso nela transformado. Ou seja, deputados federais e senadores eleitos para desempenho de função infraconstitucional foram transformados em responsáveis por elaborar uma nova Carta para o País. Nesse particular, o povo não os elegera para tal mister.
Ultrapassadas essas considerações retornamos ao olhar visionário da Presidente Dilma quando reconhecendo a força das ruas e o que de bom ocorria em nível de proposição popular, e vendo dentre as mazelas a angústia refletida pelo povo em relação à classe política, levanta as instituições em torno do tema que, ainda que reiteradamente levado à discussão do próprio Congresso, não tem nele encontrado ressonância ou solução por aqueles que se dizem representantes e voz da população.
Convocar o povo! A iniciativa agitou as discussões, tornou-se tema na ordem do dia. Mais que a forma que a legitime - plebiscito convocando constituinte exclusiva para o tema ou deslanche pelas Casas do Congresso - o importante é que a reforma política (afinal, esperamos que não fique somente na eleitoral) ocupe os noticiários, se torne debate em mesa de bar, no balcão do cafezinho, no carrinho do cachorro-quente ou do espetinho, no almoço, no jantar.
Que envolva o aperfeiçoamento das discussões. Que jovens e adultos a elas se entreguem.
Caso nada mais houvesse aí já residiria a vitória de Dilma. Com um detalhe que muitos evitem enxergar: ela liderando a condução.
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