segunda-feira, 7 de abril de 2014

Falta combinar

Com alguém
Famoso no anedótico futebolísitco o fato, talvez lenda, de que Vicente Feola, então técnico da seleção brasileira de 1958, fazia a preleção antes do jogo com a Rússia, e determinava a cada um o que devia fazer em campo. Atribuída a Garrincha e sua ingenuidade a pergunta: “‘Seu’ Feola, o senhor já combinou com os russos?”

Registramos ontem no DE RODAPÉS E DE ACHADOS (“Vale tudo real”) o fato de que antes mesmo que a pesquisa Datafolha entrasse em campo (entre os dias 2 e 4) já havia sido publicado por um tal Informany na terça (1º) que o instituto divulgaria “pesquisa eleitoral no próximo sábado e promete agitar o mercado. Flagrante a antevisão do resultado. Ou seja, não havia como dar errado.

Mais foi expressado no rodapé, a partir de outras leituras: a entrevista “cansaria” o entrevistado com 47 perguntas sobre temas que vêm saturando o telespectador e ouvinte – Petrobras, Passadena, inflação, violência, saúde etc.  Até que, devidamente lavado, respondesse sobre as intenções de voto para presidente da República, as últimas indagações.

O método é por demais conhecido. E já chegou a ser alvo da então Procuradora-Eleitoral Sandra Cureau, em 2010, em relação ao Sensus, que se utilizara do mesmo processo em pesquisa de intenção de voto.

Nada estranho que o faça o Datafolha, instituto que responde aos interesses do Grupo Folha, em nada comprometidos com a verdade factual, mas em se utilizar dos meios de que disponha para fazer a sua política e defender os seus candidatos, ainda que se diga imbuído da mais pura isenção.

No entanto, quando os resultados (ainda que manipulados pela ‘lavagem’) chegam a público trazem a realidade escondida, a verdade não manipulável. Claro que o objetivo maior foi alcançado: “agitar o mercado”, amparado na queda das intenções de voto em Dilma Rousseff.

Ocorre que, tantos foram os pontos perdidos – seis, que representam em torno de 14% sobre os 44% que Dilma detinha em pesquisa anterior do mesmo instituto – que de imediato leva o observador a buscar quem (qual ou quais) dos candidatos se beneficiou da redução. Verifica, então, que nenhum dos postos em campo foi beneficiado, tanto que a Presidente se reelegeria ainda no primeiro turno. Não posta como candidata neste instante, no entanto, se levada à candidatura no lugar de Campos, Marina Silva conquistaria parte da perda de Dilma.

Sinal claro: somente Marina conquista votos tirados de Dilma Rousseff. Então nos vem o pulo do gato, se não estamos enganado. Quem levaria a eleição a um segundo turno? Marina Silva, se candidata no lugar de Eduardo Campos.

Como fundamental para a oposição e seus acólitos (entre eles parte considerável da imprensa, com destaque para Folha, Estadão, Globo, Estado de Minas e quejandos) é que venha a ocorrer um segundo turno como tábua de salvação fica um cheiro no ar de que a “lavagem” que enseja a ‘manipulação’ do resultado esteja voltada para que o PSB tenha Marina Silva como cabeça de chapa.

Falta perguntar a Eduardo Campos o que acha disso! E mais: se concorda.


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