Global
Não se negue a
capacidade técnica da televisão Globo. Seu padrão é por demais respeitado e
tornou-se paradigma para muito do que se faz na telinha brasileira. Seguir-lhe
a trilha tornou-se, nesta “terra de São Saruê”, sinal de inteligência de
cultura técnico-televisiva. Também não se lhe negue a importação de formatos, em
detrimento do desenvolvimento de uma produção autóctone – observada aí no plano
de valores tipicamente brasileiros – em muito utilizados desde os primórdios da
emissora.
O mal de tenra
infância da Globo ocorreu pelo viés de servir ao poder. Nasceu servida pelo Estado
para contrapor-se a qualquer outro sistema. Tanto assumiu o compromisso que
hoje costuma ser brindada com a nada augusta expressão “A verdade é dura, a
Globo apoiou a ditadura”.
Ultrapassada a fase dos ditos anos de chumbo não se afastou de servir ao poder, como mais dedicação do que Jacó a Labão “pai de
Raquel, serrana bela”. No caso da Globo não servia por ela mas ao que através
dela pretendia e conseguia. A fortuna dos atuais filhos de Roberto Marinho bem
o diz.
Uma ruptura – ou retorno
às origens, caso tomemos a vocação atual como aquela que o grupo manifestava
antes do golpe civil/militar – retoma a telinha, em dimensão orgástica quando
por tema do “J’Acuse” o poder atual.
A campanha cerrada que vem fazendo ao
Governo Federal – naturalmente em sua versão petista – não é criticável por
ocorrer, mas por ultrapassar os limites da informação isenta.
Mas, faz parte de sua
natureza, adquirida em tempos de chumbo, quando aliada da ditadura militar, à
qual ajudou no tempo em que o grupo limitava-se a jornal e rádio, buscando uma
estação de TV. Habituou-se a Globo a ser ‘poderosa’, a impor seu ponto de
vista, arvorada na capacidade de botar e tirar governantes (clássico caso o de Collor).
Para quem analise as
contradições postas em diferentes instantes de noticiário haverá de perceber
que a manipulação da informação é flagrante e que nela há objetivo
político-eleitoral.
A utilização do “axioma” ricuperino - através dela vazado em madrugada - o que é ruim deve ser mostrado à exaustão e o que é bom será escondido
vai chegando a paroxismos tais – quando os interesses da platinada emergem – como
semantizar racionamento no
fornecimento de água em São Paulo com rodízio, a mais recente expressão de sua inovação estilística.
O rodízio é justamente
a expressão da materialização do racionamento. Mas não é assim que o Jornal
Nacional mostra a realidade.
A edição desta quinta
10 beirou a hilaridade, quando usou como destinatário da panaceia a defesa da
incompetência da gestão tucano-paulista no affair
reservatório da Cantareira.
A muito bem elaborada
edição pautou a ‘maravilha’ de aprender a economizar água, de descobrir
vazamentos, de aplaudir a pouca água que chega nas torneiras etc. Uma gente
lavando roupa uma vez por semana ‘feliz’ com tudo aquilo. E por aí...
Só faltou aparecer
faixa aplaudindo o governador Geraldo Alckmin pelo racionamento – ops!, ‘rodízio’.
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