sexta-feira, 18 de abril de 2014

O preferido


É o cabo eleitoral
Não sabemos de, nem elaboramos, seu mapa astrológico, mas não se negue que a presidente Dilma Rousseff anda em fase de inferno astral. As pesquisas vêm lhe apresentando quedas seguidas nas intenções de voto, avaliação do governo e popularidade. 

Não que representem algo confiável neste instante. (Não se pode crer que uma determinada avaliação tenha seus resultados previamente anunciados – como tem ocorrido através de um tal de Informany* – antes mesmo de a pesquisa entrar em campo, como já ocorreu). Mas - de concreto - planejado, sério ou não o resultado alimenta todo tipo de especulação.

Não fora isso, ainda que seu governo apresente avanços significativos dentro do projeto de administração, desde aqueles no âmbito das políticas sociais aos de infraestrutura, o observador mais atento pode deduzir que Dilma Rousseff parece demonstrar ‘cansaço’ diante de tudo. Aquela mulher forte, gerente, sinaliza humores diversos à adjetivação.

Tida como centralizadora, no caso da refinaria de Pasadena cometeu um deslize imperdoável em política, porque dirigente: afirmou ter autorizado a compra ‘enganada’ pelas informações. Não foi uma declaração feliz, tampouco oportuna. Jogou gasolina na fogueira acesa pela oposição e deu noticiário para o resto do ano à imprensa que faz oposição ao Governo, não fora significativo tablado para a campanha eleitoral (que já começou) onde, nesse instante, só faz apanhar.

O discurso de Dilma que assistimos na inauguração e assinatura de ordens de serviço no interior de Pernambuco refletiu o cansaço de que falamos acima. Não um cansaço que pode ter sido reflexo da viagem (já havia passado por Recife) mas por uma fala pausada em demasia, com lacunas aqui e ali na prestação de contas a que se propunha, que permite levantar a hipótese de que apenas cumpre com a obrigação institucional, destituída de qualquer compromisso político.

Falta-lhe jogo de cintura para transitar com a classe política no Congresso. O velho companheiro já dissera em instante não tão pretérito para ser esquecido que por lá andavam “300 picaretas”. O ‘companheiro’ da base, deputado Eduardo Cunha (PMDB) é o exemplo mais visível deste instante. E para demonstrar que Lula tinha razão, em torno dele (Eduardo Cunha) se reúne um “blocão” para atanazar a vida do governo. 

A casca de banana mais recente foi a inclusão de uma emenda por Eduardo Cunha na MP 627 (que objeta tratar da tributação dos lucros de empresas brasileiras no exterior) que simplesmente anistia multas de planos de saúde que, caso o governo venha a não vetar, trará um prejuízo de 2 bilhões de reais aos cofres públicos.

Singular afirmativa – para ilustrar este instante – a de Luiz Tito, n’ O Tempo: “Dilma, podemos escrever, não disputará essas eleições. Ela sabe disso.” O articulista não afirma, mas escreve. Se escreve encontra elementos. Especulação que seja, ou mesmo intriga de adversário, reflete o que anda ocorrendo.

No processo eleitoral de 2014, com a oposição capengando, sem as muletas que a permitam andar, certamente o maior adversário de Dilma Rousseff é Dilma Rousseff. Ela entendida como governo, como vidraça de tudo que assessores fazem. Inclusive da atuação infiltrada em órgãos da administração pública federal de ações tipicamente políticas.

Não se diga que há falência de material no que diz respeito à candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. Mas que há muita gente torcendo há. E não se imagine que seja da oposição, que a prefere a Lula. Que dela é um cabo eleitoral de ninguém jogar fora.

Mas não se despreze preferências. Sabe a presidente Dilma Rousseff que o preferido é o cabo eleitoral.

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* Da redação do blog:
Aquele "tal de Informany" é propriedade de grupos estrangeiros vinculados ao óleo e ao gás. Ou seja, à turma do petróleo que ainda sonha em ter inteiramente a Petrobras (leia-se, pré-sal).

São eles o grupo estadunidense General Atlantic e o inglês Actis Private Equity.

Para o leitor compreender a jogada acompanhe a variação dos papeis da Petrobras na Bolsa quando há uma 'antecipação' do resultado de uma pesquisa.


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